Выбрать главу

— Se sua Alteza não consegue lidar com ele, o que nós podemos fazer? — disse o policial mais velho.

— Com a ajuda de Deus, os motores vão continuar até que o bárbaro esteja satisfeito ou que ele mesmo resolva parar.

As luzes do pátio foram apagadas. Depois de seis minutos os motores ainda estavam sendo ligados e desligados.

— É melhor nós obedecermos. — O policial mais moço estava muito nervoso. — O khan disse cinco minutos. Nós estamos atrasados.

— Esteja preparado para correr e não o irrite mais do que o necessário. Fique com a arma preparada. — Nervosamente, eles se aproximaram. — Piloto! — Mas o piloto ainda estava de costas para eles e com metade do corpo para dentro da cabine. Filho de um cão! Mais perto, agora quase debaixo da hélice. — Piloto! — O cabo disse alto.

— Ele não pode ouvi-lo, quem poderia ouvir com este barulho? Vá na frente, eu fico cobrindo você.

O cabo concordou, encomendou a alma a Deus e se abaixou para se proteger do deslocamento de ar.

— Piloto! — Ele teve que chegar bem perto e tocar nele. — Piloto! — Agora o piloto se virou, com o rosto zangado, disse alguma coisa em bárbaro que ele não entendeu. Com um sorriso forçado e uma polidez forçada, ele disse:

— Por favor, Excelência piloto, nós ficaríamos honrados se o senhor desligasse os motores, Sua Alteza, o khan mandou. — Ele viu o olhar vago, lembrou-se que Ele, o da Faca, não sabia falar nenhuma língua civilizada, então repetiu o que tinha dito, falando mais alto e usando mímica. Para seu imenso alívio, o piloto balançou a cabeça concordando, desligou alguns botões e agora os motores estavam parando e as hélices diminuindo de velocidade.

Graças a Deus! Bom trabalho, como você é esperto, o cabo pensou, gratificado.

— Obrigado, Excelência piloto, obrigado. — Muito satisfeito consigo mesmo, ele espiou para dentro da cabine. Agora ele viu o piloto fazendo sinais para ele, claramente tentando agradá-lo, e com toda a razão, por Deus, convidando-o para se sentar no assento do piloto. Cheio de orgulho, ele viu o bárbaro inclinar-se educadamente para dentro da cabine, mover os controles e apontar para os instrumentos.

Sem conseguir conter a sua curiosidade, o policial mais jovem se aproximou por baixo das hélices que estavam girando bem devagar agora, e foi até a porta da cabine. Ele se inclinou para ver melhor, fascinado pelas fileiras de botões e mostradores que brilhavam na escuridão.

— Por Deus, cabo, você já tinha visto tantos botões e mostradores? Você parece que foi feito para este assento.

— Eu gostaria de ser um piloto — disse o cabo. — Eu... — Ele parou, estarrecido, enquanto suas palavras eram engolidas por uma fumaça vermelha que tirou o ar de seus pulmões e tornou a escuridão completa.

Erikki tinha batido com a cabeça do policial mais moço na do cabo, deixando os dois sem sentidos. Os rotores tinham parado. Ele olhou em volta Nenhum movimento na escuridão, só algumas luzes no palácio. Nenhuma presença estranha que ele pudesse perceber. Rapidamente, ele guardou as armas dos dois atrás do assento do piloto. Levou apenas alguns segundos para carregar os dois homens até a cabine e deitá-los lá dentro, abrir suas bocas e enfiar as pílulas para dormir que tinha roubado do armário de Azadeh e depois amordaçá-los. Levou um momento para recobrar o fôlego antes de ir até a frente e checar se estava tudo pronto para uma partida imediata. Depois ele voltou para a cabine. Os dois homens não se haviam movido. Ele se encostou na porta, pronto para tornar a silenciá-los se fosse preciso. Sua garganta estava seca. Ele estava banhado de suor. Ficou esperando. Então ouviu os cachorros e o barulho das correntes. Silenciosamente, ele preparou a arma. A patrulha composta de dois guardas armados fez a volta no palácio mas não se aproximou dele. Ele observou o palácio, com o braço já fora da tipóia.

NAS FAVELAS AO NORTE: A ambulância decrépita, de cor parda, corria pelas ruas esburacadas. Atrás havia dois enfermeiros e três maças e numa delas estava Hashemi, urrando, perdendo sangue, com os intestinos para fora.

— Em nome de Deus, dêem-lhe morfina — falou Armstrong, também cheio de dor. Estava afundado na maca, segurando um curativo bem apertado de encontro ao buraco de bala na parte superior do seu peito, sem perceber o sangue que jorrava da ferida nas suas costas e que estava ensopando o curativo que um dos enfermeiros tinha enfiado pelo rasgão do seu casaco. — Dêem-lhe morfina. Depressa! — Ele tornou a dizer, em farsi e em inglês, odiando-os pela sua estupidez e grosseria, ainda em choque pela surpresa da bala e do ataque que tinha vindo ele não sabia de onde. Por quê por quê por quê?

— O que eu posso fazer, Excelência? — Alguém respondeu. — Nós não temos morfina. É a vontade de Deus. — O homem acendeu uma lanterna que quase o cegou, focalizou-a em Hashemi e depois na terceira maca. O rapaz que estava lá já estava morto. Armstrong viu que eles não tinham se dado ao trabalho de fechar-lhe os olhos. Hashemi tornou a gritar.

— Apague a lanterna, Ismael — disse o outro enfermeiro. — Você quer que atirem em nós?

Ismael obedeceu. Mais uma vez no escuro, ele acendeu um cigarro, tossiu e Pigarreou, afastou a cobertura da janela por um momento para ver onde estavam.

— Só mais alguns minutos, com a ajuda de Deus. — Ele se inclinou e sacudiu Hashemi, tirando-o da paz da inconsciência para o inferno da dor. — Só mais alguns minutos, Excelência coronel. Não morra ainda — ele disse animadoramente. — Só mais alguns minutos e o senhor será tratado.

Todos eles foram sacudidos quando uma das rodas caiu num buraco. Armstrong ficou tonto de dor. Quando ele sentiu a ambulância parar, quase chorou de alívio. Outros homens abriram a porta traseira e entraram. Mãos rudes agarraram-lhe os pés e o deitaram na maca, amarrando-o. Através da névoa de dor, ele viu a maca de Hashemi sendo carregada para fora, depois os homens o levantaram de qualquer jeito, a dor foi demais e ele desmaiou.

Os homens que estavam carregando a maca saltaram a vala e entraram por uma porta que ficava num muro alto, atravessaram um corredor, desceram um lance de escadas e chegaram num porão amplo iluminado com lamparinas a óleo. Mzytryk disse:

— Coloquem-no ali! — Apontou para a segunda mesa, Hashemi já estava na primeira, também amarrado na maca. Sem nenhuma pressa, Mzytryk examinou os ferimentos de Armstrong, depois os de Hashemi, com os dois homens ainda inconscientes.

— Ótimo — ele disse. — Espere por mim lá em cima Ismael.

Ismael tirou a braçadeira da Cruz Vermelha e atirou-a num canto junto com as outras.

— Muitos dos nossos foram martirizados no edifício. Eu duvido que alguém tenha escapado.

— Então você foi esperto de não ir à reunião.

Ismael subiu as escadas para se juntar aos amigos que estavam se congratulando pelo sucesso em ter conseguido agarrar o líder inimigo e o seu cão de fila, o estrangeiro. Todos eram combatentes marxistas islâmicos, de confiança, e não havia nenhum enfermeiro entre eles.

Mzytryk esperou até estar sozinho, depois apanhou um pequeno canivete e enfiou em Hashemi. O berro que este soltou o agradou muito. Quando ele parou de berrar, Mzytryk apanhou um balde de água gelada e despejou na cara do coronel. Os olhos deste se abriram e o terror e a dor que viu lá agradaram-lhe mais ainda.

— Você queria ver-me, coronel? Você assassinou o meu filho, Fedor. Eu sou o general Petr Oleg Mzytryk. — Ele tornou a usar o canivete. O rosto de Hashemi tornou-se grotesco quando ele urrou, gritando e gaguejando de forma incoerente, tentando soltar-se das correias.

— Isto é pelo meu filho... e isto é pelo meu filho... e isto é pelo meu filho... O coração de Hashemi era forte e ele durou vários minutos, implorando piedade, implorando pela morte, implorando ao Único Deus pela morte e por vingança. Ele teve uma morte horrível.

Por um momento, Mzytryk ficou inclinado sobre ele, sentindo o mau cheiro. Mas ele não precisou se forçar a lembrar o que aqueles dois tinham feito com o seu filho para arrastá-lo até o terceiro nível. O relatório de Pahmudi tinha sido explícito.