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— Diga-lhe que mandarei chamá-lo assim que possível. — Toranaga começou a conversar novamente com a consorte, mas, polida e imediatamente, ela pediu licença para se retirar, sabendo que ele desejava lidar com os samurais imediatamente. Ele lhe pediu que ficasse, mas ela implorou para ser autorizada a se retirar, e ele concordou.

Entrevistou os homens cuidadosamente, peneirando as histórias deles, chamando um samurai de volta ocasionalmente, conferindo tudo. Pelo pôr-do-sol, sabia claramente o que aconte cera, o que todos pensavam que tivesse acontecido. Então comeu, ligeira e rapidamente, sua primeira refeição do dia, e chamou Kiri, afastando todos os guardas do raio de audição.

— Primeiro conte-me o que você fez, o que viu, e o que testemunhou, Kiri-chan.

A noite caiu antes que ele se sentisse satisfeito, embora ela estivesse perfeitamente preparada.

— Iiiiih! — exclamou ele. — Isso foi uma coisa e tanto, Kiri-chan.

— Sim — replicou Kiri, as mãos cruzadas sobre o amplo regaço. E acrescentou com grande ternura: — Todos os deuses, grandes e pequenos, o estavam guardando, senhor, e a nós. Por favor, perdoe-me por haver duvidado do resultado do senhor. Os deuses estavam velando por nós.

— Parece que sim, realmente, parece muitíssimo. — Toranaga olhou a noite. As chamas dos archotes estavam sendo sopradas pela leve brisa marítima, que também afastava os insetos noturnos e tornava a noite mais agradável. Uma bela lua flutuava no céu, ele podia ver-lhe as marcas escuras na face e se perguntou, distraído, se o escuro era terra e o resto gelo e neve, e por que a lua estava lá, e quem vivia lá. Oh, há tantas coisas que eu gostaria de saber, pensou.

— Posso fazer-lhe uma pergunta, Tora-chan? — Que pergunta, senhora?

— Por que Ishido nos deixou partir? Não precisaria ter feito isso, neh? Se eu fosse ele, nunca o teria feito, nunca. Por quê?

— Primeiro diga-me qual é a mensagem da Senhora Ochiba. — A Senhora Ochiba disse: "Por favor, diga ao Senhor Toranaga que eu respeitosamente gostaria que houvesse um meio de as suas diferenças com o herdeiro serem resolvidas. Como símbolo da afeição do herdeiro, eu gostaria de dizer a Toranaga-sama que o herdeiro disse muitas vezes que não deseja comandar quaisquer exércitos contra o tio, o senhor do Kwa..." — Ela disse isso!?

— Sim. Oh, sim.

— Certamente ela sabe — e Ishido — que se Yaemon levantar o estandarte contra mim eu perco!

— Foi o que ela disse, senhor.

— Iiiiiih! — Toranaga cerrou o grande punho calejado e socou-o sobre os tatamis. — Se isto for um oferecimento verdadeiro e não um truque, estou a meio caminho de Kyoto, e um passo além.

— Sim — disse Kiri. — Qual é o preço?

— Não sei. Ela não disse mais nada, senhor. A mensagem era só isso, além de saudações à irmã.

— O que posso dar a Ochiba que ela já não tenha? Osaka é dela, o tesouro é dela, para mim Yaemon sempre foi o herdeiro do reino. Esta guerra é desnecessária. Aconteça o que acontecer, dentro de oito anos Yaemon torna-se kwcrunpaku e herda a terra, esta terra. Não sobra nada para dar a ela.

— Talvez ela deseje um casamento?

Toranaga meneou a cabeça enfaticamente. — Não, ela não. Aquela mulher nunca se casaria comigo.

— É a solução perfeita, senhor, para ela.

— Ela nunca a consideraria. Ochiba, minha esposa? Por quatro vezes ela rogou ao táicum que me convidasse a partir para o Vazio.

— Sim. Mas isso foi quando ele estava vivo.

— Farei qualquer coisa que consolide o reino, preserve a paz e faça Yaemon kwanipaku. É isso o que ela deseja?

— Isso confirmaria a sucessão. É o que interessa a ela.

Novamente Toranaga contemplou a lua, mas agora sua mente estava concentrada no quebra-cabeça, lembrando-se mais uma vez do que a Senhora Yodoko dissera em Osaka. Como não conseguia antever nenhuma resposta imediata, colocou a questão de lado para continuar com o presente, mais importante. — Acho que ela está usando os seus truques de novo. Kiyama disse a você que o navio bárbaro tinha sido sabotado?

— Não, senhor.

Toranaga franziu o cenho. — É de surpreender, porque ele deve ter sabido na ocasião. Comuniquei ao Tsukku-san assim que fui informado — ele enviou um pombo-correio imediatamente, embora isso só fosse confirmar o que eles já deviam estar sabendo.

— A traição deles deveria ser punida, neh? Tanto os instigadores quanto os imbecis que a autorizaram.

— Com paciência eles terão a sua recompensa, Kiri-san. Fui informado de que os padres cristãos alegam ter sido um "ato de Deus".

— Que hipocrisia! Estupidez, neh?

— Sim. — Muito estúpido num sentido, pensou Toranaga, não em outro. — Bem, obrigado, Kiri-san. Repito que estou encantado que você esteja salva. Ficaremos aqui esta noite. Agora, por favor, com licença. Mande buscar Yabu-san e, quando ele chegar, traga chá e saquê, e depois nos deixe a sós.

— Sim, senhor. Posso fazer uma pergunta agora?

— A mesma pergunta?

— Sim, senhor. Por que Ishido nos deixou partir?

— A resposta, Kiri-chan, é que eu não sei. Ele cometeu um engano.

Ela se curvou e saiu, contente.

A noite ia quase pela metade quando Yabu partiu. Toranaga curvou-se em despedida, de igual para igual, e agradeceu-lhe por tudo novamente. Convidara-o para o conselho de guerra secreto do dia seguinte, confirmara-o como general do Regimento de Mosquetes, confirmara-o por escrito no governo de Totomi e Suruga, assim que estivessem conquistadas e garantidas.

— Agora o regimento é absolutamente vital, Yabu-san. O senhor será o único responsável pela sua estratégia e treinamento dos seus vassalos.

— Sim, isso será entre nós. Posso humildemente agradecer-lhe?

— O senhor me fez um grande serviço trazendo as minhas damas, o meu filho em segurança. Boa noite, meu amigo.

Toranaga tomou um gole de chá. Estava se sentindo muito cansado agora.

— Naga-san?

— Senhor?

— Onde está o Anjin-san?

— Perto do navio com alguns.

— O que está fazendo lá?

— Apenas olhando. — Naga sentiu-se inquieto sob o olhar penetrante do pai.

— Desculpe, ele não deveria estar lá, senhor?

— O quê? Oh, não, isso não tem importância. Onde está Tsukku-san?

— Numa das casas de hóspedes, senhor.

— Você lhe disse que quer se tornar cristão

— Sim, senhor.

— Bom. Vá buscá-lo.

Poucos momentos depois Toranaga viu o padre alto aproximar-se sob os archotes — o rosto tenso profundamente sulcado, o cabelo preto tonsurado sem um salpico de cinza -, e lembrou-se subitamente de Yokosé.

— A paciência é muito importante, Tsukku-san. Neh?

— Sim, sempre. Mas por que disse isso, senhor?

— Oh, eu estava pensando em Yokosé. Como tudo estava diferente lá, há tão pouco tempo.

— Ah, sim. Deus se move por caminhos curiosos, sim, senhor. Estou muito contente de que o senhor ainda esteja dentro das suas fronteiras.

— Queria me ver? — perguntou Toranaga, abanando-se, secretamente invejando ao padre o estômago chato e o dom para as línguas.

— Apenas para me desculpar pelo que aconteceu. — O que disse o Anjin-san?

— Muitas palavras coléricas — e acusações de que eu queimei o navio dele.

— O senhor queimou? — Não, senhor.

— Quem queimou?

— Foi um ato de Deus. Aconteceu uma tempestade e o navio pegou fogo.

— Não foi um ato de Deus. O senhor diz que não contribuiu para isso, o senhor ou qualquer padre ou qualquer cristão? -— Oh, contribuí, senhor. Rezei. Todos nós fizemos isso. Diante de Deus, acredito que aquele navio era um instrumento do Demônio, disse isso muitas vezes. Sei que sua opinião não era essa e novamente lhe peç-) perdão por me opor ao senhor nesse assunto. Mas talvez esse ato de Deus tenha ajudado e não atrapalhado.

— Oh? Como?

— O padre-inspetor não está mais perturbado, senhor. Agora pode se concentrar nos senhores Kiyama e Onoshi.