Выбрать главу

— Vamos esquecer as porcentagens e nos lembrar de que o nosso envolvimento terá que ser mantido em segredo. Eu sugeriria o seguinte: a sua operação deveria ser controlada, logística, peças e reparos, do Kuwait ou de Bahrain.

— Bahrain seria melhor, Andy — disse Scragger.

— O Kuwait fica muito mais perto — retrucou Kasigi.

— Sim — disse Scragger — e está muito mais sujeito a pressões do Irã ou a tumultos incentivados pelo Irã. Este lado do golfo está destinado a uma convulsão, eu acho. Há xiitas demais, que geralmente são pobres, xeques demais na maioria sunitas. A curto ou longo prazo o senhor estará mais seguro em Bahrain.

— Então será Bahrain — disse Kasigi. — Sr. Gavallan, posso contar com os serviços do capitão Scragger durante um ano para dirigir a operação, se esta for realizada, pelo dobro do seu salário atual? — Ele viu os olhos de Scragger estreitarem-se e imaginou se teria ido longe demais ou depressa demais, então acrescentou sorrindo: — Se estou querendo que você desista do seu primeiro amor, meu amigo, o mínimo que posso fazer é tentar recompensá-lo.

— É uma grande oferta, mas, bem, eu não sei. Andy? Gavallan hesitou.

— Isto significa que você teria que sair da S-G, Scragger, e deixar de pilotar. Você não poderia comandar cinco naves e pilotar, e de qualquer maneira, você nunca poderia voltar ao Irã, de jeito nenhum.

Está certo. Desistir de voar. Então eu também estou numa encruzilhada, Scragger estava pensando. Não tente fingir que o azar de Mac não o abalou. E por que eu desmaiei ontem? O dr. Nutt disse que foi só exaustão. Besteira, eu nunca desmaiei na minha vida e o que é que os médicos entendem disso, afinal? Um ano em Bahrain? Isto é melhor do que alguns meses no mar do Norte, sempre esperando pelo próximo exame médico. Sem voar? Meu Deus! Espere um instante, eu poderia me manter em forma e fazer alguns vôos locais.

— Eu vou ter que pensar no assunto, mas obrigado pela oferta, sr. Kasigi.

— Enquanto isso, sr. Gavallan, o senhor poderia organizar os primeiros dois meses?

— Sim, com um pouco de sorte, durante esta semana eu poderia conseguir aparelhos e pessoal em número suficiente para vocês começarem, o resto dentro de uma ou duas semanas para um contrato de três meses sujeito a renovação. — Gavallan acrescentou o mais delicadamente possíveclass="underline" — Desde que consigamos alargar o nosso prazo

Kasigi disfarçou o seu contentamento.

— Ótimo. Podemos nos encontrar aqui às nove? Eu trarei o sr. Umura, que é o presidente do Sumitomo no golfo, para providenciar as cartas de crédito na forma que o senhor quiser, sr. Gavallan.

— Nove horas em ponto. Talvez o senhor pudesse mencionar para o seu embaixador que mesmo que o prazo que termina hoje ao pôr-do-sol seja alargado, os meus cargueiros só chegarão ao meio-dia de amanhã e eu só terminarei de carregá-los ao pôr-do-sol de amanhã.

— O senhor manterá esta 'conversa de embaixadores' só entre nós?

— É claro. O senhor tem a minha palavra. Scrag?

Kasigi ouviu Scragger dizer o mesmo e ficou estarrecido pelo fato dos ocidentais confiarem na 'palavra' de alguém — palavra de honra, honra de quem, que honra? Não é verdade que um segredo partilhado não é mais um segredo e nunca mais tornará a ser? Como o Turbilhão, tinha sido tão fácil descobri-lo.

— Talvez nós pudéssemos combinar o seguinte: nós resolvemos as questões financeiras e as cartas de crédito hoje à noite; o senhor começa a providenciar os helicópteros, peças e tripulações, como dirigir a operação de Bahrain, armazenagem, e tudo o mais, tudo sujeito a confirmação amanhã ao pôr-do-sol. Se vocês tiverem retirado o seu próprio equipamento até lá, o senhor garante que a Irã-Toda terá os seus helicópteros no decorrer da semana.

— O senhor parece estar muito confiante em conseguir alargar o nosso prazo.

— Talvez o meu embaixador possa fazê-lo. Assim que terminar o meu encontro com ele, eu telefono para informar o que ele disse a respeito. Capitão Scragger, seria possível o senhor organizar um programa de treinamento para pilotos japoneses?

— Facilmente, desde que eles falassem inglês e tivessem pelo menos cem horas de vôo em helicópteros. Eu teria que conseguir um instrutor e... — Scragger parou. De repente, tinha-lhe ocorrido que aquela era a solução perfeita. — E uma grande idéia, eu poderia ser o examinador. Assim vou poder voar bastante. Grande! — ele sorriu, radiante. — Vou lhe dizer uma coisa, meu velho, se Andy puder dar um jeito, estou com você. — Ele estendeu a mão e Kasigi apertou-a.

— Obrigado. Perfeito. Então, sr. Gavallan, vamos tentar?

— Por que não? — Gavallan estendeu a mão e sentiu o aperto de mão firme de Kasigi e pela primeira vez acreditou que realmente houvesse uma chance. Kasigi é esperto. Muito esperto. Agora ele conseguiu estabelecer a forma de atuação moderna das companhias japonesas: contratar especialistas estrangeiros para treinar pessoal japonês em serviço, ou criar o mercado nos seus próprios países e então colocar os treinandos. Nós ficamos com os lucros a curto prazo, eles ficam com o mercado a longo prazo. Eles estão fazendo conosco nos negócios o que não conseguiram fazer durante a guerra. Sem tirar nem pôr. E daí? É um acordo justo. E se Kasigi e o seu embaixador conseguirem livrar-me do desastre, não custa nada ajudá-lo a livrar-se do seu.

— Vamos tentar.

Kasigi sorriu de verdade pela primeira vez.

— Obrigado. Eu telefono assim que tiver notícias — Ele cumprimentou e se afastou

— Você acha que ele vai conseguir, Andy? — Scragger perguntou esperançoso.

— Para ser franco, eu não sei. — Gavallan fez sinal ao garçom para trazer a conta.

— Como é que você vai resolver o problema dele a tempo? Gavallan começou a responder e parou. Ele tinha acabado de ver Pettikin e Paula sentados numa mesa perto da piscina, com as cabeças bem juntinhas.

— Eu pensei que Paula fosse para Teerã hoje de manhã.

— Ela ia. Talvez o vôo tenha sido cancelado ou ela tenha dado parte de doente. — Scragger disse distraidamente.

— O quê?

— Isso é comum. Se estiver um dia bonito e uma garota de repente quiser tirar a tarde de folga para nadar ou fazer amor ou simplesmente passear, ela liga para o escritório durante a hora do almoço e diz que está se sentindo mal. Doente. — As sobrancelhas de Scragger se ergueram. — Esta Paula é qualquer coisa... Charlie é um felizardo.

Gavallan viu o prazer no rosto deles, ali sentados, esquecidos do mundo. Além da preocupação com Dubois, Erikki e os outros, ele tinha lido a notícia nos jornais sobre o súbito estouro da bolsa em Hong Kong: "Muitas das companhias mais importantes, a começar pela Struan's, Rothwell-Gornt, Par-Con da China, perderam 30 por cento do seu valor ou mais num dia, com o mercado inteiro caindo e sem perspectivas de parar de cair. A declaração dada pelo Tai-Pan, sr. Linbar Struan, dizendo que isso era apenas uma oscilação temporária, provocou uma reação violenta no governo e nos seus rivais. A imprensa mais sensacionalista estava cheia de boatos sobre acordos internos entre os Quatro Grandes e manipulações para fazer os preços despencarem." Deve ser por isso que eu não consigo encontrar o Ian. Será que ele foi para Hong Kong? Maldito Linbar! O balanço da companhia este ano vai ser vermelho de alto a baixo.

Com esforço ele pôs um freio na mente. Ele viu Pettikin inclinar-se e segurar a mão de Paula. Ela não retirou a sua.

— Você acha que ele vai pedi-la, Scrag?

— Se não o fizer, ele é um idiota.

— Eu concordo. — Gavallan suspirou e se levantou. — Scrag, eu não vou esperar. Você assina a conta, depois vai falar com Charlie, diga que sinto muito mas que preciso dele no escritório por uma hora, depois ele pode tirar o resto do dia de folga. Depois localize Rudi e Willi. Eu vou telefonar para Jean-Luc e nós todos vamos tentar dar um jeito para atender Kasigi, caso ele tenha sucesso em resolver o nosso problema. Não diga a eles por que, diga só que é urgente e que eles fiquem de boca fechada. — Ele se afastou.