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A notícia da mensagem de adeus de Princesa espalhou-se rapidamente pela empresa. Os empregados que se tinham preparado para um casamento interrogavam-se como Tanner ia encaixar este rude golpe. Houve inúmeras especulações entre o pessoal sobre o que ele faria depois desta rejeição.

Dois dias depois de Tanner ter recebido a carta, apareceu uma notícia nos jornais a anunciar que a que fora noiva de Tanner se casara com Edmond Barclay, um milionário e grande senhor dos media. As únicas alterações no comportamento de Tanner foi um aumento na rabugice e uma ética de trabalho que era ainda mais forte do que anteriormente. Todas as manhãs passava duas horas sozinho, a trabalhar num projecto que estava envolto em total secretismo.

Uma noite, Tanner foi convidado para falar na MENSA, a sociedade de pessoas de QI elevado. Como muito dos empregados do KIG eram seus membros, ele acabara por aceitar.

Quando chegou, na manhã seguinte, ao quartel-general, estava acompanhado por uma das mais belas mulheres que os seus empregados alguma vez tinham visto. Tinha aspecto latino, olhos escuros, uma tez cor de azeitona e uma figura sensacional.

Tanner apresentou-a ao pessoal.

- Esta é Sebastiana Cortez. Discursou ontem na MENSA. Uma apresentação brilhante.

 De repente, toda a atitude de Tanner parecia mais ligeira. Levou-a para o seu escritório e não voltaram a aparecer durante uma hora. Quando saíram, almoçaram na sala de jantar particular de Tanner.

Uma das funcionárias fez uma busca sobre Sebastiana na internet. Era uma antiga Miss Argentina e vivia em Cincinati, onde estava casada com um proeminente homem de negócios.

Quando regressaram ao escritório dele depois do almoço, a voz de Tanner ouvia-se na recepção através do intercomunicador, que ele deixara ligado.

- Não te preocupes, querida. Acabamos por descobrir uma maneira de resolver as coisas.

As secretárias juntaram-se em redor do intercomunicador, ouvindo interessadamente a conversa.

- Temos de ter muito cuidado. O meu marido é um homem muito ciumento.

- Não vai haver problema. Tratarei de tudo para que nos continuemos a manter em contacto.

Não era preciso ser-se um génio para perceber o que estava a acontecer. As secretárias estavam com dificuldade em evitar o riso.

- Tenho muita pena que tenhas de regressar já a casa.

- Também eu. Quem me dera poder ficar, mas não é possível.

Quando Tanner e Sebastiana saíram do escritório, eram a imagem do decoro. Os empregados deliciaram-se com a idéia de que Tanner não imaginava que eles sabiam o que se passava.

No dia seguinte à partida dela, Tanner mandou vir um telefone banhado a ouro, para ser instalado no seu escritório com um misturador digital. A sua secretária e as assistentes tinham ordens expressas para nunca o atenderem.

Daí em diante, Tanner falava no telefone dourado praticamente todos os dias e no fim de cada mês partia para um prolongado fim-de-semana de onde regressava com aspecto refrescado. Nunca disse aos empregados onde ia, mas eles adivinhavam.

Dois dos assistentes de Tanner estavam a conversar e um deles disse ao outro:

- A palavra rendez-vous diz-te alguma coisa?

A vida amorosa de Tanner recomeçara novamente e a mudança nele era bem visível. Todos andavam satisfeitos.

 

CAPÍTULO 19

As palavras martelavam continuamente na cabeça de Diane Stevens. Fala Ronjones. Era só para lhe dizer que recebemos os documentos que nos enviou e que a mudança de planos já foi levada a cabo, tal como nos pediu... Acabámos de cremar o corpo do seu marido há cerca de uma hora.

Como é que uma funerária conseguira cometer um erro daqueles? No meio da sua dor, seria possível que lhes tivesse telefonado e pedido que cremassem Richard? Jamais. E, além disso, não tinha qualquer secretária. Nada daquilo fazia sentido. Alguém na funerária percebera mal, confundira o nome de Richard com o nome de outra pessoa.

Tinham entregue a urna com as cinzas dele. E Diane esperara a olhar para ela. Richard estava mesmo ali dentro?... E o seu riso, também lá estava?... E os braços que a tinham apertado... E os lábios quentes que comprimira contra os seus... A mente que fora tão brilhante e tão divertida.. A voz que lhe dizia alto "Amo-te"... Todos os seus sonhos e as suas paixões e mais mil e uma coisas, ali dentro daquela pequena urna?

Cinzas...

Os seus pensamentos foram interrompidos pelo toque do telefone.

- Senhora Stevens?

- Sim...

- Fala do gabinete do senhor Tanner Kingsley. O senhor Kingsley gostaria de saber se seria possível marcar uma hora para poder encontrar-se aqui nas nossas instalações.

Isto passara-se há dois dias e agora Diane atravessava a entrada do KIG e aproximava- se da secretária na recepção.

- Em que posso ser útil? - perguntou a recepcionista.

- O meu nome é Diane Stevens e tenho uma reunião marcada com o senhor Tanner Kingsley.

- Oh! Senhora Stevens! Todos nós lamentamos muito o que aconteceu ao seu marido. Mas que coisa horrível. Horrível.

Diane engoliu em seco. - Pois foi.

Tanner dizia a Retra Tyler:

- Vou ter agora duas reuniões. Quero que as graves e as examines. - E ficou a olhar enquanto o seu assistente saía.

O intercomunicador soou:

- Senhor Kingsley, está aqui a senhora Stevens para falar consigo.

Tanner premiu um dos botões no painel electrónico sobre a sua secretária e Diane Stevens surgiu num dos ecrãs de televisão na parede. Trazia o cabelo louro amarrado num carrapito e vestia uma saia de riscas azuis escuras e brancas e uma blusa branca. Tinha um aspecto pálido.

- Mande-a entrar, por favor.

Olhou enquanto Diane cruzava a porta e ergueu-se para a cumprimentar.

- Obrigado por ter vindo, senhora Stevens.

- Bom dia - cumprimentou Diane.

- Queira sentar-se, por favor.

Diane sentou-se numa cadeira em frente dele, do outro lado da secretária.

- Escusado será dizer que ficámos todos imensamente chocados com o brutal assassínio do seu marido. Posso garantir-lhe que tudo faremos para que a pessoa responsável seja presente à Justiça o mais brevemente possível.

- Se não se importa, gostaria de lhe fazer algumas perguntas.

- Sim?

- O seu marido falava muitas vezes consigo sobre o seu trabalho?

Diane abanou a cabeça.

- Não, nem por isso. Era uma parte separada da nossa vida de casal, porque era muito técnica.

Na sala de vigilância ao fundo do corredor, Retra Tyler ligou um aparelho identificador de voz, um analisador da tensão na voz e um vídeo gravador e começou a gravar a cena que decorria no gabinete de Tanner.

- Imagino que lhe seja muito difícil falar nisto - prosseguiu Tanner - mas o que sabe, de facto, sobre a ligação que o seu marido com drogas?

Diane olhava fixamente para ele, demasiado estupefacta para conseguir responder. Por fim, reuniu forças:

- Desculpe? Mas que pergunta é essa? Richard jamais teve alguma coisa a ver com drogas.

- Senhora Stevens, a polícia encontrou uma mensagem ameaçadora da Máfia dentro do bolso do casaco dele e...

A idéia de que Richard pudesse estar envolvido com drogas era simplesmente impensável. Teria ele uma vida secreta sobre a qual ela nada sabia? Não, não, não.

O coração dela começou a bater fortemente e sentiu o sangue a subir-lhe ao rosto. Eles mataram-no para me castigarem a mim?

- Senhor Kingsley, Richard não...

O tom na voz de Tanner era compreensivo, mas ao mesmo tempo determinado.

- Lamento muito obrigá-la a passar por isto, mas estou decidido a saber a razão do que aconteceu ao seu marido.

Saber a razão, pensou, infeliz, Diane. Sou eu quem tu buscas. Richard morreu porque eu testemunhei contra Auieri. E começou a hiperventilar. Tanner Kingsley observava-a e em seguida disse: