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— Sonhador. Mas Gen gostaria. Você sabe o que eu acho dessa droga. — McIver afastou-se do mapa. — Estamos muito expostos, Charlie, caso as coisas fiquem pretas.

— Só se for o destino.

McIver concordou com a cabeça. Distraidamente, seus olhos pousaram no telefone. Levantou o fone. Agora estava dando sinal. Nervosamente, começou a discar: 00, internacional; 44, Grã-Bretanha; 224, Aberdeen, na Escócia; 765-8080. Esperou um bom tempo, então seu rosto se iluminou.

— Cristo, consegui.

— S-G Helicópteros, espere na linha, por favor — falou a telefonista, antes que ele pudesse dizer quem era

Esperou, fumegando.

— S-G Heli...

— Aqui é McIver, de Teerã, ligue-me com o Velho, por favor.

— Ele está falando no telefone, sr. McIver. — A garota fungou. — Vou ligar com a secretária dele.

— Alô, Mac! — disse Liz Chen, quase imediatamente. — Espere um segundo, vou passar para ele. Você está bem? Estamos tentando falar com você há dias; espere um momento.

— Está bem, Liz.

Um momento depois Gavallan dizia alegremente:

— Mac? Cristo, como conseguiu ligar? É maravilhoso falar com você. Estou com um rapaz tentando permanentemente ligar para você, para o seu escritório, seu apartamento, dez horas por dia. Como vai Genny? Como conseguiu ligar?

— Pura sorte, Andy. Estou em casa. É melhor eu falar depressa antes que cortem a ligação.

McIver contou-lhe a maior parte do que Talbot dissera. Tinha que ser discreto porque havia boatos de que a Savak, a polícia secreta iraniana, estava censurando os telefones, especialmente de estrangeiros. Era norma da companhia nos últimos dois anos presumir que alguém estivesse escutando — Savak, CIA, Ml5, KGB, qualquer um.

Houve um instante de silêncio.

— Primeiro, obedeça à embaixada e retire todos os dependentes imediatamente. Entre em contato com a embaixada da Finlândia para providenciar o passaporte de Azadeh. Diga a Tom Lochart para apressar o de Xarazade. Eu o fiz pedir um há duas semanas, por via das dúvidas. Ele, hum, ele está levando correspondência para você, aliás.

O coração de McIver disparou.

— Ótimo, ele estará aqui amanhã.

— Vou ligar para a British Airways e ver se consigo que eles reservem lugares. Como garantia, vou mandar o 125 da companhia. Ele parte para Teerã amanhã. Se você tiver qualquer problema com a British Airways, mande todos os dependentes e pessoal de reserva por ele amanhã. Teerã ainda está aberto, não está?

— Hoje estava — McIver disse, cuidadosamente. Ouviu Gavallan dizer, também com cuidado:

— As autoridades, graças a Deus, têm tudo sob controle.

— Mac, o que você recomenda com relação às nossas operações no Irã? McIver respirou fundo.

— Status quo.

— Ótimo. Aqui tudo indica, mesmo nos níveis mais altos, que tudo deverá voltar ao normal logo. Temos muitas frentes no Irã. E muito futuro. Ouça, Mac, aquele boato a respeito da Guerney estava correto.

McIver animou-se perceptivelmente.

— Você tem certeza?

— Tenho. Há poucos minutos recebi um telex da IranOil confirmando que cegaremos todos os contratos da Guerney em Kharg, Kowiss, Zagros e Lengeh para começar. Aparentemente, a ordem de apertar veio de cima, e tive que fazer uma generosa contribuição de pishkesh para a caixinha dos nossos sócios. Um pishkesh era um antigo costume iraniano, um presente oferecido antecipadamente por um favor a ser concedido. Era também um antigo costume que qualquer funcionário ficasse, legitimamente, com o pishkesh dado a ele no decorrer do seu trabalho. Senão, como poderia viver?

— Mas não se importe com isso, vamos quadruplicar nossos lucros no Irã, rapaz.

— Ótimo, Andy.

— E não é tudo: Mac, acabei de encomendar vinte 212 e hoje confirmei a encomenda de seis X63. Ele é o máximo!

— Cristo, Andy, é fantástico, mas você não está exagerando um pouco?

— O Irã pode estar, hum, atravessando dificuldades temporárias, mas o resto do mundo está desesperado por fontes alternativas de petróleo. Os ianques estão numa sinuca, rapaz. — A voz acelerou o ritmo. — Acabei de firmar outro enorme acordo com a ExTex para novos contratos na Nigéria, na Arábia Saudita e em Bornéus, outro com a All-Gulf Oil nos Emirados. No mar do Norte somos apenas nós, Guerney e a Imperial Helicopters. — A Imperial Helicopters era uma subsidiária da Imperial Air, a segunda linha aérea semi-estatal além da British Airways. — É imprescindível que você mantenha tudo firme no Irã; nossos contratos, aeronaves e peças sobressalentes fazem parte da nossa garantia na compra das novas aeronaves. Pelo amor de Deus, mantenha nossos queridos sócios na linha. Como vão os anjinhos?

— Como sempre.

Gavallan sabia que isso significava corruptos como sempre.

— Acabei de ter uma reunião com o general Javadah em Londres. — Javadah deixara o Irã, com toda a família, há um ano, pouco antes dos problemas se tornarem evidentes. Nos últimos três meses, dois dos seus outros sócios iranianos estavam em Londres com as famílias 'por razões médicas' e outros quatro na América, também com as famílias. Três continuavam em Teerã. — Ele é estúpido, embora caro.

McIver interrompeu-o para falar de problemas mais importantes.

— Andy, preciso de dinheiro, em espécie.

— Está no correio.

McIver ouviu a gargalhada franca e se sentiu mais animado.

— Vá tomar no cú, Chinês! — disse. — Chinês era o apelido que ele dera a Gavallan que, antes de ir para Aberdeen, passara parte da sua vida como negociante na China, primeiro em Xangai e depois com a Struan's em Hong Kong, onde eles se conheceram. Naquela época, McIver tinha um pequeno serviço de helicópteros na colônia. — Pelo amor de Deus, estamos atrasados no pagamento do pessoal de terra, temos todas as despesas dos pilotos, quase tudo tem que ser comprado no... — Parou em tempo. Caso alguém estivesse escutando. Ele ia dizer câmbio negro. — Os malditos bancos ainda estão fechados e o pouco dinheiro que tenho é para heung yau. — Usou a expressão cantonesa que significa literalmente 'banha cheirosa', dinheiro usado para suborno.

— Javadah prometeu que o general Valik, em Teerã, vai lhe dar meio milhão de riais amanhã. Vou mandar um telex confirmando.

— Mas isto não chega nem a seis mil dólares e temos contas a pagar que somam vinte vezes isto.

— Sei disso, rapaz, mas ele diz que tanto Bakhtiar quanto o aiatolá querem os bancos abertos, logo eles abrirão na semana que vem. Assim que estiverem abertos, ele jura que a CHI pagará tudo o que nos deve.

— Enquanto isto, ele já liberou o estoque A? — Era um código que McIver e Gavallan usavam para fundos mantidos fora do Irã pela CHI, aproximadamente seis milhões de dólares. A CHI estava devendo quase quatro milhões à S-G.

— Não. Ele alega que tem que ter a aprovação formal dos sócios. O impasse continua.

Graças a Deus, pensou McIver. Eram necessárias três assinaturas para esta conta, duas dos sócios e uma da S-G, assim nenhum dos lados podia tocar neste fundo sem o outro.

— Isso é muito arriscado, Andy. Com a compra das novas aeronaves, mais o pagamento pelo uso do nosso equipamento aqui, você está à beira do abismo, não está?

— A gente vive sempre à beira do abismo, Mac. Mas o futuro é cor-de-rosa.

Sim, pensou McIver, para o negócio de helicópteros. Mas e aqui no Irã? No ano anterior, os sócios obrigaram Gavallan a transferir a propriedade de todos os helicópteros e equipamentos da S-G no Irã para a CHI Gavallan concordara, com a condição de que pudesse comprar tudo de volta no momento que quisesse, sem obstáculos da parte deles, e desde que mantivessem em dia o pagamento pelo arrendamento dos equipamentos e saldassem todas as dívidas. Com o início da crise e o fechamento dos bancos, a CHI atrasou, e Gavallan estava fazendo os pagamentos de todos os helicópteros no Irã com fundos da S-G em Aberdeen — os sócios argumentavam não terem culpa dos bancos estarem fechados, e Javadah e Valik prometiam pagar tudo, assim que as coisas se normalizassem. "Não se esqueça, Andrew" diziam "conseguimos para vocês os melhores contratos; e fomos nós que os conseguimos, nós; sem nós a S-G não pode operar no Irã. Assim que as coisas voltarem ao normal..."