Выбрать главу

— Graças a Deus. Vocês são gurkhas?

— Só, ahn, uma unidade avulsa, por assim dizer.

Pettikin balançou a cabeça Pensativamente. Tinha notado que nenhum deles usava emblemas ou insígnias nos ombros — exceto pelas estrelas de capitão de Ross e por suas boinas vermelhas.

— E como é que uma 'unidade avulsa' é informada de planos de vôo?

— De fato não sei — disse Ross, distraidamente. — Apenas obedeço ordens. — Deu uma olhada em volta. O local era plano, desguarnecido e pedregoso, muito frio, com o solo coberto de neve. — Você não acha que devemos seguir? Estamos um pouco expostos aqui.

— O que está acontecendo em Tabriz? — perguntou Pettikin voltando para a cabine.

— Na verdade, gostaríamos de ficar deste lado de Bandar-e Pahlavi, se não se importa.

— É claro. — Pettikin tinha começado, automaticamente, as manobras de decolagem. — O que está havendo lá?

— Digamos que temos de falar com um homem sobre um cachorro.

— Há um monte de cachorros em toda parte! Nosso destino é Bandar-e Pahlavi, e vou parar de fazer perguntas. — Riu Pettikin, começando a gostar dele.

— Sinto muito, mas você sabe como é. Também agradeceria se você esquecesse meu nome e o fato de termos estado a bordo.

— E se me perguntarem... as autoridades? Nossa partida foi um tanto pública.

— Não disse meu nome; apenas obriguei-o — Ross sorriu — com terríveis ameaças!

— Está bem. Mas não vou esquecer seu nome.

Pettikin pousou a poucos quilômetros do porto de Bandar-e Pahlavi. Ross mostrara o local do pouso num mapa que levava. Era uma praia cheia de dunas, distante de qualquer aldeia, com as águas azuis do Cáspio bem mansas. O mar estava pontilhado de barcos de pesca e grandes tufos de nuvens flutuavam no céu ensolarado. Aqui o clima era tropical, o ar úmido estava coalhado de insetos, e não havia sinal de neve, embora as montanhas Elburz, atrás de Teerã, estivessem quase encobertas. Era altamente irregular aterrissar sem permissão, mas por duas vezes Pettikin chamara o aeroporto de Bandar-e Pahlavi, onde deveria reabastecer, e não recebera resposta, então achou que estaria seguro — podia alegar uma emergência.

— Boa sorte, e mais uma vez obrigado — e cumprimentou um por um.

— Se algum dia precisarem de alguma coisa, qualquer coisa, é só pedir. — Eles saltaram rapidamente, puseram as sacolas nos ombros e caminharam em direção às dunas. Foi a última imagem que teve deles.

— Tabriz Um, está me ouvindo?

Voava em círculos, apreensivamente, a duzentos metros, conforme mandava o regulamento, depois baixou um pouco. Nenhum sinal de vida — nenhuma luz acesa. Estranhamente inquieto, pousou perto do hangar. Lá ele esperou, pronto para uma partida imediata, sem saber o que esperar — as notícias de recrutas amotinados em Teerã, especialmente da elite da Força Aérea, perturbaram-no muito. Mas ninguém se aproximou. Nada aconteceu. Relutante, travou os comandos com muito cuidado e saiu, deixando os motores ligados. Era muito perigoso e contra o regulamento — porque se as travas se soltassem, o helicóptero poderia começar a girar e descontrolar-se.

Mas não quero ser apanhado desprevenido, pensou. Tornou a verificar as travas e dirigiu-se, rapidamente, através da neve para o escritório. Estava vazio, os hangares vazios exceto pelo 212 desmontado, os trailers também vazios, não havia sinal de ninguém — nem de luta. Um pouco mais tranqüilo, atravessou o acampamento o mais depressa que pôde. Sobre a mesa da cabana de Erikki Yokkonen havia uma garrafa vazia de vodca. Na geladeira havia outra cheia — teria apreciado muitíssimo um drinque, mas pilotar e beber eram coisas que não se misturavam. Havia também água engarrafada, um pouco de pão iraniano e presunto. Pettikin bebeu a água, satisfeito. Só vou comer depois de ter examinado tudo, pensou.

No quarto, a cama estava feita, mas viu sapatos espalhados. Gradualmente, seus olhos encontraram mais sinais de uma partida apressada. Os outros trailers mostravam os mesmos sinais. Não havia qualquer transporte na base e o Range Rover vermelho de Erikki também sumira. Estava claro que a base fora abandonada às pressas. Mas por quê?

Seus olhos examinaram o céu. O vento tinha aumentado e ele o ouviu assoviar através da floresta coberta de neve, acima do barulho dos motores. Sentiu o frio penetrar através da jaqueta, das calças grossas e por entre as botas. Seu corpo pedia um chuveiro quente — melhor ainda, uma das saunas de Erikki — além de comida, cama, uma bebida quente e oito horas de sono. O vento ainda não é problema, pensou, mas tenho no máximo mais uma hora de claridade para reabastecer e voltar pelo desfiladeiro em direção à planície. Ou passo a noite aqui?

Pettikin não era um homem do campo, nem da montanha. Conhecia o deserto, a selva, a estepe e a zona árida da Arábia Saudita. As grandes extensões planas nunca o perturbaram. Mas o frio sim. E a neve. Primeiro reabastecer, pensou.

Mas não havia combustível no depósito. Nenhum. Viu vários tambores de cem litros, mas estavam todos vazios. Não tem importância, disse a si mesmo, controlando o pânico. Tenho o suficiente nos meus tanques para os oitenta quilômetros de volta a Bandar-e Pahlavi. Poderia prosseguir até o aeroporto de Tabriz ou tentar arranjar algum combustível no depósito da ExTex em Ardabil, mas fica perto demais da fronteira soviética.

Mais uma vez examinou o céu. Maldição! Posso ficar aqui ou em algum lugar no meio do caminho. O que escolher?

Aqui. É mais seguro.

Desligou os motores e guardou o 206 no hangar, trancando a porta. O silêncio era ensurdecedor. Hesitou, depois saiu, fechando a porta do hangar atrás dele. Seus pés enterravam-se na neve e o vento o empurrava à medida que se dirigia ao trailer de Erikki. No meio do caminho parou, com o estômago torcendo-se. Sentiu que alguém o observava. Olhou em volta, os olhos e os ouvidos examinando a floresta e a base. O catavento dançava com os redemoinhos que agitavam o topo das árvores, fazendo-as estalar, uivando pela floresta, e de repente lembrou-se de Tom Lochart sentado junto a uma fogueira nas montanhas Zagros, em uma de suas viagens para esquiar, contando a lenda canadense do Wendigo, o demônio mau da floresta, nascido nos vendavais, que espreita no cimo das árvores, uivando, esperando para apanhá-lo desprevenido, e então mergulha em cima de você e você fica aterrorizado, começa a correr mas não consegue escapar nunca, e você sente seu hálito gelado no pescoço e corre cada vez mais, com passadas cada vez maiores até que seus pés se tornam tocos ensangüentados e o Wendigo o carrega para o alto das árvores e você morre.

Estremeceu, odiando estar sozinho ali. Curioso, nunca pensei nisso antes mas também quase nunca estou sozinho. Tem sempre alguém por perto, um mecânico, um piloto, um amigo, Genny, Mac ou Claire, como nos velhos tempos.

Ainda examinava atentamente a floresta. Em algum lugar, ao longe, cachorros começaram a latir. A sensação de que havia alguém ali ainda era muito forte. Com algum esforço, ignorou a apreensão, voltou até onde estava o helicóptero e encontrou a pistola de sinalização. Carregou a enorme pistola de nariz arrebitado bem à vista ao voltar para a cabana de Erikki e se sentiu melhor por tê-la. E se sentiu melhor ainda depois que trancou a porta e fechou as cortinas.

TEERÃ: 19:05H. McIver caminhava pela arborizada avenida residencial, agora deserta, sentindo-se cansado e com fome. As luzes das ruas estavam apagadas e ele foi andando cuidadosamente na penumbra, com a neve amontoada contra os muros das belas casas, dos dois lados da avenida. Ouvia o som de tiros à distância e, trazido pelo vento, o rumor de "Allahhh-u Akbarrr". Virou a esquina e quase tropeçou no tanque centurião estacionado em cima da calçada. Uma lanterna o cegou momentaneamente. Alguns soldados apareceram.

— Quem é você, aga? — perguntou um jovem oficial, em bom inglês. — O que está fazendo aqui?