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Yemeni enrubesceu, deu meia-volta e saiu. Starke enxugou nas calças o suor das mãos.

— Rudi, vamos ver o que Kyabi quer.

Seguiram Yemeni pelo asfalto, acompanhados dos guardas. A noite estava clara e o ar pareceu agradável a Starke, depois do abafamento do pequeno escritório.

— O que foi que houve? — perguntou Rudi.

Starke explicou, com o pensamento longe, desejando estar de volta a Kowiss. Tinha odiado deixar Manuela, mas achou que ela estaria mais segura lá do que em Teerã.

— Querida — dissera, pouco antes de partir — vou tirar você daqui o mais depressa que puder.

— Eu estou segura aqui, querido, tão segura quanto no Texas. Tenho muito tempo, as crianças estão a salvo em Lubbock, só saí da Inglaterra depois que soube que eles estavam em casa. Você sabe que vovô Starke não vai deixar que lhes aconteça nada de mal.

— Claro. Os garotos vão ficar muito bem, mas quero você fora do Irã o mais depressa possível.

Starke voltou a ouvir Rudi perguntar

— Quem são os Povos do Livro?

— Cristãos e judeus — respondeu, imaginando como poderia chegar com o 125 a Kowiss. — Maomé considerava a nossa Bíblia e a Torah como Livros Sagrados também, muita coisa que está neles também está no Corão. Muitos estudiosos, nossos estudiosos, acham que ele simplesmente os copiou, embora a tradição muçulmana diga que Maomé não sabia ler nem escrever. Ele recitou o Corão, inteirinho, pode imaginar isso? — disse, demonstrando admiração por esse feito. — Outros o escreveram, anos depois de sua morte. Em árabe é extraordinariamente belo, sua poesia, é o que dizem

Na frente deles estava o trailer que servia de escritório, com guardas fumando do lado de fora, e Starke sentiu-se bem por ter lidado satisfatoriamente com Yemeni, e também com o mulá Hussein — quinze aterrissagens, perfeitas, aguardando nas plataformas enquanto o mulá fazia preleções aos trabalhadores a favor de Khomeini, sem que aparecesse um soldado, um policial ou a Savak, sempre, esperando que aparecessem a qualquer momento ou na próxima parada. Yemeni é titica de galinha comparado com Hussein, pensou.

Zataki e os dois mulás esperavam no escritório. Jahan, o operador de rádio, estava no HF. Zataki sentara-se na mesa de Rudi. O escritório sempre fora muito arrumado. Agora estava uma bagunça, com os arquivos abertos e papéis espalhados por toda parte, xícaras sujas, tocos de cigarro nas xícaras e pelo chão, comida em cima da mesa — arroz e carne de carneiro. E o ar fedia a fumaça de cigarro.

— Mein Gott! — disse Rudi, enraivecido. — Isto está um verrückte chiqueiro e...

— CALE A BOCA! — Explodiu Zataki. — Isto é uma situação de guerra, temos que revistar tudo. — Depois acrescentou, com mais calma: — Você... você pode mandar um dos seus homens arrumar tudo. Você não vai contar a Kyabi sobre nós. Vai agir normalmente e seguir minhas instruções, vai ficar olhando para mim. Está entendendo, capitão?

Rudi balançou a cabeça, com a cara fechada. Zataki fez um sinal ao operador de rádio, que disse ao microfone:

— Kyabi, Excelência, o capitão Lutz está aqui. Rudi pegou o microfone.

— Sim, patrão? — disse, chamando-o pelo apelido que lhe tinham dado. Tanto ele quanto Starke conheciam Yusuf Kyabi há vários anos. Kyabi fora treinado na Texas A&M e depois pela ExTex, antes de assumir o setor sul, e as relações entre eles eram muito boas.

— Boa noite, Rudi — disse a voz, em inglês com sotaque americano. — Estamos com um vazamento em um dos nossos oleodutos em algum lugar ao norte daí. É um vazamento grande, acabou de ser detectado pelas nossas estações de bombeamento. Deus sabe quantos barris já foram bombeados ou quanto ainda resta no oleoduto. Não estou solicitando uma emergência, mas quero um helicóptero ao amanhecer para encontrar o vazamento. Você pode vir me apanhar cedo?

Zataki fez sinal que sim, então Rudi respondeu:

— OK, patrão. Estaremos aí o mais cedo possível. Você quer um 206 ou um 212?

— Um 206, seremos eu e meu engenheiro-chefe. Venha você mesmo, sim? Pode ser sabotagem... pode ser um vazamento. Tiveram algum problema em Bandar Delam?

Rudi e Starke estavam bem conscientes das armas na sala.

— Não, não mais do que o normal. Vejo você amanhã. — Disse Rudi, querendo interrompê-lo, porque Kyabi era geralmente muito franco a respeito dos revolucionários. Ele não aprovava nem a revolução nem o fanatismo de Khomeini, e detestava interferência no seu complexo petrolífero.

— Espere um momento, Rudi. Ouvimos dizer que ocorreram mais distúrbios em Abadan, e ouvimos tiroteio em Ahwaz. Você sabia que um americano do ramo do petróleo e um dos nossos sofreram uma emboscada e foram mortos perto de Ahwaz, ontem?

— Sim, Tommy Stanson. Terrível.

— Se é. Que Deus amaldiçoe todos os assassinos! Tudeh, mujhadin, fedayim ou seja lá quem for.

— Sinto muito, patrão, mas preciso desligar. Vejo você amanhã.

— Está bem, conversamos amanhã. Insha'Allah, Rudi. Insha'Allah! A transmissão foi cortada. Rudi deu um suspiro de alívio. Não achou que

Kyabi tivesse dito alguma coisa que pudesse prejudicá-lo. A não ser que aqueles homens fossem secretamente do Tudeh — ou de algum dos outros grupos extremistas — e não partidários de Khomeini como afirmavam. "Todos os nossos grupos extremistas usam mulás como disfarce, ou tentam usá-los. " Kyabi tinha dito a ele. "Infelizmente, a maioria dos mulás são camponeses empobrecidos, ignorantes, uma presa fácil para revoltosos bem treinados. Que Deus amaldiçoe Khomeini... "

Rudi sentiu o suor escorrer pelas costas.

— Um dos meus homens irá com você, e desta vez você não vai tirar o pente de balas dele — disse Zataki.

O queixo de Rudi se projetou e a tensão na sala cresceu.

— Eu não vou voar com homens armados. É contra as regras da companhia, as regras da aviação, e principalmente contra as ordens do DAC iraniano. Se desobedecermos às regras do DAC, nossas licenças serão cassadas — disse, com ódio deles.

— Talvez eu mate um dos seus homens se você não obedecer. — Furiosamente, Zataki deu um tapa numa xícara que estava em cima da mesa e ela rolou pela sala.

Starke avançou, igualmente furioso. Zataki apontou o revólver para ele.

— Os seguidores do aiatolá Khomeini são assassinos? É esta a lei do Islã? Por um instante, Starke pensou que Zataki fosse puxar o gatilho, então o mulá Hussein levantou-se.

— Eu irei no avião. — Depois virou-se para Rudi: — Você jura que não vai tentar nos enganar e que vai voltar sem truques?

— Sim — disse Rudi, depois de uma pausa, com a voz tremendo.

— Você é cristão?

— Sim.

— Jure por Deus que não vai nos enganar.

— Está bem. Eu juro por Deus que não vou enganá-los — concordou Rudi, depois de nova pausa.

— Como pode confiar nele? — perguntou Zataki.

— Eu não confio — disse, com simplicidade, Hussein. — Mas se ele enganar a Deus, Deus o castigará. E a seus companheiros. Se nós não voltarmos ou se ele criar problemas... — E deu de ombros.

ABERDEEN — MANSÃO DE GAVALLAN: 19: 23H. Todos estavam na sala de televisão, assistindo, num telão, a um replay da partida de rugby daquele dia entre a Escócia e a França — Gavallan, sua mulher Maureen, John

Hogg, que geralmente pilotava o jato 125 da companhia, e alguns outros pilotos. O escore era 17 a 11 a favor da França, já quase no fim do segundo tempo. Todos os homens gemeram quando um escocês perdeu a bola, um francês recuperou-a e avançou quase quarenta metros.

— Aposto dez libras que a Escócia ainda vai ganhar! — disse Gavallan.

— Aceito a aposta — respondeu sua mulher e riu com a cara que ele fez. Ela era alta e ruiva e usava roupas de um verde elegante que combinavam com os seus olhos. — Afinal de contas, eu sou meio francesa.