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— Jesus — murmurou Vossi — poderia parti-lo com um dedo. Ghafari rompeu o silêncio com seus protestos.

— Um caso claro de manutenção malfeita, pondo em perigo as vi...

— Cale a boca, Ghafari — falou de Plessey, zangado. — Merde, estamos todos vivos e devemos nossas vidas ao capitão Scragger. Ninguém poderia prever uma coisa dessas, os padrões da S-G são os mais altos do Irã.

— Isto será comunicado, sr. de Plessey e..

— Por favor, faça isto, e lembre-se de que eu recomendarei o capitão por sua perícia. — De Plessey estava imponente na sua raiva. Ele detestava Ghafari, considerava-o um criador de casos, abertamente pró-Khomeini numa hora, incitando os trabalhadores a fazerem greve, desde que não houvesse nenhuma polícia ou força militar pró-xá nas vizinhanças, e em seguida servilmente pró-xá, punindo os operários pela menor infração. Porco estrangeiro, hein? — Lembre-se também de que este é um consórcio franco-iraniano e a França, como posso dizer, a França não foi hostil ao Irã na sua hora de necessidade

— Então o senhor deveria insistir para que Siri fosse atendido apenas por franceses e não por velhos! Vou comunicar este incidente imediatamente. — Ghafari retirou-se.

Antes que Scragger pudesse dizer ou fazer alguma coisa, de Plessey pôs as mãos nos ombros dele e beijou-o em ambas as faces, além de apertar-lhe a mão com o mesmo calor.

— Obrigado, mon cher ami! — Houve aplausos calorosos dos franceses que davam parabéns uns aos outros e rodeavam Scragger, abraçando-o respeitosamente. Depois Kasigi deu um passo à frente.

— Domo — disse com formalidade, e para maior embaraço de Scragger, os quatro japoneses curvaram-se diante dele ao mesmo tempo, sob mais aplausos dos franceses e muitos tapas nas costas.

— Obrigado, capitão — Kasigi repetiu, ainda formal. — Sim, nós entendemos e agradecemos. — Aí sorriu e ofereceu-lhe seu cartão com as duas mãos e mais uma curvatura. — Yoshi Kasigi, Indústrias Toda de Navegação. Obrigado.

— Não foi assim tão difícil, sr., ahn, sr. Kasigee — disse Scragger, tentando vencer o embaraço, já tendo dominado a raiva, recuperando o controle, embora prometesse a si mesmo que um dia desses pegaria Ghafari sozinho. — Nós temos, ahn, nós temos equipamento próprio para flutuar, tínhamos muito espaço e poderíamos ter descido na água. É o nosso trabalho. O nosso trabalho é colocar o aparelho no chão em segurança. O Ed... — Sorriu cordialmente para Vossi, sabendo que ao se meter no meio, o rapaz o salvara de um adversário que ele não poderia vencer. — O capitão Vossi teria feito a mesma coisa. Facilmente. Não foi das piores... eu só quis poupá-los de se molharem, embora a água esteja quente e boa, mas nunca se sabe, pode haver tubarões...

A tensão se quebrou e todos riram, embora um tanto nervosamente, pois a maior parte do golfo e das desembocaduras dos rios que o alimentavam estava infestada por tubarões. As águas mornas e a abundância de restos de comida e esgoto não tratado que os povos do golfo despejavam nele, há milênios, encorajavam os peixes de todas as espécies. Especialmente tubarões. E como todos os restos de comida e dejetos humanos das plataformas eram atirados nas águas, os tubarões costumavam ficar por perto.

— O senhor já viu algum bem grande, capitão?

— Sem dúvida. Um tubarão-martelo que se escondia ao largo da ilha Kharg. Fiquei sediado lá por dois anos e costumava vê-lo uma ou duas vezes a cada dois ou três meses. Devia ter uns oito, talvez dez metros. Já vi muitas arraias gigantescas, mas esse foi o único tubarão realmente grande.

— Merde a todos os tubarões — disse de Plessey estremecendo. — Quase fui apanhado uma vez em Siri e estava, como é que vocês dizem mesmo, ah, sim, estava molhando os pés no rasinho, mas o tubarão veio para o raso atrás de mim e veio tão depressa que encalhou. Tinha uns três metros de comprimento. Demos seis tiros nele, mas o bicho ainda saltou e tentou nos pegar e levou horas para morrer e mesmo depois que morreu nenhum de nós queria chegar perto dele. Tubarões! — Tornou a olhar para a lâmina partida. — Fico satisfeito por estar na plataforma.

Todos concordaram. Os franceses começaram e conversar, gesticulando, dois foram descarregar umas cestas e um outro foi ajudar o homem que ainda estava vomitando. Riggers foi dar uma volta. Os japoneses esperavam e observavam.

— Só para dar sorte, hein, Scrag? — disse Vossi, tocando supersticiosamente na lâmina.

— Por que não? Para sorte sua e dos passageiros, foi um bom pouso.

— O que foi que causou o defeito? — perguntou de Plessey.

— Não sei, cara — respondeu Scragger. — Havia um bando de pequenos pássaros marinhos em Siri Três, andorinhas-do-mar, eu acho. Um deles pode ter entrado no rotor e causado um ponto de tensão. Não senti nada, mas não daria mesmo para sentir. Sei que o rotor estava perfeito esta manhã porque nós o checamos como fazemos rotineiramente. — E deu de ombros. — Ato de Deus.

— Oui. Espèce de con! Não gosto de estar assim tão perto de um ato de Deus. — Franziu a testa ao olhar para a plataforma de decolagem. — Um 206 ou um Alouette poderia pousar aqui para nos apanhar?

— Vamos mandar buscar um outro 212 e estacionar o nosso pássaro daquele lado. — Scragger apontou para a parte de dentro da plataforma de decolagem, perto da pilha alta que o guindaste ia formando. — Temos rodas no nosso compartimento de bagagem, de modo que não será nenhum esforço nem vai significar nenhum atraso para vocês.

— Ótimo. Então vamos deixar as providências com você. Os outros venham comigo — disse de Plessey, com ar de importância. — Acho que precisamos de um pouco de café e de um copo de Chablis gelado.

— Pensei que todos os poços estivessem sujeitos à lei seca — disse Kasigi.

De Plessey levantou as sobrancelhas.

— E estão, monsieur. É claro. Os iranianos e os não franceses. É claro. Mas os nossos poços são franceses e estão sujeitos ao Código Napoleão. — E acrescentou grandiosamente: — Devemos celebrar a nossa chegada em segurança, e hoje vocês são convidados da Belle France, então podemos ser civilizados e quebrar o regulamento. Para que servem os regulamentos a não ser para serem quebrados? É claro. Vamos logo, depois iniciaremos a visita e ouviremos as explicações.

Todos o seguiram, exceto Kasigi.

— E o senhor, capitão? — perguntou. — O que é que o senhor vai fazer?

— Vamos esperar. O helicóptero trará peças sobressalentes e mecânicos — disse Scragger, pouco à vontade, não gostando de estar tão perto de um japonês, incapaz de apagar a lembrança de tantos amigos mortos na guerra, tão jovens, com ele ainda vivo, além da pergunta constante, incômoda, por que eles e não eu? — Vamos esperar até que seja consertado, depois iremos para casa. Por quê?

— E quando será isto?

— Antes do pôr-do-sol. Por quê?

— Com a sua permissão, gostaria de regressar com o senhor. — E Kasigi tornou a olhar para a lâmina.

— Isto... isto depende do capitão Vossi. Oficialmente, ele é o comandante desta aeronave. — Kasigi voltou sua atenção para Vossi. O jovem piloto conhecia a antipatia de Scragger pelos japoneses, mas não podia entendê-la. Pouco antes de levantarem vôo, ele dissera: "Que diabo, Scrag, a Segunda Guerra Mundial foi há um milhão de anos. O Japão é nosso aliado agora, o único aliado importante que temos na Ásia." Mas Scragger respondera: "Deixe isto para lá, Ed." E Ed deixara.

— Era melhor, era melhor o senhor voltar com os outros, sr. Kasigi, é impossível dizer quanto tempo vamos demorar.

— Helicópteros me põem nervoso. Prefiro voar com vocês, se não se importarem. — Kasigi tornou a olhar para Scragger, olhos duros no rosto marcado. — Foi uma situação difícil. O senhor quase não teve tempo, no entanto o senhor virou a menos de cem metros e fez um pouso perfeito, bem na mosca. Foi incrível. Incrível. Uma coisa eu não entendo: por que o senhor estava tão alto na hora da descida? — Percebeu o olhar que Vossi lançou a Scragger. Ah, pensou, você também está se perguntando isso. — Não há nenhum motivo num dia como este, há?