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— O senhor pilota helicópteros? — E Scragger encarou-o, ainda mais nervoso.

— Não, mas já voei neles o suficiente para saber quando há complicações. O meu negócio são os petroleiros e, portanto, os campos de petróleo, aqui no Golfo, no Iraque, na Líbia, no Alasca, em toda parte, e até mesmo na Austrália. — Kasigi deixou que o ódio passasse por ele. Estava acostumado com isso. Sabia o motivo, pois agora fazia muitos negócios na Austrália, muitos mesmo. Uma parte do ódio era merecida. Uma parte. Não importa, os australianos vão mudar, vão ter que mudar. Afinal de contas, nós controlamos uma parte considerável de suas matérias-primas e logo controlaremos muito mais. É curioso que consigamos fazer economicamente com tanta facilidade o que não conseguimos fazer militarmente. — Por favor, por que o senhor escolheu uma aproximação pelo alto hoje? Numa aproximação normal, estaríamos agora no fundo do mar. Por quê?

Scragger deu de ombros, querendo terminar a conversa.

— Chefe — perguntou Vossi —, por quê?

— Sorte.

— Se o senhor me permite — Kasigi deu um meio-sorriso —, eu gostaria de voar de volta com o senhor. Uma vida por uma vida, capitão. Por favor, guarde meu cartão. Talvez um dia eu possa prestar-lhe algum serviço. — Inclinou-se respeitosamente e se afastou.

11:56H. — Explosivos em Siri, Scrag? — de Plessey estava chocado.

— Pode haver — respondeu Scragger, também em voz baixa. Estavam na extremidade da plataforma, bem longe de todo mundo, e ele acabara de contar a de Plessey o que Abdullah lhe sussurrara.

O segundo 212 já estava lá há algum tempo, esperando as ordens de Plessey para levar seu grupo até Siri, onde almoçariam. Os mecânicos tinham retirado a maior parte da cauda do 212 de Scragger e concluíram o conserto, com Vossi observando atentamente. O novo rotor e a caixa de engrenagens já estavam no lugar.

— Explosivos podem ser colocados em qualquer lugar, em qualquer lugar.

— Disse de Plessey, com desânimo. — Até uma quantidade pequena de explosivos bastaria para arruinar todo o nosso sistema de bombeamento. Madonna, seria um plano perfeito para diminuir ainda mais as chances de Bakhtiar, ou de Khomeini, de fazer a situação voltar ao normal.

— Sim. Mas tenha cuidado ao usar esta informação e, pelo amor de Deus, guarde-a só para você.

— É claro. Este homem estava em Siri Três?

— Em Lengeh.

— Hein? Então por que não me disse isso de manhã?

— Não houve tempo. — Scragger olhou em volta, para ter certeza de que não havia ninguém por perto. — Tenha cuidado, faça o que fizer. Esses fanáticos não dão um vintém por nada nem por ninguém e se eles acharem que vazou alguma informação, que alguém deu com a língua nos dentes, haverá cadáveres flutuando daqui até Ormuz.

— Concordo. — De Plessey estava muito preocupado. — Você contou a mais alguém?

— Não, companheiro.

— Mon Dieu, o que fazer? A segurança é... como é possível ter segurança no Irã? Gostando ou não estamos em poder deles. — E acrescentou: — Mais uma vez, obrigado. Tenho que confessar que estava esperando que houvesse sabotagem em Kharg e em Abadan, interessa aos esquerdistas criar ainda mais confusão, mas nunca pensei que viessem para cá.

Pensativamente, debruçou-se na grade e olhou o mar que batia nas pilastras da plataforma. Os tubarões estavam circulando e se alimentando. Agora temos terroristas a nos ameaçar. Os tanques e as bombas de Siri são um bom alvo para sabotagem. E se causarem algum dano a Siri, perderemos anos de planejamento, anos de petróleo de que a França necessita desesperadamente. Petróleo que talvez tenhamos de comprar dos ingleses fedorentos e dos seus campos fedorentos do mar do Norte — como ousam ter tanta sorte com seus 1,3 milhões de barris por dia, e que continuam aumentando?

Por que não existe petróleo nas nossas costas ou na Córsega? Os malditos ingleses com sua hipócrita filosofia de vida! De Gaule estava certo em mantê-los fora da Europa, e agora que nós — porque temos bom coração — os aceitamos, mesmo sabendo que são uns filhos da mãe mentirosos, eles não querem partilhar sua sorte conosco, seus sócios. Só fingem estar junto conosco no MCE, mas sempre foram contra nós e sempre vão ser. O Grande Charles tinha razão sobre eles, mas estava inteiramente enganado a respeito da Argélia. Se nós ainda tivéssemos a Argélia, seu solo e portanto seu petróleo, estaríamos ricos, satisfeitos, com a Inglaterra e a Alemanha e todo o resto lambendo os nossos pés

E agora, o que fazer?

Ir para Siri e almoçar. Depois do almoço você vai raciocinar melhor Graças a Deus ainda conseguimos arranjar mantimentos em Dubai, Sharjah e Al Shargaz que continuam sensatos e civilizados: Brie, Camembert, Boursin, alho e manteiga frescos, vindos diariamente da França, e vinho de verdade sem o qual era melhor estar morto. Bem, quase, acrescentou cautelosamente e viu Scragger olhando para ele Sim, mon brave? Estou perguntando o que você vai fazer?

— Ordenar um exercício de segurança — respondeu majestosamente. — Tinha me esquecido da cláusula 56/976 do nosso contrato franco-iraniano que diz que a cada seis meses, por um período de alguns dias, a segurança deve ser checada contra todos os tipos de intrusos para.... para a glória da França e, ahn, do Irã! — Os belos olhos de de Plessey se iluminaram com a beleza do seu discurso. — Sim, é claro que meus subordinados se esqueceram de me lembrar, mas agora vamos nos dedicar aos exercícios com um perfeito entusiasmo francês. Em toda parte, em Siri, nas plataformas, em terra, até em Lengeh! Les crétins! Como ousam pensar que podem sabotar o trabalho de anos? — Olhou em volta. Ainda não havia ninguém por perto. O resto do grupo reunia-se agora perto do segundo 212. — Terei de contar a Kasigi por causa do seu petroleiro — disse em voz baixa. — O alvo poderia ser esse.

— Pode confiar nele? Quer dizer, para fazer tudo em segredo.

— Sim. Somos obrigados, mon ami. Temos que avisá-lo, sim, temos que fazer isso. — De Plessey sentiu o estômago roncando. Meu Deus, pensou, muito perturbado, espero que seja apenas fome e que eu não esteja para ter um ataque de fígado, embora isso não me espantasse, depois de tudo o que aconteceu hoje. Primeiro quase tivemos um acidente, depois nosso piloto mais importante quase briga com aquele barril de merda do Ghafari, e agora a revolução pode chegar até nós. — Kasigi perguntou se podia voltar com vocês. Quando estarão prontos?

— Antes do entardecer, mas ele não precisa esperar por nós, pode voltar com você.

— Entendo por que você não gosta de japoneses. Eu ainda não consigo suportar os alemães. Mas precisamos ser práticos. Ele é um bom freguês e já que pediu, gostaria que você, você, ahn, pedisse a Vossi para levá-lo, mon cher ami. Sim, agora somos amigos íntimos, você salvou nossas vidas, e partilhamos de um Ato de Deus! E ele é um dos nossos melhores fregueses — acrescentou com firmeza. — Muito bem. Obrigado, mon ami. Vou deixá-lo em Siri. Quando estiverem prontos, podem apanhá-lo lá. Conte-lhe o que acabou de me contar. Excelente, então está resolvido, e fique certo de que vou recomendá-lo às autoridades e ao próprio senhor Gavallan. — Tornou a sorrir. — Estou indo, até amanhã.

Scragger observou-o afastar-se. Praguejou silenciosamente. De Plessey era o chefão, logo não havia nada que pudesse fazer e naquela tarde, a caminho de Siri, sentou-se atrás na cabine, suando e detestando estar ali.

— Jesus, Scrag, — dissera Vossi, estarrecido, quando ele lhe comunicou que viajaria atrás. — Passageiro? Você está bem? Tem certeza de...