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O motorista olhou para ela pelo espelho:

- O quê?

- Não passe com a luz verde. Espere que mude para amarelo.

- Ela via a expressão do homem reflectida no espelho. Kelly obrigou-se a sorrir:

- Estou a tentar ganhar uma aposta.

- Oh! - Mais um passageiro doido.

Assim que a luz mudou de verde para amarelo, Kelly pediu:

- Agora!

O táxi fez uma viragem brusca para a esquerda no momento preciso em que a luz passava a vermelho. Atrás deles, o polícia parava o trânsito seguinte. Os homens na limusina viraram-se um para o outro, em frustração.

Assim que o táxi percorreu um quarteirão, Kelly exclamou:

- Oh! Esqueci-me de uma coisa. Tenho de sair aqui.

O motorista encostou ao passeio e Kelly saiu, dando-lhe algum dinheiro.

- Aqui tem.

Ele ficou a olhar enquanto ela entrava apressadamente num edifício de consultórios médicos. Só espero que vá ver um psiquiatra.

Na esquina, no momento em que a luz passou a verde, a limusina virou para a esquerda. O táxi levava dois quarteirões de vantagem e eles apressaram-se a apanhá-lo.

Cinco minutos mais tarde, Kelly chamava outro táxi.

No apartamento de Diane Stevens, o detective Greenburg perguntava:

- Senhora Stevens, conseguiu ver a pessoa que disparou contra si?

Diane abanou a cabeça:

- Não, tudo se passou tão depressa...

- Seja lá quem foi, não estava a brincar. Os homens da balística tiraram as balas da parede e eram calibre quarenta e cinco, capazes de furar uma armadura. A senhora teve muita sorte... - Hesitou.

- Pensamos que a pessoa que o fez deve ter ido a mando de Anthony Altieri.

Diane engoliu em seco. Vou levar as coisas com calma... Cobrar umas dívidas antigas.

- Nós estamos a verificar essa hipótese.

Diane acenou com a cabeça.

Greenburg estudou-a por momentos: - Quanto à pasta que desapareceu, faz alguma idéia do que lá estava dentro?

- Não sei bem. Richard levava-a com ele para o laboratório todas as manhãs e trazia-a sempre para casa à noite. Uma vez vi os papéis e eram coisas muito técnicas.

Greenburg pegou na aliança que estava sobre a mesa.

- E a senhora diz que o seu marido nunca tirava a aliança?

- Sim. Exactamente.

- Nos dias anteriores à morte dele, o seu marido agiu de alguma forma diferente, como se estivesse sob grande pressão ou preocupado com alguma coisa? Lembra-se de alguma coisa que ele tenha dito ou feito na última noite que o viu?

Era manhã bem cedo, estavam deitados, nus, e Richard acariciava-lhe as coxas com suavidade e disse:

- Hoje à noite vou ter que trabalhar até tarde, mas guarda uma ou duas horas para mim, para quando eu chegar, meu amor.

Ela tocara-lhe onde ele gostava de ser tocado e respondera:

(Nota da revisora: aqui um pequeno trecho truncado. Impossível transcrever) - o favor de dizer aos seus amiguinhos da Máfia que me deixem... e eu lutava para tentar não entrar em histeria.

- Fanfarrão.

- Senhora Stevens?

Diane foi bruscamente chamada à realidade.

- Não. Nada fora do normal.

- Vou arranjar-lhe protecção - disse Greenburg.

A campainha da porta da frente tocou. - Está à espera de alguém?

- Não.

Greenburg acenou com a cabeça. - Eu abro.

Caminhou até à porta e abriu-a. Kelly Harris entrou de rompante e empurrou-o para o lado. Dirigiu-se a Diane:

- Temos que falar.

Esta olhou para ela espantada. - Pensei que ia a caminho de Paris!?

- Resolvi fazer um desvio.

Greenburg juntou-se-lhes.

- Este é o detective Earl Greenburg. Kelly Harris.

Kelly virou-se para Greenburg:

- Alguém tentou forçar a entrada no meu quarto no hotel, detective.

- E chamou a segurança?

- Chamei. Já se tinham ido embora. Um segurança acompanhou-me até cá abaixo.

- Faz alguma idéia de quem eles eram?

- Não.

- Quando diz que alguém tentou forçar a entrada no seu quar to, quer com isso dizer que tentaram forçar a porta?

- Não. Eles limitaram-se a ficar do lado de fora. Fingiram que eram do serviço de quartos.

- E a senhora tinha pedido alguma coisa?

- Tinha.

Diane interrompeu:

- Então é natural que estivesse a imaginar coisas, devido ao que se passou hoje, esta manhã...

Kelly virou-se irritada para ela:

- Ouça lá. Eu disse-lhe que não queria ter nada a ver com isto nem consigo. Vou fazer as malas e partir para Paris hoje à tarde.

E ficaram os dois a olhar enquanto ela saía.

- O que foi isto? - perguntou Greenburg.

- O marido dela foi... foi morto. Trabalhava para a mesma em presa que Richard, o Kingsley Internacional Group.

Quando Kelly regressou ao seu hotel, dirigiu-se imediatamente à recepção:

- Eu vou-me embora - informou. - Pode fazer-me uma reserva no próximo avião para Paris?

- Com certeza, senhora Harris. Tem preferência por alguma companhia?

- Só quero que me tirem daqui.

Kelly atravessou o átrio, entrou num dos elevadores e premiu o botão para o quarto andar. No momento em que as portas se fechavam, dois homens forçaram-nas a abrir e entraram. Kelly estudou-os durante uns segundos, depois saiu rapidamente para o átrio. Aguardou até que as portas se fechassem e dirigiu-se às escadas e começou a subir. Não vale a pensa correr riscos, pensou.

Assim que chegou ao quarto andar, um homem enorme barrava-lhe a passagem.

- Com licença - pediu Kelly e começou a tentar passar por ele.

- Chiu! - Ele apontava-lhe uma arma com um silenciador.

Kelly empalideceu.

- O que é que...

- Calada. Penso que tem o número correcto de buracos, minha senhora. A não ser que pretenda ter mais outro, esteja quieta. Muito quieta. Você e eu vamos descer as escadas.

O homem sorria, mas quando Kelly olhou mais de perto verificou que uma facada que ele recebera no lábio superior lhe repuxara a boca, obrigando-a a sorrir constantemente. Tinha o olhar mais gelado que Kelly alguma vez vira.

- Vamos embora.

Não! Eu não estou disposta a morrer por causa daquela cabra!.

- Ei! Espere aí um segundo. Você está enganado...

E sentiu a arma a esmagar-se contra as costelas com tal força que sentiu vontade de gritar.

- Eu disse-lhe para estar calada! Vamos a pé para baixo.

- Por favor - pediu baixinho. - Eu não sou... - A dor que Ele segurava-lhe o braço, magoando-a, a arma oculta na mão atrás das costas.

Sentiu quando ele lhe espetou a arma contra a coluna, era terrível. Ele apertava-lhe o braço com tanta força que sentia o sangue a pulsar Começaram a descer as escadas. Chegaram ao átrio. Estava cheio de gente e, quando Kelly pensou na possibilidade de gritar para pedir ajuda, o homem disse:

- Nem sequer pense nisso.

E chegaram lá fora. Havia uma carrinha à espera na curva. Dois carros mais acima, um polícia passava uma multa de estacionamento. O captor de Kelly conduziu-a para a porta traseira da carrinha.

- Entra - ordenou.

Kelly olhou de soslaio para o polícia mais à frente.

- Está bem - berrou Kelly em voz alta e zangada. - Eu faço-o, mas antes quero dizer-lhe uma coisa. Aquilo que quer que eu faça vai-lhe custar mais cem dólares. Acho que é nojento.

O polícia virara-se para ver o que se estava a passar. O homenzarrão olhava firmemente para ela.

- Mas que raio está...

- Se não me pagar, então esqueça, seu sacana.

Kelly começou a caminhar rapidamente na direcção do polícia. O homem olhava para ela. Os seus lábios sorriam, mas o seu olhar era letal.

Kelly apontou para ele:

- Aquele pervertido está a incomodar-me.

Olhou para trás, para ver o polícia que se dirigia ao matulão. Entrou para um táxi que estava parado.

Assim que o matulão começou a entrar na carrinha, o polícia chamou-o:

- Espere um momento, senhor! Segundo a lei deste estado, é proibido angariar os serviços de uma prostituta.