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Todos cantavam juntos, agora: o homem, o menino e a sereia. Cantaram “The Lady is a Tramp” e “Yellow Submarine”. Depois Marcus ensinou à sereia a letra da música-tema dos Flintstones.

— Ele me lembra você. Quando era pequeno — disse a sereia para Charlie.

— Você me conhecia?

Ela sorriu.

— Você e o seu pai costumavam andar pela praia. O seu pai era um autêntico cavalheiro.

E ela suspirou. Sereias suspiram melhor que ninguém. Continuou:

— E melhor vocês voltarem. A maré já vai subir.

Puxou seus longos cabelos para trás da cabeça e, com um movimento rápido, mergulhou no oceano. Ergueu a cabeça sobre as ondas, tocou os lábios com as pontas dos dedos e mandou um beijo para Marcus antes de desaparecer debaixo d’água.

Charlie colocou o filho sobre os ombros e caminhou pela água, de volta para a praia. Seu filho escorregou de seus ombros e foi para a areia. Charlie tirou o velho chapéu panamá e o colocou sobre a cabeça do filho. Era grande demais para o menino, mas ainda assim o fez sorrir.

— Ei, você quer ver uma coisa? — perguntou Charlie.

— Quero. Mas quero tomar café-da-manhã. Quero comer panqueca. Não, quero mingau de aveia. Não... quero panqueca.

— Olha só.

Charlie começou a fazer uma dancinha, descalço, passos arrastados pela areia.

— Eu sei fazer isso — disse Marcus.

— Sério?

— Fica olhando, pai.

Ele também conseguia.

Juntos, o homem e o menino dançaram pela areia, de volta para casa, cantando uma canção sem palavras que inventavam enquanto dançavam, a qual ficou no ar bem depois de entrarem para tomar o café-da-manhã.

Agradecimentos

Para começar, um enorme buquê de flores para Nalo Hopkinson, que revisou os diálogos dos caribenhos e não apenas me informou o que eu precisava corrigir como também sugeriu métodos de correção. E outro para Lenworth Henry, que estava lá no dia em que inventei tudo, e cuja voz eu escutava no fundo da minha mente enquanto escrevia o livro (foi por isso que fiquei encantado ao saber que seria ele o narrador do áudio book).

Como aconteceu com o meu último romance adulto, Deuses Americanos, tive dois esconderijos para escrever este livro. Comecei a escrevê-lo na casa de temporada de Tori na Irlanda, e lá o terminei. Ela é uma anfitriã muito gentil. No meio do livro, com a permissão dos furacões, trabalhei na casa de temporada de Jonathan e Jane na Flórida. E ótimo ter amigos que têm mais casas do que corpos, principalmente se ficam felizes em partilhá-las com você. No restante do tempo, eu escrevia no café da esquina, onde bebi xícara atrás de xícara de um chá horrível, numa demonstração um tanto patética de “a esperança venceu o medo”.

Roger Forsdick e Graeme Baker cederam parte de seu tempo para responder às minhas perguntas sobre polícia, fraude e tratados de extradição. Roger também me levou para visitar prisões, para jantar e deu uma olhada no manuscrito final. Fico muito grato a eles.

Sharon Stiteler ficou de olho no livro para se certificar de que os pássaros estavam representados de modo convincente, e também solucionou minhas dúvidas quanto a eles.

Pam Noles foi a primeira pessoa a ler um pouquinho do livro, e suas respostas me deram ímpeto para continuar. Houve também um pequeno grupo de pessoas que cedeu ao livro seus olhos, suas mentes e suas opiniões. Dentre elas, Olga Nunes, Colin Greenland, Giorgia Grilli, Anne Boby, Peter Straub, John M. Ford, Anne Murphy e Paul Kinkaid, Bill Stiteler e Dan e Michael Johnson. Os prováveis erros de fato ou opinião são meus, não deles.

Agradeço também a Ellie Wylie, Thea Gilmore, As Damas do Lakeside, à srta. Holly Gaiman, que aparecia para ajudar sempre que decidia que eu precisava de uma filha sensata por perto, aos Petes da Hill House, editores, a Michael Morrison, Lisa Gallagher, Jack Womack, Julia Bannon e Dave McKean.

Jennifer Brehl, minha editora da Morrow, foi a pessoa que me convenceu de que a história que lhe contara durante um almoço daria um bom romance numa época em que eu não tinha muita certeza de como meu próximo livro seria. Ela ouviu pacientemente quando liguei para ela certa noite e li a primeira terça parte do livro pelo telefone. Só por essas coisas já deveria ser canonizada. E Jane Morpeth, da Headline, é o tipo de editora que os escritores esperam um dia ter se forem bons meninos e comerem as verduras. Merrilee Heifetz, da Writers House, com a assistência de Ginger Clark e, no Reino Unido, Dorie Simmonds, são meus agentes literários. Tenho muita sorte por tê-los ao meu lado. Sei bem a sorte que tenho.

Jon Levin me deu uma força quando o assunto era o mundo do cinema. Minha assistente, Lorraine, ajudou com o texto e me fez xícaras de um excelente chá.

Acho que não teria conseguido inventar Fat Charlie se não tivesse um pai maravilhoso e constrangedor, e também filhos maravilhosos que deixo constrangidos. Um viva às famílias.

E um agradecimento final a algo que nem mesmo existia quando escrevi Deuses Americanos, aos leitores do diário no site www.neilgaiman.com, que estiveram ao meu lado sempre que eu precisei de alguma informação e que sabem tudo o que alguém precisa saber.

Neil Gaiman Junho de 2005