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— E melhor o senhor nos compreender, capitão Yokkonen. E os Gorgons também. Todos eles — disse Rakoczy, incisivamente, e Erikki sentiu o sangue subir. — A Madeira Iraniana já entrou em greve e está do nosso lado. Eles lhe darão as ordens necessárias.

— Ótimo. Neste caso, vou esperar e ver que ordens são essas. — Erikki levantou-se em toda a sua altura. — Boa noite.

O russo também se levantou e encarou-o, zangado.

— O senhor e sua mulher são inteligentes demais para não entender que sem os americanos e a sua maldita CIA, Bakhtiar está perdido. Aquele louco filho da mãe do Carter enviou navios e helicópteros para a Turquia... uma esquadra de guerra americana para o Golfo, uma força-tarefa com carregamento nuclear, porta-aviões de apoio com fuzileiros e aeronaves com armas nucleares... uma esquadra de guerra.

— Não acredito nisso!

— Pois pode acreditar. Por Deus, é claro que eles estão tentando iniciar uma guerra com manobras de guerra, pois é claro que vamos ter que reagir, nós temos que responder a manobras da guerra, pois é claro que eles vão usar o Irã contra nós. É tudo uma loucura... nós não queremos uma guerra nuclear..

— Rakoczy falava com toda sinceridade, dizendo mais do que devia. Há poucas horas, seu superior o avisara pelo rádio, em código, que todas as forças soviéticas na fronteira estavam em Alerta Amarelo, a um passo do Vermelho, por causa da aproximação da frota de porta-aviões, todos os mísseis nucleares também estavam em alerta. E pior ainda, eles foram informados de grandes movimentos de tropas chinesas ao longo dos oito mil quilômetros de fronteira com a China. — Aquele filho da puta do Carter com seu Pacto de Amizade com a China vai mandar todos nós para o inferno, se tiver uma chance.

— Se tiver que ser, será — disse Erikki.

— Insha'Allah, sim, mas por que correr como um cão dos americanos ou dos seus nojentos aliados britânicos? O Povo vai vencer, nós vamos vencer. Ajude-nos e não se arrependerá, capitão. Nós só precisamos da sua habilidade por alguns di...

Parou de súbito. Alguém se aproximava correndo. Instantaneamente, a faca de Erikki estava em sua mão e ele se moveu com a velocidade de um gato, colocando-se entre a porta de entrada e a porta do quarto no momento em que a porta foi violentamente aberta

— Savak! — Gritou um homem que eles mal puderam ver e que depois tornou a sair correndo.

Rakoczy deu um pulo em direção à porta e agarrou sua metralhadora.

— Nós precisamos da sua ajuda, capitão. Não se esqueça! — E desapareceu na escuridão.

Azadeh veio até a sala. Com a arma pronta e o rosto pálido.

— O que foi aquilo a respeito de uma frota de porta-aviões? Não entendi. Erikki contou-lhe. Seu choque foi evidente.

— Isto significa guerra, Erikki.

— Sim, se acontecer. — Vestiu o casaco. — Fique aqui.

Fechou a porta atrás dele. Agora, podia ver luzes de carros se aproximando depressa pela estrada de terra que ligava a base à estrada Tabriz—Teerã. Quando seus olhos se adaptaram à escuridão, pôde distinguir dois carros e um caminhão do Exército. Em poucos instantes, o primeiro veículo parou e policiais e soldados se espalharam pela escuridão. O oficial encarregado cumprimentou-o.

— Ah, capitão Yokkonen, boa noite. Soubemos que estiveram aqui alguns revolucionários, ou comunistas do Tudeh, e que houve tiros, disse num inglês perfeito. — Sua Alteza está bem? Não há nenhum problema?

— Não, agora não, obrigado, coronel Mazardi. — Erikki o conhecia muito bem. O homem era primo de Azadeh e chefe de polícia nesta área de Tabriz. Mas Savak? Isto já é outra coisa, pensou inquieto. Se ele for, muito bem, mas eu não quero saber. — Entre.

Azadeh ficou contente em ver o primo, agradeceu por ele ter vindo e contaram-lhe o que ocorrera.

— O russo disse que o nome dele era Rakoczy, Fedor Rakoczy? — perguntou.

— Sim, mas era, evidentemente, uma mentira. — disse Erikki. — Ele deve ser da KGB.

— E ele não disse por que queriam visitar os acampamentos?

— Não.

O coronel refletiu por um momento, depois suspirou.

— Então o mulá Mahmud queria voar, hein? É burrice um homem que se diz de Deus querer voar. Muito perigoso esse sacrilégio, principalmente se ele for um marxista-islâmico! Voando em helicópteros, a pessoa pode facilmente cair, é o que dizem. Talvez a gente deva fazer a vontade dele. — Ele era alto e muito bem-apessoado, tinha cerca de quarenta anos e seu uniforme era impecável. — Não se preocupem. Esses agitadores estarão logo de volta aos seus pardieiros. Logo Bakhtiar vai nos dar ordens para conter esses cães. E esse agitador, Khomeini... nós devíamos sumir com esse traidor bem depressa. Os franceses deveriam ter dado sumiço nele, assim que chegou. Aquele tolos fracos. Estúpidos! Mas eles sempre foram fracos, intrometidos e contra nós. Os franceses sempre tiveram inveja do Irã. — Levantou-se. — Avisem-me quando seu aparelho estiver em condições de voar. De qualquer maneira, voltaremos dentro de dois dias, pouco antes do amanhecer. Vamos torcer para que o mulá e seus amigos, especialmente o russo, voltem.

Quando ele os deixou, Erikki colocou a chaleira no fogo para fazer café. Pensativo, disse:

— Azadeh, prepare uma sacola de viagem.

— O quê? — perguntou espantada.

— Vamos pegar o carro e viajar para Teerã. Partimos em poucos minutos.

— Não há necessidade de partir, Erikki.

— Se o helicóptero estivesse em condições, nós o usaríamos, mas não está.

— Não há com que se preocupar, meu querido. Os russos sempre cobiçaram o Azerbeijão, e sempre cobiçarão, czaristas, soviéticos, não faz nenhuma diferença. Eles sempre desejaram o Irã e nós sempre os mantivemos fora daqui e sempre o faremos. Não há necessidade de se preocupar por causa de alguns fanáticos e de um único russo, Erikki.

— Eu estou preocupado é com os fuzileiros americanos na Turquia, com a força-tarefa americana, e com o motivo pelo qual a KGB acha que "você e sua esposa são inteligentes demais", por que aquele cara estava tão nervoso, por que sabem tanto sobre mim e sobre você e por que 'precisam' dos meus serviços. Vá arrumar a mala, querida, enquanto ainda há tempo.

SÁBADO

10 de fevereiro4

NA BASE AÉREA DE KOWISS: 3:32H. Conduzida pelo mulá Hussein Kowissi, a multidão gritava, forçando o portão principal, trancado e iluminado por holofotes, e a cerca de arame farpado que circundava a enorme base, na noite escura, muito fria, com neve por toda parte. Havia três ou quatro mil pessoas, a maioria jovens, alguns armados, algumas moças vestindo o chador, bem na frente, acrescentando seus gritos ao tumulto: "Deus é grande... Deus é grande..."

Do lado de dentro do portão, de frente para a multidão, pelotões de soldados nervosos estavam espalhados, montando guarda, com os rifles preparados. Havia outros pelotões de reserva, e todos os oficiais estavam armados de revólveres. Dois tanques centuriões, prontos para batalha, aguardavam no centro da pista, com os motores ligados e perto deles estavam o Comandante e um grupo de oficiais. Atrás, caminhões cheios de soldados, com os faróis apontados para o portão e a cerca — vinte ou trinta soldados para cada caminhão. Atrás dos caminhões ficavam os hangares, os edifícios da base, as barracas e um grande número de funcionários, grupos formados pelo pessoal da manutenção, todos ansiosos, vestidos apressadamente, pois a multidão chegara há menos de meia hora, querendo tomar posse da base em nome do aiatolá Khomeini.

Mais uma vez a voz do comandante se fez ouvir pelos alto-falantes.

— Vocês devem dispersar-se imediatamente! — Sua voz era áspera e ameaçadora, mas a ladainha da multidão a abafava: "Allah-u Akbarrr..."

A noite estava nublada, ocultando até mesmo o sopé das montanhas Zagros, atrás da base, com os picos cobertos de neve. A base era o principal QG da S-G ao sul do Irã bem como a sede de dois esquadrões de F4 da Força Aérea Iraniana e, desde a decretação da lei marcial, de um destacamento de centuriões e soldados. Do lado de fora da cerca, a leste, a gigantesca refinaria de petróleo se espalhava por um raio de centenas de hectares, com as altas torres soltando fumaça, muitas lançando jatos de fogo para dentro da noite, à medida que o excesso de gás era queimado. Embora a refinaria estivesse em greve e fechada, algumas partes estavam iluminadas por holofotes: uma equipe reduzida de europeus e iranianos recebera permissão do komiteh de greve para tentar manter em segurança a refinaria, seus oleodutos e tanques de armazenamento.