— Ei, Sie verrückte Dummkópfe — gritou. — Lass'n Sie meine verrückten Flugzeuge allein! — Antes que se desse conta do que estava fazendo, tinha empurrado os revólveres e corria em direção a eles. Por um instante, pareceu que os dois iranianos iam atirar, mas apenas correram atrás dele, alcançaram-no e o agarraram. Um deles levantou o rifle pelo cano para lhe arrebentar a cara.
— Parem!
Os homens se imobilizaram.
O homem que gritou esta ordem em inglês aparentava trinta anos, era robusto, usava roupas grossas com uma faixa verde, tinha barba curta e espetada, cabelos escuros ondulados e olhos escuros.
— Quem é o responsável aqui?
— Sou eu! — Rudi livrou-se de seus agressores. — O que estão fazendo aqui? O que querem?
— Estamos ocupando este aeroporto em nome do Islã e da revolução. — O sotaque do homem era inglês. — Quantas tropas há aqui, pessoal de vôo?
— Nenhuma. Não há nenhuma tropa, não há equipe de torre, não há mais ninguém além de nós. — Disse Rudi, tentando recuperar o fôlego.
— Nenhuma tropa? — A voz do homem era perigosa.
— Não, nenhuma. Temos tido patrulhas aqui, desde que chegamos há poucas semanas, elas vêm de vez em quando. Mas nenhuma está estacionada aqui. E não temos nenhum avião militar. — Rudi apontou para o hangar. — Diga àqueles... àqueles homens para terem cuidado com meus aparelhos, muitas vidas dependem deles, tanto nossas quanto de iranianos.
O homem se virou e viu o que estava acontecendo. Gritou outra ordem, praguejando contra eles. Os homens responderam despreocupadamente, depois saíram, deixando o caos por onde tinham passado.
— Por favor, desculpe-os — disse o homem. — Meu nome é Zataki. Sou o chefe do komiteh de Abadan. Com a ajuda de Deus, agora comandamos Bandar Delam.
O estômago de Rudi queimava. Os estrangeiros e a equipe iraniana formavam um grupo imóvel ao lado do prédio baixo de escritórios, cercados por armas.
— Trabalhamos para uma companhia ingle...
— Sim, estamos informados a respeito da S-G Helicópteros. — Zataki virou-se e gritou novas ordens. Relutantes, alguns de seus homens foram para o portão e começaram a se colocar em posições defensivas. Ele tornou a olhar para Rudi. — Seu nome?
— Capitão Lutz.
— O senhor não tem nada a temer, capitão Lutz, nem o senhor nem seus homens. Vocês têm armas aqui?
— Não, exceto pistolas de sinalização, munição própria de aviões. Para sinalizar, sinalizar em caso de perigo.
— Vá buscá-las. — Zataki virou-se e foi para perto do grupo da S-G e ficou lá, examinando os rostos. Rudi percebeu o medo dos seus iranianos, cozinheiros, equipe de terra, montadores, Jahan, e Yemeni, o gerente da IranOil.
— São todos meus empregados — disse, tentando parecer seguro. — Todos empregados da S-G.
Zataki olhou para ele, depois chegou bem perto, e Rudi teve que se controlar para não recuar de novo.
— O senhor sabe o que significa mujhadin-al-khalq? Fedayim? Tudeh? — perguntou suavemente. Era mais forte que Rudi e tinha uma arma na mão.
— Sim.
— Ótimo. — Depois de uma pausa, Zataki voltou a olhar para os iranianos. Um a um. O silêncio tornou-se mais pesado. De repente, apontou para um dos homens, um montador. O homem hesitou, e então começou a correr como um louco, gritando em farsi. Eles o agarraram facilmente e o puseram sem sentidos.
— O komiteh vai julgá-lo e sentenciá-lo, em nome de Deus. — Zataki olhou para Rudi. — Capitão — disse com os lábios contraídos —, eu lhe pedi para apanhar as pistolas.
— Elas estão no cofre, e bem seguras — respondeu Rudi, com igual dureza, não se sentindo nada corajoso por dentro. — O senhor poderá tê-las quando quiser. Elas só são colocadas num avião durante uma missão. Eu... eu quero que soltem aquele homem!
Sem nenhum aviso, Zataki virou a metralhadora para bater com a coronha na cabeça de Rudi, mas Rudi segurou-a com uma das mãos, desviando-a e arrancou-a das mãos do homem, com um reflexo perfeito, e antes que a arma caísse no chão, sua outra mão, aberta, já estava na garganta desprotegida de Zataki. Mas ele interrompeu o golpe mortal, mal tocando a pele do homem. Depois, deu um passo para trás, acuado. Todas as armas apontavam para ele.
O silêncio continuou. Seus homens olhavam, estarrecidos. Zataki o encarou com ódio. As sombras estavam mais alongadas, e uma brisa suave brincava com o catavento, fazendo-o estalar de leve.
— Apanhe a arma!
No silêncio pesado, Rudi percebeu a ameaça e a promessa e soube que sua vida, a de todos eles, estava em jogo.
— Fowler, faça isto! — ordenou e rezou para que tivesse escolhido certo. Relutante, Fowler adiantou-se.
— Sim senhor, imediatamente! — Pareceu levar um tempo enorme para ele cobrir os vinte metros, mas ninguém o interrompeu e um dos guardas saiu do seu caminho. Apanhou a arma e automaticamente colocou a trava de segurança no lugar, devolvendo-a com cuidado a Zataki, primeiro a coronha. — Não entortou, e..., e está como nova, filho.
O líder apanhou a arma, tornando a destravá-la, todo mundo ouviu o barulho como se fosse um trovão.
— Você conhece armas?
— Sim... oh, sim. Nós... todos os mecânicos... nós todos tivemos que fazer um curso na RAF... Royal Air Force — disse Fowler, conservando os olhos fixos nos do homem e pensou: Que diabo eu estou fazendo aqui, enfrentando este filho da mãe fedorento? — Podemos debandar? Somos civis, filho, somos não-combatentes, neutros.
— Volte para lá. — E Zataki apontou para a fila. Depois virou-se para Rudi. — Onde foi que o senhor aprendeu karatê?
— No Exército — no Exército alemão.
— Ah, alemão. O senhor é alemão? Os alemães têm sido bons para o Irã. Ao contrário dos ingleses e americanos. Quem são os seus pilotos, seus nomes e nacionalidades?
Rudi hesitou, depois apontou.
— Capitão Dubois, francês, capitão Tyrer, idem, e Forsyth, inglês.
— Nenhum americano?
Rudi sentiu um vazio no estômago. Jon Tyrer era americano e tinha carteira de identidade falsa. Nesse momento ouviu o barulho de um helicóptero se aproximando, reconheceu o ruído de um 206, e automaticamente olhou para o céu, junto com os outros. Então um dos Faixas Verdes soltou uma exclamação e apontou, enquanto os outros corriam para suas posições defensivas, todo mundo se espalhando, exceto os estrangeiros. Eles tinham reconhecido o avião.
— Todos para o hangar — ordenou Zataki. O helicóptero aproximou-se do aeroporto a uma altura de trezentos metros e começou a voar em círculos. — É um dos seus?
— Sim. Mas não desta base. — Rudi apertou os olhos ao olhar para o sol. Seu coração acelerou quando leu o prefixo. — É o EP-HXT de Kowiss, da nossa base em Kowiss.
— O que ele quer?
— Obviamente aterrissar.
— Descubra quem está a bordo. E não tente nenhum truque. Juntos, foram até o UHF no escritório.
— HXT, está ouvindo?
— HXT, alto e claro. Aqui é o capitão Starke, de Kowiss. Capitão Lutz?
— Sim, aqui é o capitão Lutz, capitão Starke — respondeu, reconhecendo pelo tom formal que deveria haver pessoas estranhas a bordo, da mesma forma que Starke saberia que havia algo de errado lá.
— Solicito permissão para pousar. Estou com pouco combustível e preciso reabastecer. Já obtive permissão do radar de Abadan.
— Pergunte quem está no avião. — Ordenou Zataki.
— Quem está a bordo? Houve uma pausa.
— Quatro passageiros. Qual é o problema?
Rudi esperou. Zataki não sabia o que fazer. Qualquer uma das bases militares poderia estar na escuta.
— Deixe-o pousar... perto do hangar.
— Permissão para pousar, HXT. Desça perto do hangar, a leste.
— HXT.
Zataki inclinou-se e desligou o aparelho.
— Daqui para a frente o rádio só será usado com minha autorização.