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— Que avião, hein?

— E o nosso vôo regular... o nosso vôo regular de Al Shargaz.

Este nome fez com que o homem despejasse uma torrente de palavras.

— Be bahk shid nana dhan konan. Sinto muito, não compreendo.

— Não pousar... não pousar, compreende? — O homem apontou furioso em direção ao avião e ao escritório onde estava o HF. — Avise avião!

McIver concordou calmamente, não se sentindo nada calmo, e fez sinal para que ele tornasse a entrar no escritório. Contou dez mil riais, cerca de 110 dólares, e ofereceu ao homem.

— Por favor, aceite a taxa de pouso; o dinheiro do pouso.

O homem soltou mais uma torrente de farsi. McIver pôs o dinheiro sobre a mesa e depois se dirigiu para o depósito. Destrancou uma porta. No pequeno cômodo, construído ali exatamente com este objetivo, havia vários tipos de peças e três latões de vinte litros, cheios de gasolina. Pegou um latão e o colocou do lado de fora, lembrando-se do que o general Valik dissera: um pishkesh não era um suborno, mas um presente e um ótimo costume iraniano. Depois de pensar um segundo, McIver decidiu sair e deixar a porta aberta — três latões eram mais do que suficientes para garantir que não houvesse problemas.

— Be bahk shid, Agha. Por favor, com licença Excelência. — Depois acrescentou em inglês: — Eu preciso encontrar com meus patrões.

O homem saiu do edifício e entrou no carro, sem olhar para trás.

— Maldito filho da mãe, quase me causou um ataque do coração! — murmurou McIver, depois tirou o homem da cabeça e se dirigiu para a pista. A neve tinha só uns poucos centímetros de profundidade e não estava muito ruim. As marcas que seu carro tinha deixado eram as únicas, e as outras pistas estavam igualmente intactas. O vento aumentara, piorando o frio, mas ele não notou, concentrado no avião.

O 125 surgiu, fazendo uma curva pronunciada, com o trem e os flaps abaixados, deslizando de lado habilmente para perder altura e diminuir a distância de aproximação. John Hogg freou e pousou, deixando o avião rodar até estar em segurança e mesmo então usando os freios com muito cuidado. Entrou na pista de taxiar, acelerou para se encontrar com McIver e parou perto do primeiro caminho de acesso de volta à pista.

Quando McIver se aproximou, a porta estava aberta e John Hogg esperava, enrolado num casaco, batendo com os pés no chão por causa do frio.

— Oi, Mac — exclamou, um homem esbelto e elegante de rosto fino e bigode. — Que ótimo ver você. Venha aqui para dentro, está mais quente.

— Boa idéia. — McIver desligou o carro e seguiu-o, subindo os degraus e entrando no avião. Lá dentro estava aconchegante, as luzes acesas, o café pronto, jornais de Londres nas prateleiras. McIver sabia que havia vinho e cerveja na geladeira, um toalete com vaso sanitário e papel macio lá atrás. Era a civilização outra vez. Trocou um aperto de mão caloroso com Hogg e acenou para o co-piloto.

— Prazer em vê-lo, Johnny. — E abriu a boca de espanto. Sentado em uma das poltronas do avião de oito lugares, sorrindo para ele, estava Andy Gavallan.

— Olá, Mac!

— Meu Deus! Meu Deus, Chinês, que bom ver você — disse McIver, apertando-lhe a mão. — Que diabo você está fazendo aqui? Por que não me avisou que vinha? Que foi...

— Devagar, rapaz. Café?

— Meu Deus, sim. — McIver sentou-se em frente a ele. — Como vai Maureen? E a pequena Electra?

— Estão ótimas. Maravilhosas! Ela ainda vai fazer dois anos e já é um terror! Achei que precisávamos conversar, então entrei neste pássaro e aqui estou.

— Você nem sabe o quanto estou contente. Você está com uma aparência ótima — disse McIver.

— Obrigado, rapaz, você também não está mal. Como é que você está passando, de verdade, Mac? — perguntou Gavallan, mais atentamente.

— Muito bem. — Hogg colocou o café na frente de McIver. Com uma pequena dose de uísque para ele e outra para Gavallan.

— Ah, obrigado, Johnny — disse McIver, animando-se. — Saúde! — Brindou com Gavallan e engoliu a bebida satisfeito. — Estou mais gelado que um cadáver. Acabei de ter um pega com um maldito guarda da alfândega! Por que você está aqui? Algum problema, Andy? Oh, e quanto ao 125? Tanto os revolucionários quanto os legalistas andam muito exaltados. Qualquer um deles pode chegar aqui e apreendê-lo à força.

— Johnny Hogg está vigiando. Vamos conversar a respeito dos meus problemas num instante, mas achei que era melhor vir até aqui e ver com os meus próprios olhos. Temos muita coisa em jogo agora, aqui e fora daqui, com os novos contratos e os aparelhos que estão para chegar. O X63 é um espetáculo, Mac, é o que pode haver de melhor.

— Ótimo, formidável. Quando vamos tê-lo?

— No ano que vem, depois conversamos mais sobre ele. Agora, o Irã é o problema prioritário. Temos que fazer alguns planos de emergência, como manter contato e assim por diante. Ontem eu levei horas em Al Shargaz tentando conseguir uma licença iraniana para vir a Teerã, mas não consegui. Até a embaixada estava fechada; fui pessoalmente ao prédio, em Al Mullah, mas estava fechada. Pedi ao nosso representante para ligar para a casa do embaixador, mas ele tinha saído para almoçar... o dia inteiro. No fim, fui até o controle de tráfego aéreo de Al Shargaz e bati um papo com eles. Eles sugeriram que nós esperássemos, mas eu os convenci a nos dar uma licença e deixar-nos tentar e aqui estamos. Em primeiro lugar, em que estado estão as nossas operações?

McIver relatou o que sabia.

Grande parte do bom humor de Gavallan desapareceu.

— Então Charlie sumiu, Tom Lochart está arriscando o pescoço e todos os nosso negócios no Irã, estúpida ou corajosamente, dependendo do ponto de vista. Duke Starke está passando dificuldades em Bandar Delam com Rudi, Kowiss está sitiada e nós fomos expulsos dos nossos escritórios.

— Sim — acrescentou sombriamente McIver —, eu autorizei o vôo de Tom.

— Provavelmente eu teria feito o mesmo se estivesse aqui, embora isso não justifique o perigo para ele, para nós ou para aquele pobre infeliz do Valik e sua família. Mas eu concordo, a Savak não é prato para ninguém. — Gavallan estava inteiramente desconcertado, embora seu rosto não o demonstrasse. — Ian estava certo de novo.

— Ian? Dunross? Você o viu? Como está aquele doido?

— Ele me ligou de Shangai. — Gavallan contou-lhe o que ele dissera. — Quais são as últimas novidades na situação política por aqui?

— Você deve saber mais do que nós. Nós só conseguimos notícias através da BBC ou da Voz da América. Os jornais ainda não estão circulando e só há boatos — disse McIver, mas ele estava se lembrando dos bons tempos que tinha passado com Dunross em Hong Kong. Ele o ensinara a pilotar um pequeno helicóptero, um ano antes de se juntar a Gavallan em Aberdeen, e embora não tivessem feito uma grande amizade, McIver tinha gostado muito da sua companhia. — Bakhtiar ainda está no poder, com as Forças Armadas por trás dele, mas Bazargan e Khomeini estão lhe mordendo os calcanhares... Oh, maldição, eu esqueci de contar, o chefe Kyabi foi assassinado.

— Meu Deus, que coisa horrível! Mas por quê?

— Nós não sabemos por que nem como nem por quem. Freddy Ayre contou-nos velada...

— Desculpe interromper, senhor — ouviu-se pelo alto-falante, e havia uma nota de urgência na voz plácida de Hogg. — Três carros cheios de homens e de armas estão vindo nesta direção, vindos da área do terminal.

Os dois homens espiaram pelas janelinhas redondas. Conseguiram ver os carros. Gavallan apanhou o binóculo e o ajustou.

— Há cinco ou seis homens em cada carro. Há um mulá no banco da frente do primeiro carro. É gente de Khomeini. — Pendurou o binóculo no pescoço e saiu rapidamente do assento. — Johnny!