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Ela respondeu com gratidão: — Oh, sim, James. Se você apenas me mostrasse... — E logo começou a desabotoar a saia.

Bond pensou em tomá-la nos braços e beijá-la, mas, ao invés disso, disse abruptamente: — ótimo, Honey — e, adiantando-se para o banheiro, abriu as torneiras.

Havia de tudo naquele banheiro: essência para banhos Floris Lime, para homens, e pastilhas de Guarlain para o banho de senhoras. Esfarelou uma pastilha na água e imediatamente o banheiro perfumou-se como uma loja de orquídeas. O sabonete era o Sapoceti de Guarlain “Fleurs des Alpes”. Num pequeno armário de remédios, atrás de um espelho, em cima da pia, podiam-se encontrar tubos de pasta, escovas de dente e palitos “Steradent”, água “Rose” para lavagem bucal, aspirina e leite de magnésia. Havia também um aparelho de barbear elétrico, loção “Lentheric” para barba, e duas escovas de náilon para cabelos e pentes. Tudo era novo e ainda não tinha sido tocado.

Bond olhou para o seu rosto sujo e sem barbear, no espelho, e riu sardonicamente para os próprios olhos, cinzentos, de pária queimado pelo sol. O revestimento da pílula certamente que era do melhor açúcar. Seria inteligente esperar que o remédio, no interior daquela pílula, fosse dos mais amargos.

Tocou a água, com a mão, a fim de sentir a temperatura. Talvez estivesse muito quente para quem jamais tinha tomado antes um banho quente. Deixou então que corresse um pouco mais de água fria. Ao inclinar-se, sentiu que dois braços lhe eram passados em torno do pescoço. Endireitou-se. Aquele corpo dourado resplandecia no banheiro todo revestido de ladrilhos brancos. Ela beijou-o impetuosamente nos lábios. Ele passou-lhe os braços à volta da cintura e esmagou-a de encontro a seu corpo, com o coração aos pulos. Ela disse sem fôlego, ao seu ouvido: — Achei estranhas as roupas chinesas, mas de qualquer maneira você disse à mulher que nós éramos casados.

Uma das mãos de Bond estava pousada sobre o seu seio esquerdo, cujo mamilo estava completamente endurecido pela paixão. O ventre da jovem se comprimia contra o seu. Por que não? Por que não? Não seja tolo! Este é um momento louco para isso. Vocês dois estão diante de um perigo mortal. Você deve continuar frio como gelo, para ter alguma possibilidade de se livrar dessa enrascada. Mais tarde! Mais tarde! Não seja fraco.

Bond retirou a mão do seio dela e espalmou-a à volta de seu pescoço. Esfregou o rosto de encontro ao dela e depois aproximou a boca da boca da jovem e deu-lhe um prolongado beijo.

Afastou-se depois e manteve-a à distância de um braço. Por um momento ambos se olharam, com os olhos brilhando de desejo. Ela respirava ofegantemente, com os lábios entreabertos, de modo que ele podia ver-lhe o brilho dos dentes. Ele disse com a voz trêmula: — Honey, entre no banho antes que eu lhe dê uma surra.

Ela sorriu e sem nada dizer entrou na banheira e deitou-se em todo seu comprimento. Do fundo da banheira ergueu os olhos para ele. Os cabelos louros, em seu corpo, brilhavam como moedas de ouro. Ela disse provocadoramente: — Você tem que me esfregar. Não sei como devo fazer, e você terá que mostrar-me.

Bond respondeu desesperadamente: — Cale a boca, Honey, e deixe de namoros. Apanhe a esponja, o sabonete e comece logo a se esfregar. Que diabo! Isso não é o momento de se fazer amor. Vou tomar o meu desjejum. — Esticou a mão para a porta e segurou na maçaneta. Ela disse docemente: — James! — Ele olhou para trás e viu que ela lhe fazia uma careta, com a língua de fora. Retribuiu com uma careta selvagem e bateu a porta com força.

Em seguida, Bond dirigiu-se para o quarto de vestir e deixou-se ficar durante algum tempo, de pé, no centro da peça, esperando que as batidas de seu coração se acalmassem. Esfregou as mãos no rosto e sacudiu a cabeça, procurando esquecê-la.

Para clarear a mente, percorreu ainda cuidadosamente as duas peças, procurando saídas, possíveis armas, microfones, qualquer coisa enfim que lhe aumentasse o conhecimento da situação em que se achava. Nada disso, entretanto, pôde encontrar. Na parede havia um relógio elétrico que marcava oito e meia e uma série de botões de campainhas, ao lado da cama de casal. Esses botões traziam a indicação de “Sala de serviço”, “cabeleireiro”, “manicure”, “empregada”. Não havia telefone. Bem no alto, a um canto de ambas as peças, viam-se as grades de um pequeno ventilador. Cada uma dessas grades era de dois pés quadrados. Tudo inútil. As portas pareciam ser feitas de algum metal leve, pintadas para combinarem com as paredes. Bond jogou todo o peso de seu corpo contra uma delas, mas ela não cedeu um só milímetro. Bond esfregou o ombro. Aquele lugar era uma verdadeira prisão. Não adiantava discutir a situação. A armadilha tinha-se fechado hermèticamente sobre eles. Agora, a única coisa que restava aos ratos era tirarem o melhor proveito possível da isca de queijo.

Bond sentou-se à mesa do desjejum, sobre a qual estava uma grande jarra com suco de abacaxi, metida num pequeno balde de prata cheio de cubos de gelo. Serviu-se rapidamente e levantou a tampa de uma travessa. Ali estavam ovos mexidos sobre torradas, quatro fatias de toucinho defumado, um rim grelhado e o que parecia quatro salsichas inglesas de carne de porco. Havia também duas torradas quentes, pãezinhos conservados quentes dentro de guardanapos, geléia de laranja e morango e mel. O café estava quase fervendo numa grande garrafa térmica, e o creme exalava um odor fresco e agradável.

Do banheiro vinham as notas da canção “Marion” que a jovem estava cantarolando. Bond resolveu não dar ouvidos à cantoria e concentrou-se nos ovos.

Dez minutos depois, Bond ouviu que a porta do banheiro se abria. Descansou uma torrada que tinha numa das mãos e cobriu os olhos com a outra. Ela riu e disse: — Ele é um covarde. Tem medo de uma simples jovem. — Em seguida Bond ouviu-a a remexer nos armários. Ela continuava falando, em parte consigo mesma: — Não sei porque ele está assustado. Naturalmente que se eu lutasse com ele facilmente o dominaria. Talvez esteja com medo disso. Talvez não seja realmente muito forte, embora seus braços e peito pareçam bastante rijos. Contudo, ainda não vi o resto. Talvez seja fraco. Sim, deve ser isso. Essa é a razão pela qual não ousa despir-se na minha frente. Hum, agora vamos ver, será que ele gostaria de mim com essas roupas? — Ela elevou a voz: — Querido James, você gostaria de me ver de branco, com pássaros azul-pálido esvoaçando sobre o meu corpo?

— Sim, bolas! Agora acabe com essa conversa e venha comer. Estou começando a sentir sono.

Ela soltou uma exclamação: — Oh, se você quer dizer que já está na hora de irmos para a cama, naturalmente que me apressarei.

Ouviu-se uma agitação de passos apressados e Bond logo a via sentar-se diante de si. Ele deixou cair as mãos e ela sorriu-lhe. Estava linda. Seu cabelo estava escovado e penteado de um dos lados caindo sobre o rosto, e do outro com as madeixas puxadas para trás da orelha. Sua pele brilhava de frescura e os grandes olhos azuis resplandeciam de felicidade. Agora Bond estava gostando daquele nariz quebrado. Tinha-se tornado parte de seus pensamentos relativamente a ela, e subitamente lhe ocorreu perguntar-se por que estaria ele triste quando ela era tão imaculadamente bela quanto tantas outras lindas jovens. Sentou-se circunspectamente, com as mãos no colo, e a metade dos seios aparecendo na abertura do quimono.

Bond disse severamente: — Agora, ouça, Honey. Você está maravilhosa, mas esta não é a maneira de usar-se um quimono. Feche-o no corpo, prenda-o bem e deixe de tentar parecer uma prostituta. Isso simplesmente não são bons modos à mesa.

— Oh, você não passa de um boneco idiota. — E ajeitou o quimono, fechando-o um pouco, em uma ou duas polegadas. — Por que você não gosta de brincar? Gostaria de brincar de estar casada.

— Não à hora do desjejum — respondeu Bond com firmeza. — Vamos, coma logo. Está delicioso. De qualquer maneira estou muito sujo, e agora vou fazer a barba e tomar um banho. — Levantou-se, deu volta à mesa e beijou-lhe o alto da cabeça. — E quanto a essa história de brincar, como você diz, gostaria mais de brincar com você do que com qualquer outra pessoa do mundo. Mas não agora. — Sem esperar pela resposta, dirigiu-se ao banheiro e fechou a porta.