Выбрать главу

Servirá para explorar uma parte da superfície de Tellus.

— Isto é necessário? — perguntou Louis.

— Certamente. Não ignora que nossos recursos são bastante precários e o resto de minério de ferro da mina é suficiente apenas para dois anos, se não o utilizarmos em demasia. A planície e os pântanos que nos rodeiam são muito pouco propícios para a descoberta de depósitos de minérios. Seria necessário ir até as montanhas. Talvez ali encontremos também árvores suficientes, para fornecer-nos madeira de construção sem que tenhamos que destruir os bosques que nos restam, os que não estão sobrando.

Talvez ali descubramos animais úteis, carvão. Quem sabe? Talvez também um local sem hidras. É pouco provável que se afastem dos pântanos.

— Quanto diesel pensas em gastar?

— Quanto consome o menor caminhão?

— Vinte e dois litros a cada cem Km. Carregado e em terreno desigual, pode chegar a gastar trinta.

— Suponhamos que eu leve 1.200 litros. Isto me proporcionará um raio de ação de 2.000 quilômetros. Não me distanciarei tanto, porém tenho que contar com os desvios.

— De quantos homens precisas?

— Sete, contando comigo. Penso em levar Beltaire, a quem ensinei a reconhecer os principais minerais. Michel, se quiser ir.

— Com certeza! Sou voluntário. Afinal farei astronomia «sobre o terreno».

— Tu me serás útil, especialmente para marcar o lugar com os dados topográficos.

No que respeita aos outros membros, verei depois.

O projeto foi aceito por unanimidade, exceto por um voto, o de Charnier.

No dia seguinte, Estranges pôs os operários a trabalhar para transformar o caminhão convenientemente. Escolhemos um caminhão de plexiglas, provenientes da reserva do observatório. O sistema de fechamento das portas foi reforçado com placas de duralumínio, podendo-se, em caso necessário, obstruir as janelas. Uniu-se a plataforma com a cabine, sendo aquela alargada e transformada em moradia. Os arcos de aço foram recobertos de espessas placas de duralumínio Uma cúpula superior albergou uma metralhadora de 20mm, cuja abertura era feita com um sistema de pedais.

Devíamos levar, além disso: 30 foguetes de 1.10m, de longo alcance, dois fuzismetralhadora e quatro fuzis de repetição. A metralhadora foi aprovisionada com 800 cartuchos, os fuzis_metralhadora com 600 e os fuzis de repetição com 400. Seis tambores de 200 litros continham nosso diesel. Seis catres subrepostos em séries de três, uma pequena mesa dobrável, umas caixas cheias de víveres, utilizadas também como assentos; instrumentos explosivos, ferramentas,um tambor de água potável, um pequeno aparelho de radio emissor-receptor, acabaram de obstruir o reduzido espaço, no interior, até o teto.

O habitáculo estava iluminado por duas lâmpadas e três janelas obturáveis. Uns disparadores permitiam atirar deste o interior. No teto, ao redor da cúpula, colocaram seis pneus novos. O motor foi totalmente revisado, e assim tive à minha disposição um veículo temível, bem armado, capaz de desafiar às hidras, possuindo, em combustível, uma autonomia de 4.000 quilômetros, e em víveres, de vinte e cinco dias.

No teste na estrada, obtivemos facilmente uma média de 60km/h. Em terreno desigual não se podia contar com mais de 30.

Também me ocupei da composição da equipe. Deveria compreender:

Chefe da missão e geólogo: Jean Bournat.

Chefe de campo: Breffort.

Zoólogo e botânico: Vandal.

Navegador: Michel Sauvage.

Exame de terrenos e minerais: Beltaire.

Mecânico e radio: Paul Schoeffer.

Este último, antigo mecânico aviador, era um amigo de Louis.

Não sabia como escolher o último expedicionário. Havia pensado em Massacre, mas sua presença era igualmente indispensável no povoado. Deixei minha lista incompleta em cima da mesa. Quando regressei encontrei-a concluída com a atrevida letra de Martina: Cozinheiro e enfermeiro: Martina Sauvage.

Apesar de todos meus pedidos e os do seu irmão, foi impossível dissuadi-la. Como era robusta, valente e excelente atiradora, não fiquei muito preocupado em ceder.

Por outro lado, eu estava convencido de que nosso «tanque» nos oferecia o máximo de segurança.

Realizamos nosso últimos preparativos. Cada um colocou como pôde alguns livros ou objetos pessoais que queria levar. Tomamos posse dos nossos catres. Havia mais de 60cm de separação entre eles. Martina ficou no mais alto à direita, eu no mais alto à esquerda. Abaixo de mim, Vandal e Breffort e abaixo dela, Michel e Beltaire.

Schoeffer teria que deitar no banco do condutor, sendo a cabine suficientemente larga para seus 1,60m. Instalamos também um ventilador, por causa da temperatura, que prometia ser incomodativa. Um tampa se abria em um dos lados da cúpula, o que nos permitia subir ao teto. Porém, ao menor perigo, todo mundo deveria entrar imediatamente.

Cada um tomou seu lugar, numa madrugada azul. Eu empunhei o volante, com Michel e Martina ao meu lado. Vandal, Breffort e Schoeffer subiram ao teto. Beltaire estava no posto da metralhadora, na torre, em comunicação comigo por telefone. Eu me havia assegurado de que cada um de nós, inclusive Martina, era capaz de dirigir, atirar com a metralhadora e reparar as avarias mais frequentes.

Depois de haver estreitado a mão de nossos amigos e abraçado ao meu tio e ao meu irmão, pus o motor em marcha. Rodamos em direção ao castelo. Na torre, Beltaire agitou a mão por longo tempo, em resposta ao lenço de Ida. Eu estava exultante e feliz, cantando a plena voz. Passamos sobre as ruínas, bordejamos a via férrea e, por uma nova estrada que havíamos construído, — uma pista melhor — chegamos à mina de ferro. Tive a satisfação de encontrar os observadores nos seus postos. Alguns operários iam e vinham antes de começar o trabalho, outros comiam algo. Trocamos sinais amistosos. Depois começamos a rodar na planície, entre as ervas telurianas.

A princípio, espaçadamente, vimos algumas plantas terrestres. Desapareceram logo. Uma hora mais tarde passamos sobre os últimos vestígios dos meus reconhecimentos.

E adentramos o desconhecido.

Um ligeiro vento do Oeste ondulava a vegetação que passava soba o caminhão, com um suave rumor. O solo era firme e muito plano. A savana cinzenta estendia-se até o infinito. Algumas nuvens brancas — nuvens «normais», falou Michel — flutuavam para o Sul.

— Em que direção vamos? — perguntou Michel, que havia disposto sobre uma pequena prateleira os instrumentos de que precisava para seu papel de navegante inverso, com relação à Terra — a ponta do compasso que na Terra indica o Norte, aqui aponta para o Sul. — O magnetismo de Tellus é constante, e nossas bússolas funcionavam perfeitamente.

— Primeiro em frente, para o Sul depois para o Sudoeste. Com isto rodearemos o pântano. Ao menos assim espero. Depois para as montanhas.

Ao meio-dia fizemos alto. Tomamos nossa primeira refeição «à sombra do caminhão», como disse Paul, sombra é coisa inexistente. Afortunadamente soprava um vento suave. Enquanto bebíamos alegremente uma garrafa de bom vinho, as ervas ondularam, e uma enorme víbora apareceu. Sem duvidar um momento, seguiu reta e afundou suas mandíbulas no pneu esquerdo dianteiro, que emitiu um chiado característico.

— Santo Deus! — exclamou Paul, que saltou para o caminhão, saindo com um machado.

Incentivado pelo «Esquarteja-a» de Vandal, assestou na besta um golpe tão furioso que a partiu em duas e o metal do machado afundou no solo até a empunhadura.

Nós morríamos de rir.

— Acho que esta víbora não achou esta presa suculenta, — disse Michel, esforçandose em abrir-lhe as mandíbulas.

Foi necessário empregar uma pinça. Desmontado o pneu, verificamos que os sucos digestivos do animal eram tão poderosos que a câmara de ar esta dissolvida e a borracha corroída — Minhas desculpas, — disse Michel, voltando-se para os restos do animal. — Acho que ela poderia comer a borracha!