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— Você está presa ao seu juramento por dois anos, depois você pode partir livremente. Isto é uma ordem!

Ela levantou os olhos para ele e disse sombriamente:

— Talvez daqui a dois anos eu não queira partir.

Erikki colocou a sua mão enorme no ombro dela, com os dedos rodeando-lhe de leve o pescoço.

— Neste caso, mulher, eu voltarei e a arrastarei pelos cabelos. — Ele disse isto com tanta calma e com tanta fúria que ela ficou paralisada. Logo em seguida ela baixou os olhos e olhou para o fogo, ainda encostada na perna dele. Ele continuou com a mão no seu ombro. Ela não fez nenhum movimento para tirá-la dali. Mas ele sabia que ela estava com ódio dele. No entanto, ele sabia que era necessário dizer o que tinha dito.

— Por favor, desculpem-me por um momento — ela disse, com a voz fria como gelo.

Os dois homens ficaram olhando-a se afastar Quando estavam sozinhos, Hakim disse:

— Ela vai obedecer?

— Não — disse Erikki. — Não, a menos que você a mantenha trancada, e mesmo assim... Não, ela está decidida.

— Eu nunca, nunca permitirei que ela quebre o juramento e renuncie ao islamismo, você precisa entender isto, mesmo... mesmo que eu tenha que matá-la.

Erikki olhou para ele.

— Se você fizer algum mal a ela, você é um homem morto, caso eu esteja vivo.

NAS FAVELAS AO NORTE DA CIDADE DE TABRIZ: 22:36H. No meio da escuridão, a primeira leva de Faixas Verdes correu para a porta que ficava no muro alto, explodiu as fechaduras e entrou no pátio interno atirando. Hashemi e Robert Armstrong estavam do outro lado da praça, razoavelmente protegidos por um caminhão estacionado. Outros homens se esgueiraram pelo beco para impedir qualquer retirada.

— Agora! — Hashemi disse no walkie-talkie. Imediatamente o lado oposto da praça onde estava o inimigo foi iluminado pelos holofotes montados em caminhões camuflados. Homens começaram a sair correndo de outras portas, mas a polícia e os Faixas Verdes abriram fogo e a batalha começou. — Vamos, Robert — disse Hashemi e se aproximou cautelosamente.

Os informantes tinham dito que naquela noite haveria uma reunião de líderes marxistas-islâmicos ali e que aquele edifício estava ligado a outros por todos os lados por portas e passagens secretas. Com a assistência de Hakim Khan, Hashemi tinha iniciado o primeiro de uma série de ataques para desativar a extensa oposição esquerdista ao governo, para agarrar os líderes e fazer deles um exemplo público — para os seus próprios propósitos.

O primeiro grupo de Faixas Verdes tinha limpado a área e estava avançando pelas escadas, sem se preocupar com a própria segurança. Os adversários, que agora já tinham se recuperado da surpresa, estavam resistindo com a mesma ferocidade, bem armados e bem treinados.

Lá fora na praça houve uma trégua, nenhum adversário queria se arriscar nem se juntar àqueles que estavam presos, indefesos, no meio dos carros, alguns dos quais já estavam pegando fogo. O beco atrás do edifício estava ameaçadoramente quieto, com a polícia e os Faixas Verdes bloqueando as duas saídas, bem entrincheirados atrás dos seus veículos.

— Por que estamos esperando aqui como se fôssemos uns iraquianos covardes e fedorentos? — Um dos Faixas Verdes perguntou agressivamente.

— Por que não levamos a batalha até eles?

— Vocês estão esperando porque foi isto que o coronel mandou — disse o sargento de polícia — vocês estão esperando porque nós podemos matar todos aqueles cães sem nos arriscarmos e...

— Eu não estou subordinado a nenhum coronel, só a Deus! Deus é Grannnnde! — Com isto, o rapaz empunhou o rifle e saiu correndo em direção à porta dos fundos do edifício. Outros o seguiram. O sargento xingou-os e mandou que eles voltassem, mas suas palavras foram abafadas pela fuzilaria que desceu sobre os rapazes das janelas que ficavam no alto do muro e que matou a todos.

Hashemi e os outros tinham ouvido os tiros no beco e presumiram que tinha havido uma tentativa de fuga.

— Os cães não podem escapar por aquele lado, Robert — Hashemi gritou animadamente —, eles estão cercados! — De onde ele estava, podia ver que o ataque ao edifício principal tinha sido interrompido. Ele ligou o transmissor: — Segunda leva para dentro do QG.

Imediatamente, um mulá e outro grupo de rapazes soltaram o seu grito de guerra e atravessaram a praça correndo. Robert Armstrong ficou perplexo por Hashemi mandá-los atacar assim, com a praça toda iluminada, o que fazia deles alvos fáceis.

— Não se meta, Robert! Pelo amor de Deus, eu já estou cansado das suas interferências. — Hashemi tinha dito friamente quando ele fizera algumas sugestões sobre como organizar o ataque antes da luta ter começado.

— Guarde o seu conselho para si mesmo, isto é uma questão interna, não tem nada a ver com você!

— Mas, Hashemi, nem todos os prédios são inimigos ou marxistas, deve haver famílias lá, talvez centenas de inocen...

— Cale a boca ou eu juro que vou considerá-lo traidor!

— Então eu vou ficar para trás. Vou voltar e vigiar o palácio.

— Eu disse que você viria nesta operação. Você acha que vocês, britânicos, são os únicos que podem lidar com uns poucos revolucionários?

— Você vai ficar perto de mim, num lugar onde eu possa vê-lo, mas primeiro entregue-me o seu revólver.

— Mas Hashemi...

— O seu revólver! Pelo Profeta, eu não confio mais em você. O seu revólver!

Então ele lhe havia entregue o revólver e Hashemi tinha se acalmado, parecendo relaxar, dando uma gargalhada. Mas não tinha devolvido o revólver e Armstrong se sentiu nu no meio da noite, com medo de que tivesse sido traído. Olhou para ele, tornou a ver uma certa estranheza nos olhos de Fazir e no jeito como ele mexia com a boca, com um pouco de saliva escorrendo pelos cantos.

Uma rajada de tiros atraiu a sua atenção outra vez para o prédio. Os tiros estavam vindo das janelas superiores, em resposta àquele novo ataque. Muitos jovens foram detidos, mas alguns conseguiram entrar, o mulá entre eles, para reforçar os que ainda estavam vivos. Juntos eles abriram caminho no meio dos corpos que estavam bloqueando a escada e conseguiram chegar até o andar seguinte.

Na praça, Hashemi estava agachado atrás de um carro, cheio de excitação e invadido pelo sentimento de poder.

— Mais homens para dentro do prédio!

Ele nunca tinha comandado um ataque antes, nunca havia tomado parte em nenhum. Todo o seu trabalho anterior tinha sido secreto, encoberto, com apenas uns poucos homens envolvidos em cada operação — mesmo com os seus assassinos do Grupo Quatro, tudo o que ele tinha feito era dar as ordens e esperar em segurança. Exceto a vez em que ele próprio tinha detonado o carro-bomba que destruíra o seu inimigo na Savama, o general Janan. Por Deus e pelo Profeta, a sua mente estava gritando, foi para isto que eu nasci: batalhas e guerra!

— Todos ao ataque! — ele gritou no walkie-talkie e depois ficou em pé e berrou o mais alto que pôde: — Todos ao ataque!

Os homens começaram a atacar de todos os lados. Atirando granadas por cima dos muros, para dentro dos pátios e pelas janelas, indiscriminadamente. Explosões e fumaça, tiros, de rifles e metralhadoras, e mais explosões e então uma explosão gigantesca no QG dos esquerdistas quando o depósito de gasolina e munição explodiu, destruindo o último andar e a maior parte da fachada. A onda de calor arrancou as roupas de Hashemi e derrubou Armstrong. Mzytryk, que tinha estado observando tudo de binóculo de uma das janelas de cima, do outro lado da praça, pôde vê-los claramente e decidiu que o momento era perfeito.

— Agora — ele disse em russo.

O atirador que estava ao lado dele já estava com a mira telescópica apontada para o alvo, com o cano do rifle pousado no parapeito da janela. Imediatamente ele colocou o indicador no gatilho, sentiu o dedo de Mzytryk sobre o gatilho e começou a contagem regressiva como este havia ordenado: