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Ergueu-se para partir, com Angel nos braços.

- Estou tão envergonhado com tudo isto. Juro que nunca mais a incomodo. Adeus.

Kelly ficou a olhar enquanto ele começava a andar.

- Onde é que vai com a minha cadela?

- Desculpe? - E Mark Harris virou-se, confuso.

- Angel é minha. Você deu-ma, lembra-se?

Mark estava parado, sem saber o que pensar.

- Sim, mas disse-me que...

- Vou fazer um acordo consigo, Mark Harris. Eu fico o Angel, mas você pode ter o direito de a visitar.

Ele demorou um pouco a perceber e, em seguida, o seu sorriso iluminou toda a sala.

- Quer dizer que eu... eu posso?

- Porque não tratamos desse assunto ao jantar hoje à noite? - respondeu ela.

E Kelly não fazia a mínima idéia de que acabara de se transformar num alvo para o assassínio.

 

CAPÍTULO 11

Paris, França

No quartel-general da polícia em Reuilly, na Rue Hénard, décimo segundo Arrondissement de Paris, decorria um interrogatório. O superintendente da torre Eiffel estava a ser interrogado pelos detectives André Belmondo e Pierre Marais.

INVESTIGAÇÃO DO SUICÍDIO NA TORRE EIFFEL

Segunda-feira 6 de Maio, 10 horas da manhã

Sujeito: Rene Pascal BELMONDO: - Senhor Pascal, temos razões para crer que Mark Harris, o homem que supostamente saltou do andar panorâmico da torre Eiffel, foi assassinado.

PASCAL: -Assassinado? Mas... Disseram-me que foi um acidente e...

MARAIS: - Ele não podia ter caído acidentalmente passando por cima daquele parapeito. É demasiado alto.

BELMONDO: - E concluímos que a vítima não tinha tendência para 0 suicídio. Na realidade, tinha feito uns planos bem elaborados com a mulher para o fim de semana. A mulher é Kelly, a modelo.

PASCAL: - Lamento muito, senhores, mas não percebo em que é que... Porque foi que me chamaram aqui?

MARAIS: - Para nos ajudar a esclarecer uns pontos. Nessa noite, a que horas fechou o restaurante?

PASCAL: - As dez. Por causa da tempestade, o Jules Verne estava Vazio, por isso optei por...

MARAIS: - E a que horas fecharam os elevadores?

 PASCAL: - Normalmente funcionam até à meia-noite, mas, na noite em questão, visto não haver visitantes nem comensais, fechei-os também às dez.

BELMONDO: - Incluindo o elevador que dá para o andar panorâmico?

PASCAL: - Sim. Fechei-os todos.

MARAIS: - E, por acaso, possível alguém chegar ao andar panorâmico sem ser usando os elevadores?

PASCAL: - Não. Na noite em questão estava tudo fechado. Não percebo o que é que tudo isto tem a ver com o caso. Se...

BELMONDO: - Eu já lhe explico. O senhor Harris foi empurrado do andar panorâmico. Sabemos que foi dessa plataforma porque, quando examinamos o parapeito, verificamos que estava arranhado, e o cimento embebido nas solas dos sapatos dele correspondia perfeitamente ao cimento do parapeito. Se o piso estava encerrado e se os elevadores não estavam a funcionar, como foi que ele chegou lá acima à meia-noite?

PASCAL: - Não faço idéia. Sem o elevador seria... seria impossível.

MARAIS: - Mas um elevador foi usado para levar o senhor Harris até ao andar panorâmico e para transportar o seu assassino, ou nos, e trazê-los de volta para baixo.

BELMONDO: - Há alguma hipótese de um estranho ter posto elevadores em funcionamento?

PASCAL: - Não. Os operadores nunca os abandonam quando estão em funcionamento e à noite os elevadores são fechados uma chave especial.

MARAIS: - E quantas chaves dessas existem?

PASCAL: - Três. Eu tenho uma e as outras duas são guardadas aqui.

BELMONDO. - Tem a certeza de que o último elevador foi fechado às dez horas?

PASCAL: - Sim.

MARAIS: - Quem é que estava encarregado dele?

PASCAL: - Toth. Gérard Toth.

MARAIS: - Gostaria de falar com ele.

PASCAL: - Também eu.

MARAIS: - Como disse?

PASCAL: - Toth não aparece no trabalho desde ontem à noite. Telefonei para o apartamento dele. Não obtive resposta. Consegui apanhar o senhorio. Toth mudou-se.

 MARAIS: - E foi-se embora sem deixar a nova mocada?

PASCAL: - Exactamente. Desvaneceu-se no ar.

- "Desvaneceu-se no ar?" Estamos a falar do grande Houdini ou de um triste operador de elevador?

Quem assim falava era o secretário geral Claude Renaud, chefe do quartel-general da Interpol. Renaud era um homem baixo, dinâmico, com perto de cinqüenta anos, que subira à custa do seu trabalho na hierarquia da polícia ao longo de vinte anos.

Renaud presidia a uma reunião na principal sala de conferências no edifício de sete andares da Interpol, a organização policial internacional que coordena toda a informação que é posteriormente distribuída para 126 forças policiais em 78 países. O edifício situava-se em St. Cloud, seis milhas a oeste de Paris, e o quartel-general era dirigido por antigos detectives da Súreté Nationale e da Préfecture de Paris.

Havia doze homens sentados à comprida mesa de conferências. Há uma hora que faziam perguntas ao detective Belmondo.

O secretário geral disse em voz alta:

- Está a dizer que nem o senhor nem o detective Maurais conseguiram obter qualquer informação sobre como um homem foi assassinado numa zona onde, em primeiro lugar, lhe era impossível estar, e de onde era impossível que os seus assassinos escapassem?

Está correcto?

- Eu e Maurais falámos com toda a gente que...

- Não interessa. Pode sair.

- Sim, senhor.

O secretário geral virou-se para o grupo:

- Durante as vossas investigações alguma vez algum de vocês deparou com o nome Prima?

Eles ficaram pensativos por segundos e abanaram a cabeça.

- Não. Quem é Prima?

- Não sabemos. Era o nome que estava escrito numa nota que Se encontrava no bolso do casaco de um homem que apareceu morto em Nova Iorque. Pensamos que existe uma ligação - e suspirou. - Meus senhores, temos uma charada, envolta num mistério, dentro toda; e um enigma. Nos quinze anos que estive nesta função, investigámos assassinatos em série, gangs internacionais, mutilações, parricídio e espécie imaginável de crimes. - Fez uma pausa. - Mas, durante todos estes anos, jamais deparei com uma situação como essa. Vou mandar uma informação para o gabinete de Nova Iorque.

Frank Bigley, chefe dos detectives de Manhattan, lia o dossiê que o secretário geral Renaud enviara quando Earl Greenburg e Robert Praegitzer entraram no seu gabinete.

- Chefe, chamou-nos?

- Sim. Sentem-se.

E ambos se sentaram. O chefe Bigley levantou o papeclass="underline"

- Isto é uma informação que a Interpol mandou esta manhã.

- E começou a ler:

- "Há seis anos, um cientista japonês de nome Akira iso, suicidou-se, enforcando-se no seu quarto de hotel em Tóquio. O senhor Isso estava de perfeita saúde, acabara de ser promovido e consta que andava muito bem disposto."

- No Japão? Mas o que é que isso tem a ver com...

- Deixem-me continuar. "Há três anos, Madeleine Smith, uma cientista suíça de trinta e três anos, abriu o botão do gás no seu apartamento em Zurique e suicidou-se. Estava grávida e prestes a casar com o pai do bebé. Os amigos disseram que nunca a tinham visto tão feliz." - E olhou para os dois detectives. - "Nos últimos três dias: uma berlinense de nome Sonja Verbrugge afogou-se em casa na banheira. Nessa mesma noite, Mark Harris, um americano, mergulhou da plataforma de observação da torre Eiffel. No dia seguinte, um canadiano, de nome Gary Reynolds, esmagou o seu Cessna contra uma montanha perto de Denver."

Greenburg e Praegitzer ouviam, cada vez mais intrigados.

- E ontem, vocês os dois encontraram o corpo de Richan vens na margem do rio East.

Earl Greenburg olhava para ele, perplexo.

- Mas o que é que esses casos têm a ver connosco?

O chefe Bigley respondeu com a maior calma: