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— Vocês já acharam essa metralhadora? — perguntou ao subgerente da base, em francês. Ao lado dele, Scragger, Kasigi e o capitão estavam igualmente tensos. As luzes da ponte estavam fracas. Lá fora, a lua brilhava alta.

— Não, m'sieur. Depois da primeira rajada, os atacantes desapareceram.

— Quai foi o dano causado ao sistema de bombeamento?

— Não sei. Estou esperando por um... ah, um momento, m'sieur Legrande está aqui. — Depois de um momento ouviu-se de novo em francês:

— Aqui é Legrande. Três queimados, dois iranianos em estado grave, o outro é Paul Beaulieu, mãos e braços. Peçam uma emergência imediatamente. Vi dois homens se dirigindo para a enseada, provavelmente os sabotadores, e eles devem ter um barco lá. Estou reunindo todo mundo para ver quem está faltando.

— Sim, imediatamente. E os danos?

— Não são muito graves. Com sorte, consertaremos tudo em uma semana; com certeza estará tudo consertado para a chegada do próximo petroleiro.

— Irei para terra assim que puder. Espere um momento! — De Plessey olhou para os outros e contou-lhes o que Legrande dissera. Scragger disse imediatamente:

— Eu me encarregarei da emergência, não é preciso solicitá-la.

— Tragam os feridos para o navio; nós temos uma sala de cirurgia e um médico. Ele é muito experiente, especialmente com queimaduras — disse Kasigi.

— Ótimo! — Scragger saiu correndo.

— Nós vamos lidar com a emergência aqui. Ponham os homens em maças.

O capitão Scragger vai trazê-los para bordo imediatamente. Há um médico aqui — disse de Plessey, ao microfone.

Um jovem oficial japonês entrou e falou rapidamente com o capitão, que sacudiu a cabeça, respondeu sumariamente e depois explicou em inglês a de Plessey:

— Os três iranianos que foram deixados a bordo, quando os outros que estavam na barcaça fugiram, querem ser levados para terra imediatamente. Eu disse que eles podiam esperar. — Então chamou a sala de máquinas, preparando-se para avançar.

Kasigi olhava para a ilha. E para os tanques. Preciso daquele óleo, pensou, e preciso que a ilha fique a salvo. Mas ela não está a salvo e nada do que eu possa fazer vai mantê-la a salvo.

— Vou até a praia — disse de Plessey e saiu. Scragger já estava no 206, tirando as portas de trás.

— O que está fazendo, Scrag? — perguntou de Plessey.

— Posso colocar a maca no assento de trás e prendê-la bem. É mais rápido do que montar um guincho para carregar as maças.

— Vou com você.

— Pule para dentro!

Uma algazarra chamou a atenção deles. Eram os três iranianos que tinham vindo correndo e gesticulavam com veemência. Estava claro que queriam ir para terra no helicóptero.

— Vamos levá-los, Scrag?

Scragger já estava sentado no lugar do piloto, com os dedos apertando os botões.

— Não, você tem uma emergência, eles não. Entre, meu velho. — Apontou para o assento da direita e depois fez sinal para os iranianos se afastarem. — Nah, ajaleh daram. Não, estou com pressa — disse, usando uma das poucas expressões em farsi que conhecia. Dois deles recuaram obedientemente. O terceiro, Said, escorregou para o assento traseiro e começou a amarrar o cinto. Scragger sacudiu a cabeça, fazendo sinal para ele descer. O homem não deu atenção, falou rapidamente, forçou um sorriso e apontou para a praia.

Impacientemente, Scragger fez sinal para ele sair, com um dos dedos apertando o botão para ligar o motor. Este pegou instantaneamente. Mais uma vez o homem se recusou a sair e, zangado, apontou para a praia, com a voz abafada pelo barulho do motor. Por um momento, Scragger pensou, sim, por que não? Então notou o suor pingando do rosto do homem, seu macacão ensopado de suor, e como que farejou-lhe o medo.

— Fora! — disse, estudando-o cuidadosamente.

Said não lhe deu atenção. Acima deles, as hélices giravam devagar, ganhando velocidade.

— Deixe-o ficar — gritou de Plessey. — É melhor irmos depressa. Repentinamente, Scragger desligou o motor e com uma força enorme para um homem tão pequeno, soltou o cinto de Said e jogou o homem no tombadilho, meio desmaiado, antes que alguém soubesse o que estava acontecendo. Pôs as mãos em torno da boca e gritou para a ponte:

— Ei, aí em cima! Kasigi! Este cara está ansioso demais para cair fora.

Ele não estava lá em baixo? — Sem esperar pela resposta, tornou a pular para a cabine e ligou o motor.

— O que foi que você viu naquele homem? — perguntou-lhe de Plessey. Scragger deu de ombros. Antes mesmo dos motores terem alcançando força total, os marinheiros já tinham agarrado o homem e mais os outros dois e os levaram para a ponte.

O 206 foi como uma flecha até a praia. Os dois feridos já estavam em maças. Rapidamente, uma das maças foi amarrada no lugar do banco de trás. Scragger ajudou o francês ferido, que estava com as mãos e os braços enfaixados, a se sentar no banco da frente, ao lado dele, e tentando não sentir o mau cheiro, levantou vôo e retornou, pousando como uma pluma. Os enfermeiros e o médico esperavam com plasma e morfina já preparados.

Em segundos, Scragger tornou a ir até a praia. Em mais alguns segundos a outra maca estava no lugar e ele já estava de volta, pousando suavemente. Mais uma vez o médico esperava, com a agulha preparada, e mais uma vez ele se abaixou e correu em direção à maca, sob as hélices que giravam. Desta vez, porém, ele não usou a agulha.

— Sinto muito — disse num inglês hesitante. — Este homem está morto. — Depois, mantendo a cabeça abaixada, ele se dirigiu rapidamente ao seu consultório. Os enfermeiros retiraram o corpo.

Depois que Scragger já tinha parado e estava com tudo desligado e seguro, ele foi até a amurada do navio e vomitou violentamente. Desde que tinha visto, ouvido e cheirado um piloto num bimotor em chamas, há muitos e muitos anos, era um pesadelo para ele pensar que poderia se ver na mesma situação. Nunca fora capaz de suportar o cheiro de queimado de carne e de cabelo humanos.

Depois de algum tempo, enxugou a boca, respirando ar puro, e abençoou a sua sorte. Tinha sido derrubado três vezes, duas delas pegando fogo, mas sempre conseguira escapar são e salvo. Várias vezes tinha sido obrigado a fazer uma cambalhota com o helicóptero para salvar-se e aos passageiros, por duas vezes na selva e sobre as árvores, uma vez com um motor pegando fogo. Mas o meu nome não estava na lista, pensou — pelo menos dessas vezes. Ouviu passos se aproximando. Virou-se e viu Kasigi que atravessava o tombadilho com uma garrafa de cerveja Kirin gelada em cada mão.

— Perdoe-me por favor, mas aqui está — disse Kasigi, gravemente, oferecendo a cerveja. — Queimaduras me causam a mesma coisa. Eu também passei mal. Eu... eu fui até a sala de operações para ver como os feridos estavam e... passei muito mal.

Scragger bebeu agradecido. O líquido gelado, com sabor de lúpulo, com bolhas que faziam cócegas enquanto ele bebia, reanimou-o.

— Jesus Cristo, como isso estava bom. Obrigado, cara. — E tendo dito isso uma vez foi fácil dizer de novo. — Obrigado, cara. — Kasigi ouviu aquilo duas vezes e considerou uma grande vitória. Os dois olharam para o marinheiro que se aproximava rapidamente deles com uma mensagem na mão. Entregou-a a Kasigi, que foi para perto da luz mais próxima, pôs os óculos e leu. Scragger viu-o ofegar e ficar cada vez mais pálido.

— Más notícias?

— Não... só... só problemas — disse Kasigi, hesitante.

— Há alguma coisa que eu possa fazer?

Kasigi não respondeu. Scragger esperou. Podia ver o turbilhão nos olhos do homem embora não no seu rosto, e tinha certeza que Kasigi estava tentando decidir se contava ou não a ele. Então Kasigi disse:

— Acho que não. É... É a respeito do nosso pólo petroquímico em Bandar Delam.

— O que o Japão está construindo? — Como todo mundo no golfo, Scragger sabia a respeito do fabuloso empreendimento de três e meio bilhões de dólares que, quando estivesse pronto, seria o maior complexo petroquímico da Ásia Menor e do Oriente Médio, tendo como setor principal uma fábrica de trezentas mil toneladas de etileno. Vinha sendo construído desde 1971 e estava quase pronto. — É uma fábrica e tanto.