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— Sete.

— Não pode. Não dá lucro. É demais — disse Struan.

Ayeeee yah. É muito, muito lucro. Sete!

— Dez anos, seis por cento... dez anos, cinco por cento.

Ayeeee yah — Jin-qua respondeu, acaloradamente. — Ruim, muito ruim. — Ele acenou a frágil mão em direção às arcas. — Grande custo! Grande juro. É muito. Dez anos seis, dez anos cinco, acrescente mais dez anos cinco.

Struan ficou imaginando se a raiva era real ou fingida.

— Suponha nenhum Jin-qua, nenhum filho de Jin-qua?

— Muito filho... muito filho de filho. Pode?

— Mais dez anos, acrescente quatro por cento.

— Cinco.

— Quatro.

— Ruim, ruim. Juro muito alto, muito. Cinco.

Struan manteve os olhos afastados das barras, mas sentia que o cercavam. Não seja tolo. Aceite. Concorde com tudo. Você está salvo, rapazinho. Você tem tudo.

— Mandarim Ti-sen diz um mandarim Hong Kong — disse Jin-qua, bruscamente. — Por que você diz não? — Jin-qua não gosta mandarim, hein? Por que eu gostar de mandarim, hein? — Struan respondeu, com um bolo no estômago.

— Quarenta laques de dólar, um mandarim. Pode?

— Não pode.

— É fácil. Por que você diz não pode? Pode.

— Não pode. — Os olhos de Struan não vacilaram nunca. — Mandarim não pode.

— Quarenta laques de dólar. Um mandarim. Barato.

— Quarenta vezes dez laques de dólar e não pode. Morrer primeiro. — Struan decidiu encerrar a barganha. — Acabou. — Ele disse, abruptamente. — Por meus pais, acabou. — Ele se levantou e caminhou para a porta.

— Por que ir? — perguntou Jin-qua.

— Nenhum mandarim... nenhum dólar. Para que conversar, hein?

Para espanto de Struan, Jin-qua riu e disse:

— Ti-sen quer mandarim. Jin-qua não empresta dinheiro de Ti-sen. Jin-qua empresta dinheiro de Jin-qua. Acrescente mais dez anos cinco por cento. Pode?

— Pode. — Struan sentou-se outra vez, tonto.

— Cinco laques de dólar compram para Jin-qua terra em Hong Kong. Pode?

— Por quê? — perguntou Struan a si próprio, desamparadamente. Se Jin-qua me emprestar o dinheiro, ele deve saber que a Co-hong está liquidada. Por que ele iria destruir a si mesmo? Por que comprar terra em Hong Kong?

— Pode? — Jin-qua disse outra vez.

— Pode.

— Cinco laques de dólar ficam seguros.

Jin-qua abriu uma pequena caixa de teca e tirou dois carimbos. Os carimbos eram pequenos bastões quadrados de marfim, com duas polegadas de comprimento. O velho juntou-os habilmente e mergulhou-lhes as extremidades, que tinham elaborados entalhes, na grossa tinta. Imprimiu um carimbo numa folha de papel. Jin-qua deu a Struan um dos carimbos e colocou o outro de volta na caixa.

— Homem levá este pedaço de carimbo terra e dólar, cinco laques, está bem?

— Está bem.

— Seu filho homem Gordon Chen. Bom? Ruim, talvez?

— Bom filho. Chen Sheng diz que ele tem muitos pensamentos bons: — Obviamente, supunha-se que Struan fizesse alguma coisa por Gordon Chen. Mas por que, e como, Gordon Chen entrava nas maquinações de Jin-qua? — Penso dar Gordon talvez emprego melhor.

— Para que emprego melhor? — disse Jin-qua com desprezo. — Pense em emprestar um laque de dólar ao filho Chen.

— Com que juro?

— Metade do lucro.

Lucro em quê? Struan sentiu que Jin-qua estava brincando com ele, como se fosse um peixe. Mas você está fora do anzol, rapazinho, ele teve vontade de gritar. Vai conseguir o dinheiro sem o mandarim.

— Pode.

Jin-qua suspirou e Struan supôs que o acordo estava concluído. Mas não estava. Jin-qua pôs a mão no bolso de sua manga e tirou oito meias moedas e colocou-as sobre a mesa. Cada uma das quatro moedas fora toscamente partida em duas. Com um de seus protetores de unhas, Jin-qua empurrou metade de cada moeda através da mesa.

— Final. Quatro favores. Homem leva uma dessas, você faz favor.

— Que favor?

Jin-qua recostou-se em sua cadeira.

— Não sei, Tai-Pan — disse ele. — Quatro favores, em alguma ocasião. Não minha vida talvez, filho talvez. Não sei quando, mas peço quatro favores. Metade de cada moeda, um favor. Pode?

Struan sentia os ombros molhados por um suor frio. Concordar com um pedido assim era um convite aberto ao desastre. Mas, se recusasse, o dinheiro estava perdido para ele. Você colocou sua cabeça numa armadilha diabólica, ele disse a si mesmo. Aye, mas decida. Quer o futuro ou não? Você conhece Jin-qua há vinte anos. Ele sempre foi correto. Aye, e o homem mais astuto de Cantão. Por vinte anos, ele o ajudou e guiou — e juntos vocês conquistaram cada vez mais poder e riqueza. Então, confie nele; você pode confiar nele. Não, você não pode confiar em homem nenhum, e muito menos em Jin-qua. Você prosperou com ele apenas porque sempre guardou a cartada final. Agora, pedem-lhe para dar a Jin-qua quatro coringas, em seu baralho de vida ou morte.

Mais uma vez, Struan ficou aterrorizado diante da sutileza e da esperteza diabólica de uma mente chinesa. Diante de sua majestade. Da crueldade. Mas então, disse Struan a si mesmo, eles estavam ambos jogando com apostas altas. Ambos jogando com a honestidade um do outro, porque nada havia para garantir que os favores seriam feitos.

Exceto que você os fará e deve fazê-los, porque um trato é um trato.

— Pode — disse ele, estendendo a mão. — Meu costume, apertar mão. Não é costume chinês, não se incomode. — Jamais apertara a mão de Jin-qua antes, e sabia que o aperto de mão era considerado uma coisa bárbara. Jin-qua disse: — Favor talvez contra lei. Minha, sua, entendido?

— Entendido. Você amigo. Você ou seu filho não mandam moeda pedir mau favor.

Jin-qua fechou os olhos por um momento, e pensou a respeito dos bárbaros europeus. Eles eram cabeludos feito macacos. Suas maneiras eram repulsivas e feias. Fediam inacreditavelmente. Não tinham nenhuma cultura, nem maneira, nem graça. Mesmo o mais ínfimo cule era dez mil vezes melhor do que o melhor europeu. E o que se aplicava aos homens aplicava-se ainda mais às mulheres.

Ele lembrou-se de sua única visita à prostituta inglesa, que falava inglês, de Macau. Ele a visitara mais por curiosidade do que por satisfação, encorajado por seus amigos, que diziam ser uma experiência inesquecível, pois não havia refinamento que ela não praticasse diligentemente, se encorajada.

Ele estremeceu ao pensar em seus braços cabeludos e em seus sovacos cabeludos, nas pernas e no sexo cabeludos, na aspereza de sua pele e do resto e no fedor de suor misturado com o sujo perfume.

E a comida que os bárbaros comem — horrorosa. Ele estivera em seus jantares muitas vezes e tivera de ficar sentado, enquanto eram servidos os vários pratos, quase desmaiando de nojo e fingindo não estar com fome. Observando, horrorizado, as estupendas quantidades de carne meio crua que eles enfiavam na boca, após cortar, com o caldo sanguinolento escorregando-lhes pelo queixo. E as quantidades de bebidas enlouquecedoras que eles tomavam em grandes goles. E seus repugnantes vegetais cozidos, sem gosto. E as indigestas empadas duras. Tudo em quantidades monstruosas. Como porcos — como suados e glutões demônios gargantuescos. Inacreditável!

Não têm nenhuma qualidade que possa recomendá-los, pensou. Exceto sua tendência a matar, e isto eles podem fazer com incrível brutalidade, embora sem o menor refinamento. Pelo menos, são o meio que temos para ganhar dinheiro.

Os bárbaros são o Mal personificado. Todos, com exceção deste homem — este Dirk Struan. Antigamente, Struan era como os outros bárbaros. Agora, ele é parcialmente chinês. Em sua mente. A mente é importante, pois ser chinês é, em parte, uma atitude mental. E ele é limpo e cheira a asseio. E aprendeu algumas de nossas maneiras. Ainda é violento, bárbaro, um assassino. Mas está um pouco mudado. E, se um bárbaro pode ser transformado numa pessoa civilizada, por que isto também não poderá acontecer com muitos?