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—Vai ser rápido, rapazes — disse Tricia, enquanto vasculhava as gavetas atrás de fitas e filmes.

Os alienígenas estavam examinando as prateleiras onde ficavam os seus CDs e antigos LPs. Um deles cutucou discretamente os outros.

Olha só — disse ele. — Elvis.

Tricia estacou e tornou a olhar para eles.

Vocês curtem Elvis?

Claro — disseram eles.

Elvis Presley?

Isso mesmo.

Ela sacudiu a cabeça, atônita, enquanto tentava enfiar uma fita nova na câmera de vídeo.

Tem gente aqui no seu planeta — disse um dos visitantes, um pouco hesitante — que acha que Elvis foi seqüestrado por alienígenas.

O quê? — perguntou Tricia. — E isso é verdade?

É possível.

Vocês estão me dizendo que seqüestraram Elvis? — sussurrou Tricia. Estava tentando manter a calma para não fazer confusão com seu equipamento, mas aquilo era demais para ela.

Não. Nós, não — responderam os seus convidados. — Alienígenas. É

uma possibilidade deveras interessante. Costumamos conversar a respeito. Preciso gravar isso, resmungou Tricia para si mesma. Verificou se a câmera estava ligada e funcionando. Virou para eles, sem apontar para os olhos deles, para não assustá-los. Mas era experiente o bastante para filmá-los direitinho com a câmera na altura do quadril.

Está bem — disse ela. — Agora me contem com calma, bem devagar, quem são vocês. Começando por você — disse para o que estava mais à esquerda. —

Qual é o seu nome?

E u n

ão sei.

Você não sabe. —Não.

Sei — disse Tricia. — E vocês dois?

Também não sabemos.

Está bem. Vamos lá. Talvez possam me dizer de onde vêm? Balançaram a cabeça.

Vocês não sabem de onde vêm? Balançaram a cabeça novamente.

Sei — repetiu Tricia. — Mas o que vocês... hum...

Estava enrolando, mas, sendo uma profissional, conseguia manter a câmera imóvel enquanto enrolava.

Estamos em uma missão — disse um dos alienígenas.

Uma missão? Para fazer o quê?

Não sabemos.

Continuou mantendo a câmera imóvel.

Então, o que estão fazendo aqui na Terra?

Viemos buscá-la.

Imóvel, fixamente imóvel. Para todos os fins práticos, poderia ser um tripé. Perguntou-se se deveria estar usando um tripé, por sinal. Teve tempo para confabular consigo mesma por alguns segundos, pois ainda estava digerindo o que eles haviam acabado de dizer. Não, pensou ela, a câmera na mão lhe dava mais flexibilidade. Também pensou: socorro, o que vou fazer agora?

Por que — perguntou ela, calmamente — vocês vieram me buscar?

Porque perdemos nossas mentes.

Com licença — disse Tricia —, tenho que pegar um tripé. Pareceram satisfeitos por ficarem parados na sala, sem nada para fazer, enquanto Tricia apanhava rapidamente um tripé e apoiava a câmera sobre ele. O seu rosto estava completamente imóvel, mas ela não fazia a menor idéia do que estava acontecendo e do que pensar a respeito.

O.k. — disse ela, quando estava tudo pronto. — Por que...

Gostamos da sua entrevista com a astróloga.

Vocês viram?

Assistimos a tudo. Nos interessamos muito por astrologia. Gostamos bastante. É muito interessante. Nem tudo é interessante. Astrologia é interessante. O que os astros nos dizem, o que os astros prevêem. Informações assim são bastante úteis.

Mas...

Tricia não sabia nem por onde começar.

Desista, pensou ela. Não faz sentido tentar bolar nenhuma estratégia. Então, ela disse:

Mas eu não sei nada sobre astrologia.

Mas nós sabemos.

Vocês sabem?

Sim. Acompanhamos os nossos horóscopos. Avidamente. Consultamos todos os seus jornais e revistas, ardorosamente. Mas nosso líder diz que temos um problema.

Vocês têm um líder7.

Temos.

Qual o nome dele?

Não sabemos.

Qual o nome que ele se dá, caramba? Desculpem, vou precisar editar essa parte. Qual o nome que ele se dá?

Ele também não sabe.

Então como é que vocês sabem que ele é o líder?

Ele assumiu o poder. Disse que alguém tem que fazer alguma coisa por lá.

Ah! — disse Tricia, captando uma pista. — Onde é "lá"?

Rupert.

O quê?

Vocês chamam de Rupert. O décimo planeta do sol de vocês. Fixamos residência lá há vários anos. É muito frio e desinteressante. Mas é bom para monitorarmos vocês.

Por que estão nos monitorando?

É só o que sabemos fazer.

Está bem — disse Tricia. — Beleza. Qual é esse problema que seu líder diz que vocês têm?

Triangulação.

Como é que é?

A astrologia é uma ciência muito precisa. Sabemos disso.

Bem... — começou Tricia e deixou pra lá.

Mas é precisa para vocês aqui na Terra.

S...i...m... — Estava com a terrível impressão de estar captando vagamente o que eles queriam dizer.

Quando Vênus está em Capricórnio, por exemplo, isso acontece do ponto de vista da Terra. Como é que funciona se estivermos em Rupert? E se a Terra estiver entrando em Capricórnio? Fica complicado saber. Entre as inúmeras e significativas coisas que esquecemos está a trigonometria.

Deixa eu ver se entendi — disse Tricia. — Vocês querem que eu vá com vocês para... Rupert...

Sim.

Recalcular os seus horóscopos para poderem levar em conta as posições relativas da Terra e de Rupert?

Sim.

Vocês me garantem uma exclusiva?

Sim.

Então está fechado — disse Tricia, pensando que poderia, no mínimo, vender a sua matéria para o National Enquirer ou para alguma outra revista doida. Enquanto embarcava na nave que a levaria para os limites mais longínquos do sistema solar, a primeira coisa na qual bateu os olhos foi uma bancada com monitores de vídeo, nos quais passavam milhares de imagens. Um quarto alienígena estava sentado assistindo a tudo, mas parecia particularmente interessado em uma determinada tela que exibia uma imagem fixa. Era um replay da entrevista improvisada que Tricia acabara de conduzir com seus três colegas. Ele levantou os olhos quando a viu embarcar, apreensiva, na nave.

Boa noite, Srta. McMillan — disse ele. — Fez um bom trabalho com a câmera.

CAPÍTULO 6

Ford Prefect atingiu o solo rapidamente. O chão ficava uns sete centímetros mais longe do tubo de ventilação do que ele se lembrava, então calculou mal em que ponto iria cair, começou a correr antes do tempo, tropeçou desajeitadamente e torceu o tornozelo. Droga! Saiu correndo assim mesmo, mancando um pouco. Em todo o edifício, alarmes estavam disparando seu típico frenesi de excitação. Tentando se esconder, Ford agachou-se atrás dos típicos armários de almoxarifado, olhou à sua volta para se certificar de que estava bem escondido e começou a pescar dentro da mochila as coisas de que tipicamente precisava.