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Conhecendo o caráter vingativo e absolutamente desapiedado de nossos aliados, pensei imediatamente nas granjas americanas existentes ao largo da fronteiras e no que poderia ocorrer dentro de poucas horas. Por helicóptero, mandei um mensageiro a Vzlik, rogando-lhe que esperasse um dia e, rodeado pelo Conselho, foi à emissora de radio entrar em contado com New-Washington.

Os acontecimentos se precipitaram. Quando chegamos, o encarregado da radio estendeu— me uma mensagem: O destroier americano bombardeava Porto do Oeste. O Temerário e o Surcouf respondiam. Para estarmos prontos para qualquer eventualidade, lançou-se uma ordem de mobilização. Os aviões deveriam estra prontos para decolar, com as armas carregadas e os tanques cheios.

Por radio, suplicamos ao governo americano suspender as hostilidades e aguardar a chegada de plenipotenciários. Eles aceitaram e nos inteiramos que o bombardeio do nosso porto havia cessado. Por outro lado o destroier estava fora danificado por uma granada tele-dirigida do Surcouf, que o havia alcançado na proa.

Michel, meu tio e eu partimos imediatamente num avião. Meia hora depois estávamos em New-Washington. A entrevista foi tumultuada a princípio. Os americanos adotaram uma arrogância tal que Michel teve que lembrá-los que sem nós, aquelas horas eles teriam sido presas dos monstros marinhos ou derivariam, mortos de fome, em seus navios sem combustível.

Finalmente foi designada uma comissão de investigação, composta por Jeans, Smith, meu tio, eu e o irmão de Vzlik.

Os americanos jogaram limpo e reconheceram os erros dos seus compatriotas. Os culpados foram condenados a dez anos de prisão. Os Sswis foram indenizados com 10.000 pontas de flecha.

Depois desses incidentes, coisa curiosa, as relações se distenderam.

Ao término do ano 10, eram bastantes boas para que pudéssemos promover a fundação dos Estados Unidos de Tellus.

Em 7 de janeiro do ano 11, uma conferência reuniu os representantes americanos, canadenses, argentinos, noruegueses e franceses. Adotou-se uma constituição federal.

Esta reconhecia ampla autonomia a cada estado, porém estabelecia uma governo federal, situado em uma cidade que foi fundada na confluência do Dron e do Dordogne, no ponto em que havíamos derrubado o primeiro tigressauro.

Foi «União». Duzentos quilômetros quadrados foram declarados terra federal. Foinos difícil fazer os americanos reconheceram e inviolabilidade presente e futura dos territórios Sswis. Finalmente, esta se limitou aos territórios dos nossos aliados atuais, os Sswis, por um prazo de cem anos.

As colônias que se fundariam no futuro seriam terras federais, até que sua população chegasse a 50.000 almas. Então adquiririam o status de estados, com liberdade de escolher suas constituições internas.

Em 25 de agosto do ano 12, o Parlamento Federal se reuniu pela primeira vez, e meu tio foi eleito presidente dos Estados Unidos de Tellus. A bandeira federal flutuou afinal, azul escuro, com cinco estrelas brancas, simbolizando os cinco estados federados: Nova América, Nova França, Argentina, Canadá de Tellus e Noruega.

As duas línguas oficiais foram o inglês e o francês. Não vou entrar em detalhes sobre as leis que foram votadas, pois ainda estão vigentes. O governo federal foi o único autorizado a possuir uma frota, um exército, uma força aérea e uma fábrica de armas.

Prevendo o futuro, reconhecemos sua autoridade, também, sobre a energia atômica que, um dia sem dúvida, chegaremos a possuir em Tellus.

VI — O CAMINHO TRAÇADO

Já transcorreram cinquenta anos! Tellus deu muitas voltas.

A presidência do meu tio durou sete anos e foi consagrada inteiramente à organização.

Ampliamos nossas vias férreas, pensando mais no futuro que no presente, pois nossa população total não chegava a vinte e cinco mil almas, mas que crescia rapidamente. Os recursos abundavam, as colheitas eram magníficas e as famílias foram numerosas.

Eu tive onze filhos, todos vivos. Michel teve oito. A média das famílias da primeira geração foi de seis filhos e de sete na segunda.

Contrariamente aos nosso temores, não houve novas epidemias. Comprovamos uma surpreendente elevação na altura humana. Em nossa velha Terra as estatísticas situavam a altura em uma média de 1,65m. Aproximadamente a média francesa.

Hoje, em Nova França esta alcança 1,78m. Em Nova América é de 1,82m. Na Noruega, 1,86m. Unicamente os argentinos e seus descendentes puros ficaram com o máximo de 1,71m.

Sob os presidentes seguintes, o americano Grawford e o norueguês Jansen, intensificamos especialmente nosso esforço sobre a industria. Tivemos uma fábrica de aviões, não somente capaz de construir os tipos correntes, mas também de estudar novos modelos. O engenheiro americano Stone realizou em Tellus uma ideia que tinha tido na Terra, e seu avião, o «Comet» bateu todos os recordes de altura.

Fomos também exploradores. Passei o resto da minha vida confeccionando mapas geológicos ou topográficos, sozinho ou com meus dois colegas americanos, e logo depois com a ajuda dos três maiores dos meus sete filhos varões: Bernard, Jaime e Martin. Voei sobre todo o planeta, naveguei por muitos oceanos, explorei ilhas e continentes.

As grandes descobertas! Porém com um material com que jamais poderiam sonhar Colombo ou Vasco da Gama. Suportei o calor de 60 graus no equador, gelei nos polos; combati Sswis vermelhos, negros ou amarelos, ou conclui alianças com eles; afrontei os calamares e as hidras, não sem um medo terrível. E Michel sempre me acompanhou e Martina me esperou, às vezes durante meses.

Mas não quero atribuir somente para mim a gloria de todos estes descobrimentos.

Teriam sido impossíveis sem a coragem e a inteligência dos marinheiros e aviadores que vieram comigo. Michel foi incomparavelmente precioso, e sem a dedicação da minha mulher não teria teria podido resistir à terrível febre dos pântanos que me botou de cama no retorno da minha terceira expedição. Martina me acompanhou três vezes, compartilhando sempre as moléstias e os perigos, sem lamentar-se por isto.

E eu não estava sozinho. A paixão pelos descobrimentos se havia apoderado de todos nós. Que dizer da façanha de Paul Bringer e Nataniel Hawthorne, que partiram de carro para o Sul, que deram a volta no velho continente, perdendo seu carro a mais de 7.000 quilômetros de Nova França, e que regressaram a pé, em meio a a Golias, tigressauros e indígenas hostis? E que dizer, igualmente, da aventura do capitão Unset, sogro de Michel, que com seu filho Eric e treze homens deu a volta ao mundo a bordo do Temerário, em sete meses e vinte dias?

Vinte anos depois da nossa primeira visita, voltei novamente, com Michel, à Ilha Mistério. Nada havia mudado. Unicamente a terra havia coberto um pouco a estranha inscrição. Entrando de novo na cabine onde se conservava a mão mumificada, vimos o rastro dos nossos passos, que haviam se mantido ao abrigo da intempérie.

No regresso visitamos a cidade das catapultas. Nesta ocasião levávamos conosco o filho de Vzlik, Ssiou, que pode entrar em contato com os Sswis vermelhos, que já conheciam o aço. O chefe nos mostrou os fornos rudimentares onde o fabricavam.

Consentiu em explicar-nos a lenda. Há mais de trezentos anos teluriano, três estranhos seres haviam chegado em uma barca «que andava sozinha» em uma praia situada ao Sul da cidade atual. Ao serem atacados, haviam se defendido «lançando fogo». Não «flechas pequenas que fazem bum», como as nossas, esclareceu o chefe, e sim longas chamas azuladas. Dias depois foram surpreendidos enquanto dormiam e foram capturados. Por um esquecido motivo, houve, sobre esta questão, uma violenta disputa na tribo e a metade dos Sswis vermelhos haviam partido para o Norte.

Deles descendiam as tribos de Vzlik.