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- Ou podemos ir as duas até Paris.

Estavam sentadas a sorrir uma para a outra.

- Estava agora mesmo a pensar como Richard e Mark estariam orgulhosos se soubessem que conseguimos terminar o trabalho que eles começaram - comentou Diane.

- Pode ter a certeza.

Diane olhou pela janela para o céu e disse baixinho:

- Obrigada, Richard.

Kelly olhou para ela e abanou a cabeça, mas não fez qualquer comentário.

Richard, eu sei que me podes ouvir, meu querido. Nós vamos terminar aquilo que tu começaste. Vamos vingar-te a ti e aos teus amigos. Isso não te vai trazer de volta, mas ajuda um bocadinho. Sabes do que é que eu mais sinto falta, meu amor? De tudo!

Quando a avião aterrou no aeroporto de La Guardia, três horas e meia mais tarde, Diane e Kelly foram os primeiros passageiros a desembarcar. Diane recordou as palavras da senadora: Quando chegarem ao aeroporto, uma limusina cinzenta estará à vossa espera.

O carro aguardava perto da entrada do terminal. Junto dele estava um japonês de alguma idade, fardado. Pôs-se praticamente em sentido quando Kelly e Diane apareceram.

- Senhoras Stevens e Harris?

- Exactamente.

- Eu sou Kunio. -Abriu a porta do carro e elas entraram. Momentos mais tarde, estavam a caminho de Southampton.

- A viagem demora perto de duas horas e meia - disse o motorista. - A paisagem é lindíssima.

A última coisa em que estavam interessadas era na paisagem. Estavam ambas ocupadas a pensar na forma mais rápida de explicarem à senadora o que se passara.

Kelly perguntou:

- Acha que a senadora vai correr perigo, depois de lhe contarmos o que sabemos?

- Tenho a certeza de que ela tem protecção. Saberá como lidar com isto.

- Espero bem que sim.

Ao fim de quase duas horas, a limusina entrou por fim nos terrenos de uma casa em pedra com um telhado de lousa e esguias chaminés, ao estilo da Inglaterra do século dezoito. Tinha dois grandes jardins muito bem cuidados e havia uma casa separada para os criados e a garagem.

Assim que o carro parou à porta da frente, Kunio disse:

- Ficarei cá fora à espera, se precisarem de mim.

- Muito obrigada.

A porta foi aberta por um mordomo.

- Boa noite. Entrem, por favor. A senadora está à vossa espera.

As duas mulheres entraram. A sala era elegante e de aspecto prático, mobilada com uma grande variedade de antiguidades e com sofás e cadeiras de aspecto confortável. Na parede, sobre uma enorme lareira com uma prateleira barroca, ardiam velas em dois castiçais de vidro espelhado.

O mordomo disse:

- Por aqui, por favor.

Kelly e Diane seguiram o mordomo e entraram numa grande sala de estar.

A senadora van Luven aguardava-as. Vestia um fato leve de seda azul com uma blusa e tinha o cabelo solto. Era muito mais feminina do que Diane esperara.

- Eu sou Pauline van Luven.

- Diane Stevens.

- Kelly Harris.

- Estou satisfeita por vos ver. Demorou demasiado tempo.

Kelly olhou para a senadora van Luven, intrigada.

- Desculpe?

Ouviu-se a voz de Tanner Kingsley atrás delas.

- O que ela quer dizer é que tiveram muita sorte, mas que finalmente a vossa sorte acabou.

Diane e Kelly viraram-se. Tanner Kingsley e Harry Flint tinham acabado de entrar na sala.

- Agora, senhor Flint - disse Tanner.

Harry Flint ergueu uma pistola. Sem dizer uma só palavra, fez pontaria às duas mulheres e disparou duas vezes. Pauline van Luven e Tanner Kingsley ficaram a olhar enquanto os corpos de Diane e Kelly cambaleavam para trás e caíam no chão.

Tanner dirigiu-se à senadora van Luven e abraçou-a.

- Finalmente terminou, Princesa.

Flint perguntou: - Que quer que eu faça com os corpos?

Tanner não hesitou.

- Amarra-lhes uns pesos aos tornozelos, leva-os de avião para cerca de duzentas milhas da costa e deixa-os cair ao Atlântico.

- Não há qualquer problema. - Flint saiu da sala.

Tanner virou-se para a senadora van Luven:

- Terminou, Princesa. Podemos finalmente partir.

Ela aproximou-se dele e beijou-o.

- Senti tanto a tua falta, meu amor.

- Também tive saudades tuas.

- Aqueles encontros de uma vez por mês eram frustrantes, por que eu sabia que acabavas por ter de ir embora.

Tanner apertou-a contra si.

- De agora em diante, estaremos sempre juntos. Vamos aguardar uns respeitáveis três ou quatro meses como homenagem ao teu querido falecido marido e em seguida casamo-nos.

Ela sorriu e disse: - Mudemos isso para um mês.

Ele concordou.

- Acho bem.

- Pedi ontem a demissão do Senado. Foram muito compreensivos com a minha dor pela perda do meu marido.

- Excelente. Agora podemos estar juntos sem qualquer problema. Quero que vejas uma coisa que tenho no KIG e que não te pude mostrar antes.

Tanner e Pauline chegaram ao edifício de tijolo vermelho. Tanner dirigiu-se à sólida porta de aço que tinha a meio uma pequena cavidade. Ele usava um pesado anel de camafeu com o rosto de um guerreiro grego esculpido.

Pauline observou enquanto ele premia o anel contra a cavidade e a porta se começava a abrir. A sala era vastíssima, repleta de enormes computadores e ecrãs de televisão. Numa parede mais afastada viam-se geradores e aparelhos electrónicos, todos ligados entre eles e com um painel de controle ao meio.

Tanner explicou:

- Aqui é o ground zero. O que tu e eu temos aqui é algo que vai mudar a vida das pessoas para sempre. Esta sala é o comando central de um sistema de satélites que possui capacidade para controlar o clima em qualquer lugar do mundo. Podemos provocar tempestades onde quisermos. Criar secas, evitando que chova. Nevoeiros nos aeroportos. Furacões e ciclones capazes de parar toda a economia mundial. - Sorriu. - Já demonstrei um pouco do nosso poder. Há muitos países a trabalhar para conseguirem controlar o clima, mas nunca nenhum conseguiu até agora resolver o problema.

Premiu um botão e um enorme ecrã de televisão iluminou-se.

- O que aqui vês é uma aproximação daquilo que o exército gostaria de ter. - Virou-se para ela e sorriu. - A única coisa que impediu que Prima me desse o controle total e perfeito foi o efeito de estufa, e disso tu trataste lindamente. - Suspirou. - Sabes quem criou este projecto? Andrew. Ele era, de facto, um génio.

Pauline olhava para o impressionante equipamento.

- Não percebo como é que isto consegue controlar o clima.

- Bom, a versão simplista é a de que o ar quente sobe na direcção do ar frio e, se encontrar humidade...

- Querido, não sejas condescendente.

- Desculpa, mas a versão final é bastante mais complicada - respondeu ele.

- Sou toda ouvidos.

- É um pouco técnico, por isso presta atenção. Os lasers de microondas criados com a nanotecnologia que o meu irmão produziu, quando disparados para a atmosfera da Terra, geram oxigénio livre que se mistura com o hidrogénio, produzindo ozono e água. O oxigénio livre na atmosfera junta-se em pares, por isso é que é chamado O2, e o meu irmão descobriu que, disparando o laser do espaço para a atmosfera, obrigava o oxigénio a ligar-se com dois átomos de hidrogénio em ozono, O3, e água, H2O.

- Continuo a não perceber como é que isso pode...

- O clima é accionado pela água. Andrew descobriu, em testes mais aprofundados, que uma dada quantidade de água que surgia como subproduto destas experiências fazia com que os ventos se alterassem. Mais lasers, mais vento. Controlando a água e o vento, podemos controlar o clima.

Ficou pensativo por momentos.

- Quando descobri que Akiro Isso, em Tóquio, e mais tarde Madeleine Smith, em Zurique, se estavam a aproximar da solução do problema, ofereci-lhes emprego aqui, para que os pudesse controlar.

Mas eles recusaram. E eu não me podia dar ao luxo de permitir que terminassem aquilo em que estavam a trabalhar. - Encolheu os ombros. - Contei-te que tinha quatro dos meus melhores meteorologistas a trabalhar neste projecto comigo, não contei?