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Apesar das ordens, os dois homens se viraram. Rakoczy já estava do lado de fora, arrastando Azadeh com ele, resistindo, lutando e tentando se agarrar na porta, mas ele a dominou facilmente. A arma já estava pendurada no ombro dele. Imediatamente, Erikki abriu a porta e saltou, deslizou sob a fuselagem e atacou. Mas chegou tarde. Uma rajada de balas o fez parar. A dez metros de distância, livre das hélices, Rakoczy apontava a arma para eles com uma das mãos e com a outra agarrava com firmeza a gola do chador de Azadeh. Por um instante, ela também ficou parada, depois redobrou os esforços, gritando e chorando, batendo nele, pegando-o desprevenido. Erikki atacou.

Rakoczy agarrou-a com as duas mãos e empurrou-a violentamente na direção de Erikki, interrompendo o ataque e fazendo os dois caírem no chão. No mesmo instante, deu um pulo para trás, virou-se e saiu correndo, tornou a virar, com a arma apontada, o dedo no gatilho. Mas não houve necessidade de atirar, pois o finlandês e a mulher ainda estavam de joelhos, meio aturdidos. Ele viu Erikki recuperar o controle e empurrá-la protetoramente para trás dele, preparando-se para tornar a atacar.

— Pare — ordenou —, ou desta vez eu vou matar todos vocês. PARE! — Deu uma rajada de metralhadora na neve. — Voltem para o helicóptero. Vocês dois! — Agora totalmente alerta, Erikki olhou-o com suspeita. — Andem! Vocês estão livres. Vão!

Terrivelmente assustada, Azadeh subiu no banco de trás. Erikki foi recuando devagar, protegendo-a com o seu corpo. Rakoczy manteve a arma apontada. Viu o finlandês se sentar atrás, com a porta ainda aberta, os pés escorados no esqui. Imediatamente os motores aceleraram. O helicóptero subiu meio metro do chão, girou devagar ficando de frente para ele, com a porta de trás sendo fechada. Seu coração bateu ainda mais depressa. Agora, pensou, mato vocês todos ou nós vivemos para lutar ainda uma outra vez?

O momento pareceu-lhe durar uma eternidade. O helicóptero recuou, aos poucos, ainda um alvo muito tentador. Apertou de leve o dedo no gatilho. Mas não o suficiente. Alguns metros mais adiante o aparelho balançou, se afastou rapidamente sobre os campos cobertos de neve e se dirigiu para o céu.

Ótimo, pensou, quase vencido pelo cansaço. Teria sido melhor se eu tivesse conseguido levar a mulher como refém, mas não importa. Nós poderemos agarrar a filha do velho Abdullah Khan amanhã ou depois. Ela pode esperar e Yokkonen também. Enquanto isso há um país a ser dominado, há generais, mulás e aiatolás para matar... e outros inimigos.

19

NO AEROPORTO DE TEERÃ: 17:05H. McIver guiava cuidadosamente pela estrada que acompanhava a cerca de arame farpado, dirigindo-se para o portão que levava à área de carga. A estrada cobrira-se de uma neve escorregadia. A temperatura estava muito baixa, o céu carregado, e faltava menos de uma hora para anoitecer. Mais uma vez ele olhou para o relógio. Não há muito tempo, pensou, ainda aborrecido com o fechamento do seu escritório pelo komiteh, na noite anterior. De manhã bem cedo tentara entrar no edifício, mas ainda estava guardado e todas as suas tentativas de obter permissão para verificar o telex mostraram-se infrutíferas.

— Maldita gente — dissera Genny quando ele regressou ao apartamento, furioso, — Deve haver alguma coisa que possamos fazer. Que tal George Talbot? Ele não pode ajudar?

— Duvido, mas vale a pena tentar. Se Valik estivesse... — McIver parou. — Tom já deve ter reabastecido nesta altura e já deve estar chegando. Onde quer que seja.

— Tomara que sim — disse ela, fazendo uma prece silenciosa. — Vamos torcer pelo melhor. Viu alguma loja aberta?

— Nenhuma, Gen. O almoço vai ser sopa em lata e uma cerveja.

— Sinto muito, mas a cerveja acabou.

Ele tentara se comunicar com Kowiss e com as outras bases no seu HF, mas não obteve resposta de nenhuma delas. Também não conseguiu pegar nem a BBC nem a AFN. Ele tinha ouvido por algum tempo os inevitáveis comentários antiamericanos da Rádio Livre do Irã em Tbilisi e desligara com raiva. O telefone estava mudo. Tentara ler, mas não conseguira, com a mente cheia de preocupações a respeito de Lochart, Pettikin, Starke e todos os outros, detestando estar proibido de usar seu escritório e o telex e, no momento, sem controle da situação. Isso nunca acontecera antes, nunca. Maldito xá por ter partido e deixado tudo desmoronar. Antigamente era tudo maravilhoso. Qualquer problema era só ir até o aeroporto, pegar um avião para Isfahan, Tabriz, Abadan, Ormuz, Al Shargaz ou qualquer outro lugar, depois fazer o resto do percurso de helicóptero, sempre que se tivesse vontade. As vezes Genny ia junto, para passear — faziam piqueniques e tomavam uma cerveja bem gelada.

— Que droga!

Logo depois do almoço, o HF se manifestara. Era Freddy Ayre, de Kowiss, para comunicar que o 212 estaria no aeroporto de Teerã por volta das 17 horas, vindo de Al Shargaz, um pequeno território independente que ficava a mil e trezentos quilômetros ao sul de Teerã, do outro lado do golfo, e onde a S-G tinha um escritório.

— Ele disse se tinha uma licença, Freddy? — perguntara McIver, nervosamente.

— Não sei. A única coisa que o nosso QG em Al Shargaz disse foi: "ETA Teerã 1700, avise a McIver. Não consigo me comunicar com ele", e repetiu isso várias vezes.

— Como estão as coisas por aí?

— Tudo bem — respondera Ayre. — Starke ainda está em Bandar Delam e não conseguimos nenhum contato com eles exceto por um snafu* há meia hora atrás.

*Snafu — Situation normal, ail fucked-up. (Situação normal, merda geral.)

— Rudi enviou isso? — McIver tentara manter a voz calma.

— Sim.

— Mantenha-se em contato com eles e conosco. O que foi que aconteceu com seu operador de rádio hoje de manhã? Tentei me comunicar durante umas duas horas e não consegui.

Houve uma longa pausa.

— Ele foi detido.

— Mas por quê?

— Não sei, Mac... capitão McIver. Assim que souber eu comunicarei. Também assim que puder vou mandar Marc Dubois de volta para Bandar Delam, mas, bem, as coisas estão um pouco confusas por aqui. Estamos limitados ao território da base, há... há uma amável e encantadora patrulha armada na torre, todos os vôos estão cancelados exceto as emergências e mesmo assim temos que ir acompanhados por guardas. E nenhum vôo fora da nossa área está autorizado.

— Por que tudo isso?

— Não sei. O nosso adorado comandante, coronel Peshadi, me assegurou que era uma coisa temporária, só por hoje e talvez amanhã. Aliás, às 15:16h, nós recebemos um breve chamado do capitão Scragger, em Charlie Eco Zulu Zulu, a caminho de Bandar Delam, num vôo especial.

— Por que diabo ele está indo para lá?

— Não sei, senhor. O velho Ser... o capitão Scragger disse que foi requisitado por de Plessey, em Siri. Eu, ahn, eu acho que não tenho mais muito tempo. O nosso amável guarda está ficando nervoso, mas se o senhor conseguir mandar o 125 para cá, Peshadi disse que dará permissão para ele pousar. Vou tentar tirar Manuela daqui, mas não tenha muita esperança, ela está mais nervosa que um coelho dentro de um canil, sem notícias de Starke.

— Posso imaginar. Diga-lhe que estou mandando Gen. Vou desligar agora, Deus sabe quanto tempo vou levar até o aeroporto. — E dirigiu sua atenção para Genny. — Gen, faça a mala...

— O que você quer levar, Duncan? — ela perguntou com uma voz doce.

— Não sou eu que vou, é você.

— Não seja bobo, querido. Se você quer esperar o 125, é melhor se apressar, mas tenha cuidado e não se esqueça dos retratos! Ah, por falar nisso, esqueci de dizer que, enquanto você estava tentando entrar no escritório, Xarazade mandou um dos empregados dela até aqui nos convidar para jantar.

— Gen, você vai partir com o 125 e está decidido!

A discussão não tinha durado muito. Ele saíra e usara estradas secundárias, quase todos os principais cruzamentos estavam bloqueados pela multidão. Todas as vezes que o pararam, mostrou o retrato de Khomeini com a frase VIDA LONGA PARA O AIATOLÁ escrita em farsi e o deixaram passar. Não viu nem soldados nem policiais, então não precisou do retrato do xá com a frase LONGA VIDA PARA O GLORIOSO IRÃ escrita embaixo. Ainda assim, levou duas horas e meia para fazer um percurso que levava, normalmente, uma hora, a ansiedade por chegar atrasado crescendo a cada minuto.