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— Três... dois... um... fogo! — Mzytryk apertou o gatilho. Os dois homens viram a bala dundum entrar nas costas de Hashemi, atirá-lo de encontro ao carro e depois lançá-lo no chão. — Ótimo — Mzytryk murmurou sombriamente, lamentando apenas que os seus olhos e as suas mãos não pudessem lidar sozinhos com os assassinos do seu filho. — Três... dois., um...

O alvo se mexeu. Os dois homens praguejaram, pois tinham visto Armstrong virar-se, olhar em sua direção por um instante e então se atirar no meio dos carros e desaparecer atrás de um deles.

— Ele está perto da roda da frente. Ele não pode escapar. Tenha paciência. Só atire quando puder. — Mzytryk deixou apressadamente a sala, foi até o alto da escada e gritou em turco para os homens que estavam esperando lá embaixo. — Podem ir! — depois tornou a voltar para a sala. Ao entrar, viu o atirador atirar.

— Peguei-o — disse o homem com um palavrão. Mzytryk olhou pelo binóculo mas não conseguiu ver Armstrong. — Onde está ele?

— Atrás do carro preto — ele esticou a cabeça por um segundo e eu o peguei.

— Você o matou?

— Não, camarada general. Fui muito cuidadoso, exatamente como o senhor mandou.

— Tem certeza?

— Sim, camarada general. Eu o atingi no ombro, talvez no peito. O prédio onde ficava o QG estava queimando furiosamente agora, os tiros disparados dos outros prédios eram esporádicos, apenas focos de resistência, com os atacantes em número muito maior, todos tomados por um frenesi de brutalidade. Bárbaros, Mzytryk pensou com desprezo, depois tornou a olhar para o corpo de Hashemi, contorcendo-se no chão. Não morra muito depressa, matyeryebyets.

— Você está vendo o inglês?

— Não, camarada general, mas ele está coberto pelos dois lados. Então Mzytryk viu a ambulância chegando e homens com a braçadeira da Cruz Vermelha saltarem com maças e começarem a recolher os feridos, com a luta já quase terminada. Estou contente por ter vindo aqui esta noite, pensou, ainda cheio de ódio. Ele decidira comandar pessoalmente a vingança assim que a mensagem de Hakim tinha sido entregue na noite anterior. A 'intimação' mal disfarçada, junto com o relatório secreto enviado por Pahmudi relatando a maneira pela qual o seu filho tinha morrido nas mãos de Hashemi e de Armstrong, haviam provocado nele um acesso de raiva.

Tinha sido simples conseguir um helicóptero e pousar nos arredores de Tabriz na noite anterior, tinha sido simples organizar um contra-ataque para pegar os dois assassinos. Tinha sido simples planejar a sua vingança, que consolidaria as suas relações com Pahmudi, removendo do caminho dele o seu inimigo Hashemi Fazir e ao mesmo tempo evitar muitos problemas futuros para os seus mujhadins e para o Tudeh. E Armstrong, o ardiloso agente M16, outro que já deveria ter sido eliminado há muito tempo — maldito seja este filho da mãe por ter aparecido como um fantasma depois de todos aqueles anos.

— Camarada general!

— Sim, eu os estou vendo. — Mzytryk ficou olhando os homens da

Cruz Vermelha colocarem Hashemi numa maca e carregá-lo em direção à ambulância. Outros se dirigiram para trás do carro. A mira telescópica os seguiu. A excitação de Mzytryk aumentou.

O atirador esperou pacientemente. Quando os homens tornaram a aparecer, eles estavam carregando Armstrong.

— Eu sabia que tinha acertado naquele filho da mãe — o atirador disse.

NO PALÁCIO: 23:04H. Silenciosamente, as luzes vermelhas fosforescentes do painel de instrumentos ganharam vida. Os dedos de Erikki apertaram o botão de partida. Os jatos tossiram, pegaram, hesitaram quando ele acelerou e desacelerou cuidadosamente. Então ele ligou os disjuntores e os motores começaram a esquentar.

Os holofotes estavam acesos no pátio. Azadeh e Hakim Khan, bem agasalhados contra o frio da noite, estavam parados ali perto, observando-o. No portão da frente, a uns cem metros de distância, dois guardas e a polícia de Hashemi também observavam, mas preguiçosamente. Os seus cigarros brilhavam. Os dois policiais puseram os seus Kalashinikovs no ombro e se aproximaram.

Mais uma vez os motores engasgaram e Hakim Khan gritou por sobre o barulho:

— Erikki, deixe isso por hoje! — Mas Erikki não escutou. Hakim se afastou do barulho, chegando mais perto do portão, com Azadeh seguindo-o de má vontade. O seu andar era penoso e ele praguejou, desabituado com as muletas.

— Saudações, Alteza — o policial disse educadamente.

— Saudações, Azadeh — Hakim disse, irritado —, o seu marido não tem paciência, está perdendo o juízo. O que há com ele? É ridículo ficar tentando ligar os motores. O que adiantaria mesmo que ele conseguisse ligá-los?

— Eu não sei, Alteza — o rosto de Azadeh estava branco sob a luz fraca e ela estava muito nervosa. — Ele... desde o ataque ele tem estado muito esquisito, muito difícil, difícil de entender, ele me assusta.

— Isto não é de espantar! Ele é capaz de assustar o próprio demônio!

— Por favor, perdoe-me, Alteza — disse Azadeh — mas em épocas normais ele... ele não é assustador.

Educadamente, os dois policiais se afastaram, mas Hakim os fez parar.

— Vocês notaram alguma diferença no piloto?

— Ele está muito zangado, Alteza. Ele está zangado há horas. Uma vez eu o vi dar um chute na máquina, mas se ele está diferente ou não é difícil dizer. Eu nunca tinha estado perto dele antes.

O cabo tinha cerca de quarenta anos e não queria encrenca. O outro homem era mais moço e estava ainda mais assustado. As ordens deles eram para vigiar até que o piloto partisse de carro, ou até que qualquer pessoa saísse de lá de carro, para não impedir a saída mas comunicar imediatamente ao QG pelo rádio do carro. Todos dois compreendiam o perigo da situação em que se encontravam. O braço do Gorgon Khan tinha um longo alcance. Ambos sabiam dos criados e guardas do falecido khan que tinham sido acusados por ele de traição e que ainda estavam apodrecendo nos subterrâneos da polícia. Mas os dois também sabiam que os braços do Serviço Secreto eram ainda mais certeiros.

— Diga-lhe para parar com isso, Azadeh. Para parar os motores.

— Ele nunca esteve tão zangado comigo antes... e esta noite... — Ela estava vesga de raiva. — Eu não acho que posso obedecê-lo.

— Você vai obedecer.

Depois de uma pausa, ela murmurou:

— Quando ele está zangado, eu não consigo nada com ele.

Os policiais viram a palidez dela e sentiram pena, mas sentiram ainda mais pena deles mesmos, pois tinham ouvido contar o que acontecera na encosta da montanha. Que Deus nos proteja dele, o da Faca! Como deve ser estar casada com um bárbaro desses que todo mundo sabe que bebeu o sangue dos nativos que matou, que adora espíritos da floresta contra a lei de Deus, e que rola nu na neve, forçando-a a fazer o mesmo.

Os motores tornaram a engasgar e começaram a morrer e eles viram Erikki berrar de raiva e dar um soco no aparelho, fazendo uma mossa no alumínio com a força do seu golpe.

— Alteza, com a sua permissão, eu vou me deitar. Acho que vou tomar um comprimido para dormir e espero que amanhã seja um dia melhor...

— Sim, um comprimido para dormir é uma boa idéia. Muito boa. Acho que vou tomar dois, as minhas costas estão doendo horrivelmente e agora sem eles eu não consigo dormir. — Hakim acrescentou zangado: — A culpa é dele! Se não fosse por causa dele eu não estaria sentindo dor. — Ele se virou para o seu guarda-costas. — Chame os guardas que estão no portão. Quero dar-lhes algumas instruções. Vamos, Azadeh.

Ele saiu andando com dificuldade, seguido obedientemente por Azadeh. Os motores começaram a gemer de novo. Irritado, Hakim Khan virou-se e disse para o policial.

— Se ele não parar dentro de cinco minutos, mande que ele pare em meu nome. Cinco minutos, por Deus!

Inquietos, os dois homens ficaram olhando ele se afastar, com o guarda-costas e os dois guardas do portão andando apressadamente atrás dele.