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— Eu também, mas estou me sentindo melhor. O sono ajudou. — Seus olhos percorreram as montanhas, comparando o que estava vendo com o que se lembrava do mapa. Um último olhar para os homens que ainda estavam bem Iá embaixo. No momento não há perigo, a menos que haja outros aqui em volta, pensou e foi para a cabine de comando. Azadeh enfiou o tapete na cabine e fechou a porta. Havia buracos de bala que ela não havia notado antes. Houve outro clarão de sol batendo em metal na floresta, muito mais perto, que nenhum dos dois viu.

A cabeça de Erikki estava doendo e ele se sentia fraco. Ele apertou o botão de partida. O motor pegou imediatamente. Uma rápida verificação nos instrumentos. Conta-giros avariado, bússola quebrada, nada de ADF. Não havia necessidade de alguns instrumentos — o barulho dos motores lhe diria quando os ponteiros estivessem no verde. Mas os mostradores de combustível estavam parados em um quarto de tanque. Não havia tempo para checá-los nem para ver se havia algum outro estrago. E se houvesse, o que ele poderia fazer? Todos os deuses, grandes e pequenos, velhos e novos, vivos, mortos ou ainda por nascer, fiquem do meu lado hoje, eu vou precisar de toda a ajuda que me puderem dar. Os olhos dele pousaram no kookri que ele se lembrava vagamente de ter enfiado no bolso do assento. Sem nenhum esforço consciente, ele estendeu a mão e tocou-o. Seus dedos pareceram queimar.

Azadeh correu para a cabine de comando, a turbulência dos rotores que ganhavam velocidade enregelando-a ainda mais. Ela subiu no assento e trancou a porta, desviando os olhos das manchas de sangue no assento e no chão. O sorriso dela morreu ao notar a concentração e o ar estranho dele, com a mão perto do kookri, mas sem tóca-lo. Mais uma vez ela se perguntou por que ele o teria trazido.

— Você está bem, Erikki? — perguntou, mas ele não pareceu ouvi-la. Insha'Allah. É pela vontade de Deus que estamos vivos, que estamos juntos e quase em segurança. Mas agora cabe a mim carregar esta cruz e manter-nos em segurança. Ele ainda não é o meu Erikki, nem em aparência nem em estado de espírito. Eu quase posso ouvir os maus pensamentos martelando a sua cabeça. Em breve o mal vai outra vez dominar o bem. Que Deus nos proteja.

— Obrigada, Erikki — disse, apanhando os fones que ele lhe estendeu, preparando-se mentalmente para a batalha.

Ele se certificou de que ela estava bem presa no assento e ajustou o volume dos fones para ela.

— Você está me ouvindo bem?

— Oh, sim, meu querido, obrigada.

Parte da sua audição estava concentrada no barulho dos motores, daí a um ou dois minutos eles poderiam decolar.

— Nós não temos combustível suficiente para chegar a Van, que é o aeroporto mais próximo na Turquia — eu poderia ir para o sul, para reabastecer o aparelho no hospital em Rezaieyeh, mas seria muito perigoso. Vou voar algum tempo em direção ao norte. Eu vi uma estrada e uma aldeia naquela direção. Talvez seja a estrada Khoi—Van.

— Ótimo, vamos depressa, Erikki, não me sinto segura aqui. Há algum campo de aviação perto daqui? Hakim deve ter alertado a polícia e eles devem ter alertado a Força Aérea. Podemos decolar?

— Só mais alguns segundos, os motores estão quase prontos. — Ele viu a sua ansiedade e a sua beleza e mais uma vez a visão dela e de John Ross juntos se infiltrou na sua mente. Ele forçou-a a sair. — Eu acho que há campos de aviação ao longo de toda a fronteira. Nós iremos o mais longe que pudermos. Acho que temos combustível suficiente para atravessar a fronteira. — E fez um esforço para parecer despreocupado. — Talvez a gente consiga achar um posto de gasolina. Você acha que eles aceitariam cartão de crédito?

Ela deu uma gargalhada nervosa e levantou a bolsa, enrolando a alça em volta do pulso.

— Não precisamos de cartão de crédito, Erikki. Somos ricos, você é rico. Eu sei falar turco e se eu não conseguir comprar a nossa segurança é porque não pertenço à tribo dos Gorgons. Mas de lá nós iremos para onde? Istambul? Você merece umas férias maravilhosas, Erikki. Nós só estamos salvos por sua causa, você fez tudo, pensou em tudo.

— Não, Azadeh, foi você que fez tudo. — Você e John Ross, ele teve vontade de gritar e tornou a olhar para os instrumentos para disfarçar. Mas, sem Ross, Azadeh estaria morta e portanto eu estaria morto e não posso viver com a idéia de vocês dois juntos. Eu tenho certeza de que você o ama...

Neste momento, viu, espantado, grupos de cavaleiros saírem da floresta a meio quilômetro de onde eles estavam, com policiais no meio, e começaram a galopar em direção a eles. Seus ouvidos lhe disseram que os ponteiros estavam no verde. Imediatamente, ele acelerou ao máximo. O tempo acabando. Erguendo-se do chão, mas não vendo jeito de evitar que os atacantes os derrubassem. Havia tempo de sobra para qualquer um deles mirar e atirar. O guarda do meio, o sargento, ele está parando e tirando o M16 do coldre da sela.

De repente, o tempo parou de passar em câmera lenta e Erikki desviou o aparelho e fugiu deles, balançando-se para todos os lados, esperando que cada segundo fosse o último e então eles começaram a se afastar em direção à ravina por sobre as árvores.

— Não atirem — o sargento gritou para os nativos que estavam atirando, com os seus cavalos empinando. — Em nome de Deus, eu disse a vocês que recebemos ordens de capturá-los, de salvá-la e de matá-lo, não de matá-la! — Com relutância os outros obedeceram e quando ele se aproximou deles, viu que o 212 estava bem distante, perto do vale. Ele ligou o walkie-talkie:

— QG, aqui é o sargento Zibri. A emboscada falhou. Os motores foram ligados antes que nós pudéssemos nos posicionar. Mas ele saiu do esconderijo.

— Para onde ele está indo?

— Está virando para o norte, em direção à estrada Khoi—Van.

— Você viu Sua Alteza?

— Sim. Ela parecia aterrorizada. Diga ao khan que nós vimos o seqüestrador amarrá-la no assento e pareceu que ele tinha amarrado também os seus pulsos. Ela... — A voz do sargento ficou mais excitada. — Agora o helicóptero virou para leste, está dois ou três quilômetros ao sul da estrada.

— Ótimo. Bom Trabalho. Nós vamos alertar a Força Aérea.

TEERÃ - NO QG DO SERVIÇO SECRETO: 9:54H. Suliman al Wiali, um dos assassinos do Grupo Quatro, tentou controlar o tremor das mãos ao receber o telex das mãos do coronel da Savama: "O chefe do Serviço Secreto, coronel Hashemi Fazir, foi morto ontem à noite, liderando bravamente o ataque que destruiu o QG dos esquerdistas mujhadins, junto com o consultor inglês, Armstrong. Os dois homens morreram queimados quando os traidores explodiram o edifício, (assinado) Chefe de Polícia, Tabriz."

Suliman ainda não se recobrara do medo ao ser chamado repentinamente, apavorado de que este funcionário já tivesse encontrado no cofre de Fazir papéis incriminadores sobre os assassinos do Grupo Quatro — o cofre estava aberto e vazio atrás dele. Com certeza meu mestre não teria sido tão negligente, não aqui no seu próprio escritório!

— Foi a vontade de Deus, Excelência — ele disse, devolvendo o telex e disfarçando a raiva. — A vontade de Deus. O senhor é o novo chefe do Serviço Secreto, Excelência?

—Sim. Quais eram as suas tarefas?

— Eu sou um agente, Excelência — Suliman disse a ele, bajulando-o como seria de se esperar, ignorando o verbo no passado. O medo começou a diminuir. Se esses cães suspeitassem de alguma coisa eu não estaria aqui, ele raciocinou, com a confiança aumentando, eu estaria numa prisão, berrando. Esses filhos da mãe incompetentes não merecem viver num mundo de homens. — O coronel mandou que eu fosse morar em Jaleh e conservasse os olhos e os ouvidos abertos e descobrisse comunistas. — Ele manteve os olhos sem expressão, desprezando aquele homem pomposo sentado na mesa de Fazir.

— Há quanto tempo você está trabalhando aqui?