- Não há hipótese. És a única mulher no mundo por quem estou apaixonado.
- E eu por ti.
Na manhã seguinte, Tanner Kingsley estava no Pentágono em reunião com o chefe do pessoal, o general Alan Barton.
- Considero a sua proposta muito interessante - comentou o general. - Andávamos sem saber quem devíamos usar para fazer o teste.
- O vosso teste tem a ver com nanotecnologia e o meu irmão acaba de ganhar o Prémio Nobel pelo trabalho que desenvolveu nesse domínio.
- Todos nós sabemos disso.
- Ele está tão excitado que está disposto a fazer tudo pro bono.
- Ficamos muito lisonjeados, senhor Kingsley. Não temos assim tantos laureados com o Prémio Nobel a oferecerem os seus serviços.
- E olhou para cima para se certificar de que a porta estava fechada.
- Isto é top secret. Se resultar, vai ser um dos mais importantes componentes do nosso armamento. A nanotecnologia molecular pode dar-nos o controle do mundo físico, ao nível dos átomos individuais.
Até hoje, todos os esforços para tornar os chips ainda mais pequenos do que o seu tamanho actual têm sido bloqueados devido à interferência electrónica chamada "cross talk", quando os electrões ficam fora de controle. Se esta experiência for bem sucedida, vai dar-nos novas e importantes armas de autodefesa e de ataque.
- Não existe qualquer perigo nesta experiência, pois não? Não quero que aconteça nada ao meu irmão - perguntou Tanner.
- Não precisa de se preocupar. Nós mandamos todo o equipamento de que vão precisar, incluindo os fatos de segurança, e dois dos nossos cientistas para trabalharem com o seu irmão.
- Então temos luz verde?
- Têm.
No regresso a Nova Iorque, Tanner ia pensando: Agora só me falta convencer Andrew.
CAPÍTULO 17
Andrew estava no seu gabinete a olhar para um folheto colorido que o Comitê do Prémio Nobel lhe tinha mandado, juntamente com uma mensagem: Aguardamos a sua chegada. Viam-se fotografias da enorme sala de concertos em Estocolmo, com a audiência a aplaudir um laureado com o Nobel enquanto este caminhava pelo palco para receber o prémio das mãos do rei Carl XVI Gustav da Suécia. E em breve lá estarei eu também, pensou.
A porta abriu-se e Tanner entrou.
- Temos que conversar.
Andrew pôs o folheto de lado: - Está bem. O que é, Tanner?
Este respirou fundo.
- Acabei de comprometer o KIG para dar assistência ao exército em uma experiência que estão a fazer.
- Tu fizeste o quê?
- O teste tem a ver com criogénicos. Eles precisam da tua ajuda.
Andrew abanou a cabeça.
- Nem pensar. Não me quero envolver nisso, Tanner. Não é o tipo de coisas que nós fazemos aqui.
- Isto agora não se trata de dinheiro, Andrew. Tem a ver com a defesa dos Estados Unidos da América. É muito importante para o exército. Estarás a trabalhar para o bem do teu país e sem ganhar dinheiro. Eles precisam de ti.
Tanner passou uma hora a tentar convencer Andrew. Por fim ele cedeu.
- Está bem. Mas, Tanner, esta é a última vez que nos metemos em coisas deste tipo. Combinado?
- Combinado. Não tenho palavras para te dizer come estou orgulhoso de ti. - E Tanner sorriu.
Telefonou à Princesa e deixou uma mensagem no gravador de chamadas: Querida, estou de volta. Vamos ter uma experiência muito importante. Telefono-te assim que estiver concluída. Amo-te.
Os dois técnicos do exército chegaram para relatar a Andrew o progresso que tinham feito até à altura. Andrew estivera relutante, de início, mas, à medida que eles iam discutindo o projecto, foi ficando cada vez mais entusiasmado. Se os problemas fossem resolvidos, isso ia constituir um avanço espectacular.
Uma hora mais tarde, Andrew observava enquanto um camião da tropa atravessava os portões do KIG, escoltado por outro dois que transportavam soldados armados. Saiu para receber o coronel da unidade operacional.
- Aqui está tudo, senhor Kingsley. O que fazemos agora?
- Só têm de descarregar, que nós encarregamo-nos de tudo - respondeu Andrew.
- Sim, senhor. - E o coronel virou-se para dois soldados que se encontravam junto do camião. - Descarreguem-no. E tenham cuidado. Mas mesmo muito cuidado.
Os homens entraram no camião e, com o maior dos cuidados, retiraram uma pequena mala em metal.
Em poucos minutos, ela era transportada por dois assistentes, sob a orientação de Andrew, para um laboratório.
- Ponham-na em cima daquela mesa - pediu. - Com muito cuidado. - E ficou a ver enquanto eles a pousavam. - Muito bem.
- Bastava um de nós para a transportar. É muito leve.
-Vocês nem iam acreditar como é pesada - comentou Andrew. Os dois assistentes olharam para ele, intrigados.
- Desculpe?
Andrew abanou a cabeça: - Nada. Não interessa.
Dois químicos, Perry Stanford e Harvey Walker, tinham sido escolhidos para trabalhar com Andrew no projecto.
Ambos já tinham vestido os fatos de alta protecção que eram requeridos para levar a cabo a experiência.
- Vou-me vestir - disse Andrew. - Já volto.
Caminhou ao longo do corredor até uma porta fechada e abriu-a. Lá dentro havia várias filas de cabides cheios de fatos de protecção Hl contra químicos, semelhantes aos fatos espaciais, assim como máscaras, óculos de protecção, sapatos especiais e pesadas luvas.
Andrew entrou no compartimento e vestiu o seu fato, e Tanner estava lá para lhe desejar boa sorte.
Quando regressaram ao laboratório, Stanford e Walker já estavam à espera. Os três homens selaram meticulosamente a sala, de forma a ficar estanque, e, em seguida, trancaram cuidadosamente a porta. Todos sentiam a excitação no ar.
- Tudo a postos?
- Pronto - respondeu Stanford.
- Pronto - respondeu Walker.
- Máscaras.
E colocaram as máscaras de protecção.
- Assim sendo, podemos começar - disse Andrew. E levantou cuidadosamente a tampa da caixa de metal. Lá dentro estavam seis pequenos tubos de ensaio cuidadosamente aninhados nas suas al mofadas de protecção.
- Tenham cuidado - avisou. - Estes pequenos génios encontram-se a duzentos e vinte e dois graus abaixo de zero. - A sua voz soava abafada devido à máscara.
Stanford e Walker observaram enquanto Andrew erguia com delicadeza o primeiro tubo de ensaio e o abriu. Ouviu-se um silvo e de dentro do tubo saiu uma onda de vapor que se transformou numa nuvem gelada que pareceu saturar a sala.
- Muito bem - disse Andrew. - Agora, a primeira coisa que temos de fazer... A primeira coisa... - Os olhos dele estavam muito abertos. Começou a sufocar, o rosto a ficar branco, cor de gesso. Tentou falar, mas as palavras não lhe saíam.
Stanford e Walker olhavam horrorizados enquanto o corpo dele caía ao chão. Walker tapou rapidamente o tubo e fechou a caixa. Stanford correu para a parede e premiu um botão, activando uma enorme ventoinha que afastou o gélido gás para fora do laboratório- Assim que o ar ficou de novo limpo, os dois cientistas abriram a porta e transportaram apressadamente o corpo de Andrew lá para fora. Tanner, que passava no corredor, viu o que se estava a passar e o pânico tomou conta do seu rosto.
Correu para os dois homens e olhou o irmão.
- Que diabo se passa?
Foi Stanford quem lhe respondeu:
Houve um acidente e...
- Um acidente? Que tipo de acidente? - Tanner gritava como um louco. - O que foi que vocês fizeram ao meu irmão? - As pessoas começavam a aproximar-se e a rodeá-los. - Liguem já para o 911. Deixem. Não temos tempo para isso. Levamo-lo para o hospital num dos nossos carros.
Vinte minutos depois, Andrew estava deitado numa maca, numa sala de urgências do hospital de St. Vincent em Manhattan. Sobre a cara tinha uma máscara de oxigénio e uma agulha de endovenoso espetada no braço. Dois médicos debruçavam-se sobre ele.
Tanner andava freneticamente de um lado para o outro.