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Na porta que ficava no muro alto ele parou, respirou fundo e bateu com força. Depois tornou a bater. Ouviu passos, viu um olho por trás da vigia.

— Porteiro, sou eu, Excelência Capitão Lochart — ele gritou alegremente.

A porta foi aberta.

— Saudações, Excelência — disse o porteiro, ainda não de todo recuperado do choque da chegada e da partida inesperada do mulá e dos Faixas Verdes, humildemente recebidos por Sua Excelência Mau Humor em pessoa, pensou espantado, que assim que a porta se fechou tinha começado a pular como um doido, batendo com os pés no chão, e voltando correndo para o salão e agora aqui estava uma nova aparição, por Deus, o infiel que foi casado com a prometida de Sua Excelência Mijo.

Uma rajada de vento fez voarem folhas mortas pelo pátio. Um outro criado de olhos esbugalhados estava em pé ao lado da porta.

— Saudações, Excelência — ele gaguejou — Eu... eu vou dizer a Sua Excelência Meshang que o senhor chegou.

— Espere! — Agora Lochart estava ouvindo o ruído excitado de vozes vindo do salão de jantar, copos tilintando, risadas de festa. — Minha mulher está lá dentro?

— Sua mulher? — O criado conteve-se com dificuldade. — A, ahn, Sua Alteza, Excelência capitão, ela foi para a cama.

A ansiedade de Lochart aumentou.

— Ela está doente?

— Ela não me pareceu doente, Excelência, ela subiu pouco antes do jantar. Eu vou dizer a Sua Excelência Meshang que...

— Não é preciso incomodar nem a ele nem aos seus convidados — ele disse, encantado com a oportunidade de vê-la a sós primeiro. — Eu vou vê-la e depois desço e anuncio a minha presença.

O criado observou-o subir as escadas, de dois em dois degraus, esperou até que ele desaparecesse da sua vista, depois correu para encontrar Meshang

Lochart andou de um corredor para o outro. Forçou-se a ir andando, encantado com a surpresa que faria a ela e depois eles iriam ver Meshang e Meshang ouviria o seu plano. Finalmente ele chegou na porta do quarto e girou a maçaneta. Como a porta não abriu, ele bateu de leve e chamou:

— Xarazade, sou eu, Tommy. — O seu coração cantava enquanto ele esperava. — Xarazade? — Esperou. Tornou a bater. Esperou. Depois bateu um pouco mais alto. — Xarazade!

— Excelência!

— Oh, olá, Jari — disse, não notando, na sua impaciência, que ela estava tremendo. — Xarazade, querida, abra a porta, sou eu, Tommy!

— Sua Alteza disse que não queria ser incomodada.

— Ela não se referia a mim, é claro que não! Oh! Ela tomou um comprimido para dormir?

— Oh, não, Excelência. Ele prestou atenção nela.

— Por que você está tão assustada?

— Eu? Eu não estou assustada, Excelência, por que estaria assustada? Há alguma coisa errada, ele pensou. Impacientemente, tornou a bater.

— Xarazade! — Esperou, esperou, esperou. — Isto é ridículo — murmurou. — Xarazade! — Sem se dar conta do que estava fazendo, começou a esmurrar a porta. — Abra esta porta, pelo amor de Deus!

— O que você está fazendo aqui?

Era Meshang, louco de raiva. No final do corredor, Lochart viu Zarah aparecer e parar.

— Boa... boa noite, Meshang — ele disse, com o coração disparado, tentando se mostrar razoável e educado e por que ela não abria a porta e não foi assim que eu pensei que fosse acontecer. — Eu voltei para ver minha mulher.

— Ela não é mais sua mulher, ela está divorciada, agora saia! Lochart olhou para ele estarrecido.

— É claro que ela é minha mulher!

— Por Deus, você é idiota? Ela foi sua mulher. Agora saia da minha casa!

— Você é louco, você não pode fazê-la divorciar-se assim.

— SAIA!

— Foda-se! — mais uma vez Lochart esmurrou a porta. — Xarazade! Meshang virou-se para Zarah:

— Vá chamar os Faixas Verdes! Ande, vá chamar os Faixas Verdes! Eles porão este louco daqui para fora.

— Mas, Meshang, não é perigoso envolvê-los em...

— Vá chamá-los!

Lochart exaltou-se. Enfiou o ombro na porta. Esta sacudiu mas não cedeu, então ele levantou o pé e atirou-o de encontro à fechadura. A fechadura estalou e a porta abriu-se.

— Vá chamar os Faixas Verdes! — Meshang berrou. — Você não compreende que eles agora estão do nosso lado?, nós fomos reconhecidos... — Então ele entrou no quarto também. Viu, espantado, que o quarto estava vazio, a cama vazia, o banheiro vazio, que ela não estava em lugar nenhum. Tanto ele como Lochart viraram-se para Jari que estava em pé na porta, olhando estarrecida. Zarah, cautelosamente, ficou parada atrás dela.

— Aonde ela está? — gritou Meshang .

— Eu não sei, Excelência, ela não saiu daí, o meu quarto é aqui ao lado e eu tenho o sono leve... — Jari gritou quando Meshang acertou-lhe um soco na boca, fazendo-a cair de quatro no chão.

— Onde ela foi?

— Eu não sei, Excelência. Pensei que ela estivesse na ca... — Ela gritou quando o pé de Meshang acertou-a do lado. — Por Deus, eu não sei, eu não sei!

Lochart foi até as janelas francesas. Elas se abriram facilmente, pois não estavam trancadas. Imediatamente, ele saiu para o balcão, desceu as escadas e foi até a porta dos fundos. Depois voltou devagar, com a cabeça rodando. Meshang e Zarah ficaram observando do balcão.

— A porta dos fundos não estava trancada. Ela deve ter saído por lá.

— Para ir aonde? — Meshang estava vermelho de raiva e Zarah virou-se para Jari que estava ainda de quatro no chão, gemendo e chorando de dor e medo.

— Cale-se, sua cadela, ou vou mandar açoitá-la. Jari! Se você não sabe aonde ela foi, aonde acha que ela deve ter ido?

— Eu... eu não sei, Alteza — a velha soluçou.

— Pense! — Zarah gritou e deu-lhe um tapa. Jari uivou.

— Eu não seiii! Ela esteve esquisita o dia inteiro, Excelência, esquisita, ela me mandou embora hoje à tarde e continuou sozinha e eu me encontrei com ela às sete horas e nós voltamos juntas, mas ela não disse nada, nada, nada...

— Por Deus, por que você não me contou isso? — gritou Meshang.

— Mas o que havia para contar, Excelência? Por favor, não me chute de novo, por favor!

Meshang atirou-se numa cadeira. O pêndulo violento de um terror total, quando os Faixas Verdes e o mulá foram anunciados, para uma total euforia ao saber que suas propriedades seriam devolvidas e depois a fúria por saber que Lochart estava lá e que Xarazade tinha sumido o haviam deixado completamente perturbado. Sua boca se moveu mas não saiu nenhum som e ele viu Lochart questionando Jari mas não conseguiu entender as palavras.

Ao voltar correndo para a sala de jantar para contar a grande novidade, tinha havido muita alegria, Zarah chorando de felicidade, abraçando-o, bem como as outras mulheres, e os homens lhe apertaram a mão com entusiasmo. Todos exceto Daranoush. Daranoush não estava mais lá. Ele tinha fugido. Pela porta dos fundos.

— Ele foi embora?

— Como um saco de merda! — Alguém gritou.

Todo mundo tinha começado a rir, aliviados por não correrem nenhum risco por tabela, além de satisfeitos com a volta de Meshang à riqueza e ao poder, tudo isso deixando-os com as cabeças leves. Alguém tinha gritado:

— Você não pode ter por cunhado um cretino como Daranoush, Meshang!

— Não, não, por Deus — ele se lembrava de ter respondido, tomando uma taça de champanhe. — Como confiar num homem destes? Nem com um balde de mijo! Pelo Profeta, eu sempre achei que o Imundo Daranoush cobrava demais pelos serviços. O bazar devia rescindir o seu contrato!