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— Ei, sr. Gavallan! — Ele parou. Era o americano Wesson, que jovialmente levantou-se da mesa e estendeu a mão. — O senhor tem tempo para um drinque?

— Oh, olá, sr. Wesson, obrigado, mas, ahn, podemos deixar para outra vez? Eu estou com pressa.

— Claro, quando quiser. — Wesson sorriu para ele e se inclinou, cochichando de forma conspiratória, e pela primeira vez Gavallan notou o pequeno aparelho de surdez que ele usava na orelha esquerda. — Só queria dar-lhe os parabéns, o senhor deu uma lição naqueles palhaços.

— Nós, ahn, nós só tivemos sorte. Desculpe, mas tenho que correr. Até logo.

— Claro, até logo. — Pensativamente, Wesson apanhou a caneta e guardou-a no bolso. Então Kasigi vai tentar fisgar Gavallan, pensou, dirigindo-se para o saguão. Eu nunca teria imaginado isso. Merda, o novo regime não vai cooperar de jeito nenhum. Kasigi está sonhando. O pobre infeliz deve estar ficando louco, a Irã-Toda está uma bagunça e, que diabo, mesmo que eles começassem agora, levariam anos para pôr a fábrica para produzir, e todo mundo sabe que a torneira de petróleo do Irã vai ficar fechada, fazendo o Japão perder 70 por cento do seu suprimento de energia; vai haver com certeza outro aumento nos preços mundiais, mais inflação... O Japão é o nosso único aliado no Pacífico e os pobres infelizes vão ficar sem ter o que fazer.

Jesus, com Lengeh fechado, todo o campo de Siri não estará em perigo? Como é que de Plessey vai operar Siri sem o apoio de helicópteros? Embaixador, hein? Interessante. Como é que isto vai funcionar? Quem faz o quê? Para quem? E o que eu passo adiante para o velho Aaron? Tudo, o velho filho da mãe vai conseguir destrinchar isto.

Ele atravessou o saguão e caminhou em direção ao seu carro e não notou que Kasigi estava numa das cabines telefônicas.

— ...concordo plenamente, Ishii-san — Kasigi estava dizendo respeitosamente em japonês, com o suor escorrendo pela testa. — Por favor informe a Sua Excelência que nós vamos conseguir equipamento e tripulação, eu tenho certeza, se o senhor conseguir arranjar o resto. — Ele disfarçou o nervosismo.

— Ah, é mesmo? Excelente — Ishii disse, falando da embaixada. — Vou informar a Sua Excelência imediatamente. Mas e quanto ao embaixador iraniano? Teve notícias dele?

Kasigi se sentiu perdido.

— Ele não aceitou o convite?

— Não, sinto muito, ainda não, e já são quase três horas. É uma pena. Por favor, compareça ao encontro conforme combinamos. Obrigado, Kasigi-san.

— Obrigado, Ishii-san — respondeu, com vontade de gritar. Delicadamente, repôs o fone no gancho.

No saguão refrigerado ele se sentiu um pouco melhor e foi ao balcão de recepção. Lá ele apanhou os recados que haviam deixado para ele — dois de Hiro Toda, pedindo para ele telefonar — e subiu para o seu quarto e trancou a porta. Amassou os recados e jogou-os na privada, e começou a urinar sobre eles.

— Meu caro estúpido primo Hiro — disse alto em japonês — se eu salvar o seu estúpido pescoço, o que tenho que fazer para salvar o meu próprio — e acrescentou uma torrente de palavrões em inglês, já que não havia nenhum em japonês — a sua família vai ficar em débito com a minha por oito gerações por todos os problemas que você está me causando.

Ele deu a descarga, tirou a roupa, tomou uma chuveirada e se deitou nu na cama, sentindo a brisa fresca, querendo juntar energias e recobrar a tranqüilidade para se preparar para o encontro.

A observação casual do embaixador japonês que dera início a todo o seu plano tinha sido feita para Roger Newbury numa recepção na embaixada britânica há dois dias. O embaixador tinha mencionado que o novo embaixador iraniano estava lamentando o fechamento da Irã-Toda, que daria ao novo Estado islâmico uma posição de poder econômico em toda a região do golfo.

— O nome dele é Abadani, ele freqüentou a universidade, é formado em economia, é, evidentemente fundamentalista, mas não um fanático. É bastante jovem e sem muita experiência, mas é um funcionário de carreira, fala inglês bem e esteve na embaixada de Kabul...

Na hora, aquelas observações não tinham significado muito para Kasigi. Então aconteceu o Turbilhão. As informações de Teerã tinham-se espalhado pelo golfo e chegaram os rumores do pedido feito por Abadani de uma inspeção dos helicópteros de Gavallan, marcada para aquela tarde — uma inspeção que, evidentemente, provaria que os helicópteros tinham registros iranianos:

— ...e isto, Kasigi-san, vai criar um incidente internacional — Ishii tinha dito a ele na noite anterior —, porque agora o Kuwait, a Arábia Saudita e Bahrain estarão implicados, e isto, posso assegurar-lhe, todos prefeririam evitar, principalmente o nosso xeque.

Ao amanhecer, ele fora ver Abadani e tinha explicado sobre Zataki e o reinicio da construção, acrescentando sigilosamente, que o governo japonês estava transformando a Irã-Toda num projeto nacional — e portanto responsabilizando-se por todo o financiamento futuro — e que com a cooperação de sua Excelência Abadani ele poderia começar também o trabalho em Bandar Delam imediatamente.

— Projeto nacional? Graças a Deus! Se o seu governo estiver por trás disso formalmente, isso resolveria todos os problemas de financiamento de uma vez por todas. Graças a Deus. O que posso fazer? Qualquer coisa!

— Para recomeçar imediatamente, eu vou precisar de helicópteros e de pilotos estrangeiros. A única maneira de consegui-los rapidamente é com a ajuda da S-G helicópteros e do sr. Gaval...

Abadani tinha explodido.

Depois de escutar educadamente, aparentemente concordando com uma longa tirada sobre pirataria aérea e inimigos do Irã, Kasigi tinha voltado ao ataque de uma forma indireta.

— O senhor tem toda a razão, Excelência — tinha dito. — Mas eu tive que escolher entre me arriscar a desagradar-lhe trazendo isto ao seu conhecimento ou falhar no meu dever para com o seu grande país. A nossa escolha é simples: se eu não conseguir helicópteros, não posso reiniciar a obra. Já tentei a Guerney's e outras companhias sem sucesso e agora eu sei que posso consegui-los rapidamente através deste homem horrível, é claro que só por alguns meses até que eu possa providenciar pessoal japonês. Se eu não recomeçar imediatamente, isto deixará Zataki furioso, eu posso garantir-lhe que ele e o seu komiteh de Abadan são a própria lei, e ele vai cumprir a sua ameaça. Isto chocará e embaraçará o meu governo, fazendo-o adiar a implementação do financiamento para o projeto nacional e então... — Ele deu de ombros. — O meu governo vai mandar que se abandone a Irã-Toda e vai começar uma nova fábrica petroquímica numa área segura como a Arábia Saudita, o Kuwait ou o Iraque.

— Seguro? O Iraque? Aqueles ladrões? Arábia Saudita ou Kuwait? Por

Deus, eles são domínios decadentes, prontos a serem tomados pelo povo. É perigoso iniciar um negócio a longo prazo com os xeques, muito perigoso. Eles não obedecem à lei de Deus. Agora o Irã o faz. O Irã está firme agora. O imã, que a paz de Deus esteja com ele, nos salvou. Ele ordenou que o petróleo deve jorrar. Deve haver algum outro meio de conseguir helicópteros e pilotos! Gavallan e o seu bando de piratas estão de posse de propriedade nossa. Eu não posso ajudar piratas a escapar. O senhor quer que piratas escapem?

— Deus me livre, eu jamais sugeriria isso. É claro que nós não temos certeza de que eles sejam piratas, Excelência. Eu ouvi dizer que tudo isso não passa de boatos espalhados pelos nossos inimigos que querem ver o Irã ainda mais prejudicado. Mesmo que fosse verdade, o senhor poderia comparar nove helicópteros usados com três bilhões de dólares já gastos e outro um bilhão que o meu governo poderia ser convencido a investir?

— Sim. Pirataria é pirataria, lei é lei, o xeque concordou com a inspeção, a verdade é a verdade. Insha'Allah.

— Concordo inteiramente, Excelência, mas o senhor sabe que a verdade é relativa e um adiamento até amanhã depois do pôr-do-sol seria do interesse do seu país... — Ele tinha corrigido rapidamente — do interesse do imã e do seu Estado islâmico.