Ele olhou para ela, segurou-lhe o braço e apertou-lho tanto que ela sentiu uma dor terrível.
Olhou sobressaltada para ele.
- Mas que...?
- Porque não entramos no carro? - disse ele suavemente. E ia puxando Diane na direcção do Mercedes. O seu aperto foi aumentando.
- Mas eu não...
Assim que chegaram junto do carro, Diane viu os homens do restaurante lá dentro sentados, nos lugares da frente. Horrorizada, percebeu o que acontecera e ficou em pânico.
- Por favor - pediu. - Não. Eu... - E sentiu-se empurrada para dentro do carro.
Greg Holliday entrou para o lado dela e fechou a porta.
- Schnell!
Quando o carro se embrenhava no meio do trânsito, Diane começou a ficar histérica.
- Por favor...
Greg Holliday virou-se para ela e sorriu de forma tranqüilizadora.
- Pode ficar calma. Não lhe vou fazer mal. Garanto-lhe que amanhã já vai estar a caminho de casa.
E enfiou a mão dentro da bolsa traseira que estava presa ao banco do condutor e tirou para fora uma agulha hipodérmica.
- Vou dar-lhe uma injecção. Não faz mal nenhum. Vai pô-la a dormir durante uma ou duas horas.
E pegou no pulso de Diane.
- Scheisse! - berrou o condutor. De repente, um peão surgira na frente do Mercedes e o condutor teve de travar a fundo para não o atropelar. Apanhado desprevenido, Holliday bateu com a cabeça contra a parte metálica do apoio para a cabeça.
Tentou endireitar-se, atordoado. E gritou ao condutor:
- Mas que raio...?
Nesse momento, num gesto instintivo Diane agarrou a mão de Holliday que segurava a seringa, virou-lhe o pulso e enterrou-lhe a agulha na carne.
Holliday virou-se para ela, horrorizado:
- Não! - gritou.
Com um horror crescente, Diane viu o corpo dele entrar em espasmos, em seguida endurecer e ter um colapso. Morrera em segundos. Os dois homens no banco da frente viraram-se para ver o que se passava. Diane já estava fora da porta e, segundos mais tarde, sentava-se num táxi para seguir na direcção oposta.
CAPÍTULO 39
O som do seu celular a tocar fê-la estremecer. Pegou nele com cuidado e atendeu-o:
- Alô?
- Olá, Diane! Onde está?
- Estou em Munique. E você?
- Estou no ferry que atravessa o canal da Mancha a caminho de Londres.
- Como correu o encontro com Sam Meadows?
Kelly ainda era capaz de ouvir os gritos dele.
- Eu conto-lhe quando nos encontrarmos. Conseguiu algumas informações?
- Nada de especial. Temos de decidir o que vamos fazer a seguir. Estamos a esgotar as possibilidades. O avião de Gary Reynolds caiu perto de Denver. Penso que devíamos ir até lá. Talvez seja a nossa última hipótese.
- Está bem.
- O obituário dele dizia que tinha uma irmã em Denver. Pode ser que ela saiba alguma coisa. Porque não nos encontramos em Denver, no Brown Palace Hotel? Eu parto do aeroporto de Schoenfeld, em Berlim, daqui a três horas.
- Eu apanho um avião em Heathrow.
- Óptimo. O quarto vai ficar reservado em nome de Harriet Beecher Stowe. Kelly?
- Sim?
- E só... sabe...
- Eu sei. Você também.
Tanner estava sozinho no seu gabinete a falar no telefone dourado.
- ...e conseguiram escapar. Sam Meadows não está nada feliz e Greg Holliday morreu. - Ficou calado por momentos. - Segundo a lógica, o lugar que lhes resta é Denver. Na verdade, é provavelmente a sua última opção... Parece que vou ter que ser eu a tratar disto. Elas conseguiram ganhar o meu respeito, por isso é natural que seja eu a tratar do caso delas como deve ser. - Ficou a ouvir e riu. - É claro. Adeus.
Andrew estava sentado no seu gabinete, a divagar e a criar visões nubladas. Estava deitado numa cama de hospital e Tanner dizia: Tu espantas-me, Andrew. Devias ter morrido. Agora os médicos dizem-me que vais ter alta dentro de poucos dias. Vou dar- te um gabinete no KIG. Quero que vejas como te vou salvar a pele. Só que tu não aprendias, pois não, meu imbecil? Bom, vou transformar a tua operação de tuta e meia numa mina de ouro e tu bem podes ficar sentado a ver como o vou fazer. A propósito, a primeira coisa que fiz foi cancelar a porcaria daqueles projectos de boa vontade que iniciaste, Andrew... Andrew... Andrew...
A voz era cada vez mais forte.
- Andrew! Estás surdo?
Tanner chamava por ele. Andrew levantou-se e dirigiu-se ao gabinete do irmão.
Este olhou para cima.
- Espero não estar a interferir com o teu trabalho - disse, sarcasticamente.
- Não, eu só estava a...
Tanner estudou o irmão por instantes.
- Tu não serves mesmo para nada, pois não, Andrew? Não semeias nem colhes. É bom para mim ter alguém com quem falar, mas não sei por mais quanto tempo te quero manter por aqui.
Kelly chegou a Denver antes de Diane e instalou-se no venerável Brown Palace Hotel.
- Esta tarde vai chegar uma amiga minha.
- Pretendem dois quartos?
- Não, um duplo.
Assim que o avião de Diane aterrou no aeroporto internacional de Denver, ela apanhou um táxi que a levou ao hotel. Deu o nome ao recepcionista.
- Sim, senhora Stevens. A senhora Stowe está à sua espera. Está no quarto.
Foi um alívio ouvir aquilo.
Kelly esperava por ela. As duas trocaram um caloroso abraço - Tive saudades suas.
- E eu suas. Que tal a sua viagem? - perguntou Kelly.
- Nada de especial. Graças a Deus.
Diane olhou para ela e perguntou:
- O que foi que se passou em Paris?
- Tanner Kingsley - explicou ela. - E o que se passou em Berlim?
- Tanner Kingsley - respondeu numa voz sem timbre.
Kelly dirigiu-se a uma mesa, pegou numa lista telefónica e trouxe-a para junto de Diane.
- A irmã de Gary Reynolds, Lois, continua na lista telefónica. Vive na Marion Street.
- Óptimo. - Diane olhou para o relógio. - Hoje já é muito tarde para fazermos alguma coisa. Vamos lá logo de manhãzinha.
Jantaram no quarto e conversaram até à meia-noite, depois preparam-se para se deitar.
- Boa noite - disse Diane, e estendeu a mão para o interruptor.
O quarto ficou mergulhado em escuridão.
- Não! - gritou Kelly. - Por favor, acenda a luz.
Diane acendeu-a imediatamente.
- Desculpe, Kelly. Esqueci-me completamente.
- Até Mark aparecer, eu tinha medo do escuro. Depois de ele ter sido morto... - Kelly começou a hiperventilar, a tentar combater o pânico. Respirou fundo. - Como gostava de ser capaz de superar isto.
- Não se preocupe. Vai ser capaz, quando se sentir de novo segura.
Na manhã seguinte, quando Diane e Kelly saíram do hotel, havia uma fila de táxis em frente da entrada. Entraram num e Kelly deu o número da casa de Lois Reynolds, na Marion Street.
Quinze minutos depois, o motorista encostava ao passeio.
- Ora cá estamos.
Kelly e Diane olhavam pela janela de boca aberta. O que viam eram as ruínas queimadas de uma casa que ardera até às fundações. Não ficara nada a não ser cinzas, pedaços de madeira queimada e fundações em cimento completamente desfeitas.
- Os sacanas mataram-na - exclamou Kelly. Olhou para Diane, desesperada. - Chegámos ao fim do caminho.
Diane pensava.
- Ainda há uma possibilidade.
Ray Fowler, o amargo gerente do aeroporto de Denver, troçou de Diane e de Kelly:
- Vamos lá a ver se percebi bem. Vocês as duas estão a investigar a queda de um avião, sem qualquer autoridade para o fazerem e querem que eu lhes arranje a possibilidade de falarem com o controlador aéreo que estava de serviço, para que ele vos dê informações confidenciais? Percebi bem?
Diane e Kelly olharam uma para a outra.
- Sabe, nós tínhamos esperança de... - respondeu Kelly.
- De quê?
- De que nos pudesse ajudar.
- E porque havia eu de o fazer?
- Senhor Fowler, nós só queremos ter a certeza de que aquilo que aconteceu a Gary Reynolds foi unicamente um acidente.