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Tanner estava mais interessado na sua experiência secreta. Se a minha resultar, pensou, serei dono do mundo.

Uma noite, pouco depois de se ter formado, Tanner estava numa recepção quando uma agradável voz feminina atrás dele disse:

- Já ouvi falar muito de si, senhor Kingsley.

Tanner virara-se, ansioso, e em seguida tentara ocultar o seu desapontamento. Quem assim falara era uma jovem sem nada de relevante. A única coisa que fazia com que não fosse completamente vulgar era um par de intensos olhos castanhos e um engraçado, embora um pouco cínico, sorriso. A beleza física da mulher era para Tanner, condição sine qua non, e era óbvio que esta não respondia a essa condição.

- Nada de mal, espero - respondeu, enquanto ia pensando numa desculpa para se livrar dela.

O meu nome é Pauline Cooper. Os meus amigos chamam-me Paula. Você saiu com a minha irmã Ginny, quando estava na faculdade. Ela era louca por si.

Ginny, Ginny... Baixinha? Alta? Morena? Loura? Tanner continuava a sorrir, tentando lembrar-se. Tinham sido tantas...

- Ginny queria casar consigo.

Isto não ajudava em nada. O mesmo acontecera com tantas outras.

- A sua irmã era muito simpática. Mas nós é que... Ela olhou-o sarcasticamente:

- Não se esforce. Você nem sequer se lembra dela.

Tanner ficou embaraçado.

- Bem, é que...

- Não tem importância. Fui ao casamento dela há poucos dias...

Tanner ficou aliviado.

- Ah! Excelente. Então Ginny casou.

- Pois foi. - E fez uma pequena pausa. - Mas eu não. Gostaria de jantar comigo amanhã à noite?

Tanner olhou melhor para ela. Embora não correspondesse ao seu padrão de beleza normal, parecia ter um corpo agradável e ser suficientemente interessante. E seria, certamente, fácil de levar para a cama. Tanner avaliava as namoradas como se fossem um jogo de basebol. Ele fazia um lançamento. E era tudo. Se ela não apanhasse a bola, estava fora.

Ela observava-o.

- Eu pago.

Tanner riu-se.

- Eu posso pagar, se você não for a maior glutona do mundo.

- Venha e veja por si.

- Muito bem - respondeu ele suavemente depois de olhar para o fundo dos olhos dela.

Na noite seguinte, jantaram num restaurante da moda, na parte alta da cidade. Paula levava uma blusa branca com um decote pronunciado, uma saia preta e sapatos de salto alto. Tanner, que a observava a entrar no restaurante, pensou que ela lhe parecia bastante mais bonita do que a idéia com que ficara dela. Na verdade, tinha ar de princesa de um desses países exóticos.

 Tanner levantou-se.

- Boa noite.

Ela apertou-lhe a mão e respondeu:

- Boa noite. - Havia nela um ar de segurança que era quase real.

Quando se sentaram, ela disse:

- Vamos começar tudo de novo, está bem? Eu não tenho nenhuma irmã.

- Mas disse-me que... - Tanner olhava para ela, confuso.

- Só queria testar a sua reacção, Tanner. Ouvi muitas coisas sobre si através da algumas das minhas amigas e fiquei curiosa - comentou a sorrir.

Estaria a falar de sexo? Com quem é que ela teria falado? Podiam ser tantas...

- Não tire conclusões precipitadas. Não estou a falar das suas qualidades como garanhão. Estou a falar da sua cabeça.

Era como se ela fosse capaz de lhe ler o pensamento.

- Então você... está interessada em cabeças?

- Entre outras coisas - respondeu ela, convidativa.

Isto vai ser canja. Tanner esticou a mão por cima da mesa e tomou a mão dela.

- Você é o máximo - e acariciou-lhe o braço. - É uma pessoa especial. Vamos ter uma noite muito interessante.

- Já está com tesão, querido? - disse ela a sorrir..

Tanner ficou desconcertado com a rudeza dela. Pelo visto era impaciente.

- Sempre, Princesa - concordou Tanner.

- Ela sorriu.

- Óptimo. Então saque lá do seu livrinho negro e vamos tentar encontrar alguém que esteja disponível para hoje à noite.

Tanner ficou petrificado. Estava habituado a divertir-se com as mulheres, mas nunca antes ninguém troçara dele. Ficou a olhar para ela.

- O que está a dizer?

- Que vamos ter que melhorar as suas deixas, querido. Faz alguma idéia do pirosas que são?

Tanner começou a ficar vermelho.

- E o que é que a leva a pensar que são deixas?

Ela olhou directo para ele:

- Isso que me disse foi provavelmente inventado por Matosalém. Quando falar comigo, quero que me diga coisas que nunca antes disse a nenhuma outra mulher.

Tanner olhou para ela, tentando ocultar a fúria que o invadia. Com quem é que ela julga que está a falar, com algum miúdo da escola ? Ela era demasiado insolente para o seu próprio bem. Lançamento falhado. A cabra estava fora de jogo.

 

CAPÍTULO 15

O quartel general do Kingsley Internacional Group estava plantado em Manhattan, a dois quarteirões do rio East. As instalações ocupavam cinco acres de terra e eram formadas por quatro grande edifícios de cimento e duas pequenas casas para o pessoal, tudo vedado e electronicamente protegido.

As dez em ponto da manhã, os detectives Earl Greenburg e Robert Praegitzer entraram no átrio do edifício principal. Era espaçoso e moderno, mobilado com alguns sofás e mesas e meia dúzia de cadeiras.

O detective Greenburg deu uma vista de olhos a uma pilha de revistas sobre uma mesa, Virtual Reality, Nuclear and Radiological Terrorism, Robotics World. Tirou um exemplar da Genetic Engineering News e virou-se para Praegitzer:

- Não te fartas de ver estas revistas no consultório do teu dentista?

- Exactamente. - E Praegitzer riu.

Os dois detectives aproximaram-se da recepcionista e identificaram-se.

- Temos uma reunião com o senhor Tanner Kingsley.

- Ele está à vossa espera. Vou chamar alguém para os acompanhar. - E deu a cada um cartão de identificação do KIG. - Por favor, devolvam-nos à saída.

- Com certeza.

A recepcionista premiu um botão e, momentos depois, si uma jovem atraente.

- Estes senhores têm uma reunião marcada com o senhor Tanner Kingsley.

- Muito bem. O meu nome é Retra Tyler e sou assistente do senhor Kingsley. Acompanhem-me, por favor.

Os dois detectives caminharam por um longo corredor com gabinetes de portas fechadas de cada lado. Ao fundo ficava o gabinete de Tanner.

 Na sala de espera, Kathy Ordonez, a brilhante jovem assistente de Tanner sentava-se atrás de uma secretária.

Bons dias, senhores. Queiram entrar.

Levantou-se e abriu a porta que dava para o gabinete particular de Tanner. Assim que os detectives entraram, estacaram a olhar em volta com respeito.

O enorme gabinete parecia apinhado de misteriosos equipamentos electrónicos e as paredes à prova de som estavam cobertas de finíssimos ecrãs de televisão que mostravam cenas, em directo, de várias cidades em todo o mundo. Algumas eram de atarefadas salas de conferência, de escritórios, de laboratórios, enquanto outras mostravam suites de hotel, onde tinham lugar algumas reuniões. Cada ecrã possuía o seu próprio sistema de som e, embora o volume de som mal fosse audível, era fantástico ouvir excertos de frases faladas ao mesmo tempo numa dúzia de línguas diferentes.

Uma legenda na parte inferior de cada ecrã identificava as cidades: Milão, Joanesburgo, Zurique, Madrid, Atenas...

Ao fundo da parede via-se uma estante de oito prateleiras repleta de volumes encadernados a couro.

Tanner Kingsley estava sentado atrás de uma secretária em mogno onde havia uma consola com meia dúzia de botões de diferentes cores. Estava elegantemente vestido num fato cinzento de excelente corte, com uma camisa azul clara e uma gravata de escocês azul.

Ergueu-se assim que os dois detectives entraram.

- Bons dias, meus senhores.

- Bom dia. Nós... - começou a dizer Earl Greenburg.

- Sim, eu sei quem vocês são. Os detectives Earl Greenburg e Robert Praegitzer. - Cumprimentaram-se. - Por favor, queiram sentar-se.