Выбрать главу

Em segundo lugar, como se viu, há sempre a questão da escolha dos limites que definiriam historiograficamente um período ou outro.

Entre os acontecimentos processuais e pontuais escolhidos, os diversos recortes para a análise de um problema específico tornam-se possíveis.

Do acontecimento-processo que se organiza em torno do esgotamento do modelo escravista, desde o século II até as crises sociais que impõem um novo arranjo político no século III, ou até os marcos mais emblemáticos das invasões germânicas, mas também considerando este outro acontecimento- processo que seria a gradual penetração e fusão dos povos germânicos com as populações romanas, as possibilidades de recortar um início para o período limítrofe se sucedem. Da mesma forma, entre os séculos VI e VIII, este marcado pela impactante expansão islâmica, ou até mesmo o século XI para questões mais específicas como a da educação e da religiosidade, aqui se apresentam as variadas possibilidades de fins para um período que ora é chamado de Antiguidade Tardia, ora de Alta Idade Média, ora de Primeira Idade Média.

Por fim, pode-se investir também na complexidade granulada que, à parte os sintomas mais evidentes que se expressam sob a forma de eventos pontuais, dificulta periodizações mais definidas.

Eis aqui um mundo de possibilidades, extraordinariamente enriquecido pela profusão de campos históricos que beneficiou a historiografia contemporânea de modo a que os historiadores pudessem examinar não apenas a política como a cultura, a economia, as mentalidades, a demografia, a cultura material, o imaginário – fora uma enorme variedade de novos domínios temáticos abertos aos historiadores e de novos aportes teóricos que têm se colocado à sua disposição.

Referências

AGOSTINHO (2000). Cidade de Deus. Lisboa: Calouste Gulbenkian.

ANDERSEN, P. (2000). Passagens da Antiguidade ao feudalismo. São Paulo: Brasiliense.

BADIAN, E. (1968). Roman Imperialism in the Late Republic. Oxford: Oxford University Press.

BROWN, P. (1971). O fim do mundo antigo. Lisboa: Verbo.

CAMERON, A. (1993). The Later Roman Empire. Londres: Fontana.

______ (1992). Christianity and the Rhetoric of Empire. Berkeley: University of California Press.

CHASTAGNOL, A. (1992). Le Senat Romain a l’Epoque Imperiale. Paris: Belles Lettres.

______ (1987). “Aspects concrets et cadre topographique des Fêtes Décennales des empereurs à Rome”. L’Urbs: espace urbain et histoire. Roma: École Française de Rome.

______ (1984). “Les Fêtes Décennales de Septime-Sévère”. Bulletin de la Société Nationale des Antiquaires de France, 7, p. 91-107. Paris.

FERNÁNDEZ URBINA, J. (1982). La crisis del siglo III y el fin del mundo antiguo. Madri: Akal.

FERRIL, A. (1989). A queda do Império Romano. Rio de Janeiro: Zahar.

FRIGHETTO, R. (2004). “Da Antiguidade Clássica a Idade Media: a ideia da humanitas na Antiguidade Tardia Ocidental”. Revista Temas Medievales, 12, jan.-dez., p. 147-163. Buenos Aires: Sociedad Argentina de Estúdios Medievales.

GARCIA, G.G. (2006). “A desintegração da República Romana como ordem na desordem”. Revista da FAE, vol. 4, n. 2.

GIBBON, E. (1989). Declínio e queda do Império Romano. São Paulo: Companhia das Letras.

JONES, A.H.M. (1970). Déclin du monde antique. Paris: Sirey.

LE GOFF, J. (1984). “Decadência e progresso/reação”. In: ROMANO, R. (org.). Enciclopédia Einaudi: memória/história. Lisboa: Imprensa Nacional/Casa da Moeda, p. 416.

LOT, F. (1985). Fim do mundo antigo e início da Idade Média. Lisboa: Ed. 70.

MacMULLEN, R. (1992). Enemies of the Roman Order. Londres: Routledge.

______ (1989). “The Preacher’s Audience (AD 350-400)”. Journal of Theological Studies, n. 40.

______ (1984). Christianizing the Roman Empire. New Haven: Yale University Press.

______ (1963). Soldier and Civilian in the Later Roman Empire. Cambridge: Harvard University Press.

MARROU, H. (1980). Decadência romana ou Antiguidade Tardia? Madri: Rialp.

MARTIN, P. (1976). “Qu’est ce que l’Antiquité Tardive”? – Réflexions sur un problème de périodisation”. In: CHEVALLIER, R. (org.). Aiôn – Le temps chez les romains. Paris: Picard.

MENDES, N.M. (2002). Sistema político do Império Romano do Ocidente: um modelo de colapso. Rio de Janeiro: DP&A.

MENDES, N.M. & SILVA, G.V. (2006). Repensando o Império Romano: perspectiva socioeconômica, política e cultural. Vitória: Edufes.

MONTESQUIEU (1734). Considérations sur les causes de la grandeur des romains et leur décadence [s.n.t.] [Considerações sobre as causas da grandeza dos romanos. Rio de Janeiro: Contraponto, 2002].

ORÓSIO, P. (1986). História contra os pagãos. Braga: [s.e.].

PIGANIOL, A. (1972). L’Empire chretien. Paris: Hier.

PIRENNE, H. (s.d.). Maomé e Carlos Magno. Lisboa: Dom Quixote [orig.: 1935-1937].

SAINTE-CROIX, G.E.M. (2007). The Class Struggle in the Ancient Greek World: From the Archaic Age to the Arab Conquests. [s.l.]: Cornell University Press, 2007 [Oxford: Duckworth, 1982].

______ (1972). The Origins of the Peloponnesian War. Oxford: Duckworth.

SILVA, G.V. (s.d.). “O fim do mundo antigo: uma discussão historiográfica”. Revista Mirabilia [Disponível em http://www.revistamirabilia.com / Numeros/Num1/ofim.html].

STACEY, R.D. (1996). Complexity and Creativity in Organizations. São Francisco: Berrett-Koehler, 1996.

STAERMAN, E.M. (1976). “La caída de régimen esclavista”. In: ARCINIEGA, A.M.P. La transición del esclavismo al feudalismo. Madri: Akal.

VEYNE, P. (1975). “Y-a-t-il eu un imperialisme romain?” Mélange de l’École Française de Rome Antiquité, 87, p. 793-855.

VILELLA, J. (2000). “Biografia crítica de Orósio”. Jahrbuch fur Antike und Christentum, 43, p. 94-121.

WARD PERKINS, B. (2005). A queda de Roma e o fim da civilização. Lisboa: Aletheia.

WEBER, M. (1976). “As causas sociais do declínio da cultura antiga”. In: ARCINIEGA, A.M.P. La transición del esclavismo al feudalismo. Madri: Akal.