- Tenho mesmo que lhe agradecer ter-ma dado - disse Kelly. - Ela é uma companhia maravilhosa. Nunca tinha tido nenhum cão antes.
Mark olhou para Kelly e os seus olhos diziam tudo.
A noite correu extraordinariamente bem. Mark era uma companhia excelente e Kelly estava comovida, pois era óbvio que ele estava encantado por estar na sua companhia. Inteligente, era fácil conversar com ele e o tempo passou bastante mais depressa do que Kelly pensara.
No fim da noite, Mark disse:
- Gostava muito de repetir uma noite como esta.
- Sim. Eu também.
- Kelly, o que é que lhe dá mais prazer fazer?
- Gosto muito de futebol. Também gosta?
Um vazio passou pela expressão dele.
- Oh... sim... claro... Gosto muito.
Como ele mente mal, pensou Kelly. Assaltou-a uma repentina vontade de lhe pregar uma partida.
- Vai haver um jogo para o campeonato no sábado à noite. Quer vir?
- Claro. Boa idéia! - respondeu Mark sem grande vontade enquanto engolia em seco.
Quando a noite chegou ao fim e estavam de volta ao prédio de Kelly, esta deu por si a ficar muito tensa. Aquele era o momento em que costumava ouvir:
E que tal um beijo de boas noites?...
E se eu entrasse e bebêssemos mais um copo antes da noite terminar?...
Não vai querer passar a noite sozinha, pois não?...
Quando chegaram à porta de Kelly, Mark olhou para ela e disse:
- Sabe qual foi a primeira coisa que reparei em si, Kelly?
Kelly susteve a respiração. Aqui vem...
O seu rabo é magnífico...
Adoro os seus seios...
Adorava sentir as suas pernas em redor do meu pescoço...
- Não - respondeu gélida. - O que foi?
- A dor nos seus olhos.
E antes de ela ter tempo para lhe responder, Mark disse:
- Boa noite.
E Kelly ficou a vê-lo partir.
CAPÍTULO 13
Quando Mark voltou no sábado à noite, trazia outra caixa de doces e um grande saco de papel.
- Estes doces são para si. Os outros são para a Angel.
Kelly pegou nos sacos.
- Muito obrigada, e a Angel também agradece.
Ficou a ver Mark a fazer festas à Angel e perguntou inocentemente:
- Então, ansioso por ir ver o jogo?
Mark acenou com a cabeça e disse entusiasmado:
- Oh, sim!
Kelly sorriu.
- Excelente. Eu também.
Sabia que ele nunca antes pusera os pés num jogo de futebol.
O estádio do Paris Saint-Germain estava cheio à cunha, com sessenta mil ansiosos fãs que aguardavam que o jogo para o campeonato entre o Lyon e o Marselha começasse.
Enquanto Kelly e Mark eram encaminhados até aos seus lugares, exactamente por cima do meio campo, Kelly comentou:
- Estou impressionada. Estes lugares são muito difíceis de arranjar.
- Quando se gosta de futebol tanto como eu, nada é impossível - respondeu Mark a sorrir.
Kelly mordeu o lábio para evitar rir às gargalhadas. Mal podia esperar que o jogo começasse. : .
Às catorze horas em ponto, ambas as equipas entraram em campo, mantendo-se perfiladas enquanto a orquestra tocava a Marselhesa, O hino nacional de França. Enquanto os jogadores do Lyon e do Marselha, alinhados, se viravam para os camarotes para serem apresentados, um jogador do Lyon deu um passo em frente, vestindo o logotipo da equipa com as cores azul e branco.
Kelly decidiu ceder e explicar a Mark o que se estava a passar:
- Aquele é o guarda-redes - explicou Kelly, inclinando-se para Mark. - Ele...
- Eu sei. Chama-se Grégory Coupet. É o melhor guarda-redes da liga. Ganhou o campeonato contra o Bordéus, em Abril do ano passado. Ganhou a Taça UEFA e a liga dos Campeões no ano anterior.
Tem trinta anos, mede um metro e oitenta e pesa noventa quilos.
Kelly olhava para Mark, espantadíssima. O locutor continuava a anunciar:
- Avançado, Sidney Gouvon...
- Número catorze - comentava, entusiasmado, Mark. - Ele é incrível. Na semana passada, contra o Auxerre, marcou um gol no último minuto do jogo.
Kelly ouvia-o, maravilhada, enquanto Mark, de forma conhecedora, ia tecendo comentários sobre os outros jogadores. O jogo começou e a multidão enlouqueceu.
- Olhe. Ele começou com um pontapé de bicicleta - exclamou Mark.
Foi um jogo frenético, excitante, e os guarda-redes de ambas as equipas trabalhavam bastante para conseguir evitar que os adversários marcassem. Kelly estava com problemas em se concentrar. Não parava de olhar para Mark, maravilhada com os seus conhecimentos. Como pude enganar-me desta maneira ?
No meio de uma jogada Mark exclamou:
- Gouvon vai tentar o chapéu! E conseguiu!
E alguns minutos mais tarde:
- Olhe! Carrière vai levar um cartão por tocar na bola com as mãos.
E estava certo. - Lyon ganhou e Mark estava eufórico. - Mas que grande equipa!
Quando saíam do estádio, Kelly perguntou:
- Mark, há quanto tempo é que se interessa por futebol?
- Há três dias. Andei a pesquisar no meu computador. Como estava tão interessada, achei melhor aprender - respondeu a olhar para Kelly com ar envergonhado.
Kelly estava extremamente comovida. Era inacreditável que ele tivesse passado tanto tempo e tivesse feito um esforço tão grande só porque ela gostava de futebol.
Tinham marcado um encontro para o dia seguinte, depois de Kelly terminar um trabalho que tinha nesse dia.
- Posso ir buscá-la ao seu camarim e...
- Não! - Ela não queria que ele encontrasse as outras modelos.
Mark olhava intrigado para ela.
Quero dizer... Há uma regra que não permite que os homens entrem nos camarins. (Oh! Eu não quero que se apaixone...
"Minha senhoras e meus senhores, por favor apertem os cintos de segurança, endireitem as costas das cadeiras e fechem e tranquem as mesas. Estamo-nos a aproximar do aeroporto de Kennedy e aterraremos dentro de minutos."
Kelly foi bruscamente chamada ao presente. Estava em Nova Iorque para se encontrar com Tanner Kingsley, o homem para quem Mark trabalhara.
Alguém informara os media. Quando o avião aterrou, estavam todos à espera de Kelly, que foi imediatamente cercada por jornalistas com câmaras de televisão e microfones.
- Kelly, importa-se de olhar para este lado?
- Pode dizer-nos o que pensa que aconteceu ao seu marido?
- Vai haver uma investigação policial?
- Você e o seu marido estavam a pensar divorciar-se?
- Agora vai regressar aos Estados Unidos?
- Como se sentiu quando soube o que aconteceu?
A pergunta mais insensível de todas.
Kelly viu ao fundo um homem com um rosto agradável, de aspecto atento. Ele sorriu e acenou-lhe e ela fez-lhe sinal para que ele se aproximasse.
Ben Roberts era um dos mais populares e conceituados entrevistadores da televisão estatal. Já antes entrevistara Kelly e tinham ficado amigos. Ela ficou a olhar enquanto ele abria caminho através da multidão de jornalistas. Todos o conheciam.
- Ei, Ben! A Kelly vai aparecer no teu programa?
- Achas que ela vai falar do que aconteceu?
- Posso ter uma foto com os dois?
Nesta altura já Ben chegara junto dela. O aglomerado de jornalistas empurrava-os. Ben exclamou alto:
- Vamos deixá-la um pouco em paz, senhores e senhoras. Poderão falar com ela mais tarde.
Relutantemente, afastaram-se um pouco. Ben pegou-lhe na mão e disse:
- Não tenho palavras para expressar como lamento. Gostava muito de Mark.
- Era mútuo, Ben.
Enquanto se afastavam na direcção da zona de recolha de bagagens, ele perguntou:
- A nível particular, o que é que fazes em Nova Iorque?
- Estou aqui para ver Tanner Kingsley.
Ben acenou com a cabeça.
- Um homem poderoso. Tenho a certeza de que tomará bem conta de ti.
Tinham chegado ao balcão das bagagens.
- Kelly, se houver alguma coisa que eu possa fazer por ti, podes sempre apanhar-me na estação de televisão. - E olhou em volta. - Vêm-te buscar? Se não, eu...