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Mary interrompeu-o bruscamente:

— Pois então trate de obtê-la. O soro estará à espera no aeroporto de Atlanta. E lembre-se de uma coisa, general... cada minuto conta.

Ela desligou e continuou sentada, rezando silenciosamente.

O ajudante-de-ordens do general Ralph Zukor perguntou:

— Qual era o problema, senhor?

— A embaixadora quer que eu mande um SR-71 levar um pouco de soro para a Romênia.

O ajudante sorriu.

— Tenho certeza de que ela não tem a menor idéia das implicações de uma operação dessas, general.

— Isso é evidente. Mas é melhor nos precavermos. Ligue-me com Stanton Rogers.

Cinco minutos depois o general estava falando com o assessor do presidente para política externa.

— Eu queria apenas comunicar que o pedido foi apresentado e recusei, como não podia deixar de ser. Se...

Stanton Rogers interrompeu-o:

— General, em quanto tempo pode fazer um SR-71 decolar?

— Em dez minutos. Mas...

— Faça-o.

O sistema nervoso de Nicu Ionescu fora afetado. Ele estava na cama, desorientado, pálido e suado, ligado a um respirador. Havia três médicos a atendê-lo. O presidente Ionescu entrou no quarto do filho.

— O que está acontecendo?

— Já nos comunicamos com todos os nossos colegas da Europa Oriental e Ocidental, Excelência. Não resta nenhum soro.

— E os Estados Unidos? O médico deu de ombros.

— Quando conseguíssemos providenciar que alguém trouxesse o soro de avião para cá... — Ele fez uma pausa, delicado. — Receio que seria tarde demais.

Ionescu aproximou-se e pegou a mão do filho. Estava úmida e pegajosa.

— Você não vai morrer — soluçou o presidente da Romênia. — Não vai morrer.

Quando o jato pousou no Aeroporto Internacional de Atlanta, uma limusine da força aérea esperava com o soro, acondicionado em gelo. Três minutos depois o jato estava outra vez no ar, seguindo para nordeste.

O SR-71, o mais veloz jato supersônico da Força Aérea Americana, voa a três vezes a velocidade do som. Diminuiu a velocidade só uma vez, para se reabastecer, no meio do Atlântico. Cobriu o percurso de cerca de oito mil quilômetros até Bucareste em pouco mais de duas horas e meia.

O coronel McKinney estava esperando no aeroporto. Uma escolta militar abriu o caminho até o palácio presidencial.

Mary permaneceu em sua sala durante a noite inteira, recebendo informações constantes sobre os acontecimentos. A última notícia chegou às seis horas da manhã, um telefonema do coronel McKinney:

— Deram o soro ao garoto. Os médicos dizem que ele vai viver.

— Graças a Deus!

Dois dias depois, um colar de diamantes e esmeraldas foi entregue a Mary na embaixada, com um bilhete:

Nunca terei palavras suficientes para lhe agradecer.

Alexandros Ionescu

— Puxa! — exclamou Dorothy, quando viu o colar. — Deve ter custado meio milhão de dólares!

— No mínimo — disse Mary. — Devolva-o.

Na manhã seguinte o presidente Ionescu mandou chamar Mary. Um assessor informou:

— O presidente está à sua espera no gabinete.

— Posso ver Nicu primeiro?

— Claro que sim.

Ele conduziu-a ao segundo andar. Nicu estava na cama, lendo. Levantou os olhos quando Mary entrou no quarto.

— Bom dia, senhora embaixadora.

— Bom dia, Nicu.

— Meu pai me disse que foi você quem conseguiu o soro. Desejo lhe agradecer.

— Eu não podia deixar você morrer — disse Mary. — Estou guardando-o para Beth.

Nicu soltou uma risada.

— Traga-a aqui e conversaremos sobre isso.

O presidente Ionescu esperava Mary lá embaixo. E foi logo dizendo, sem qualquer preâmbulo:

— Você devolveu meu presente.

— É verdade, Excelência, Ionescu indicou uma cadeira.

— Sente-se. — Ele estudou-a por um momento. — O que você quer?

— Não faço negócios com a vida de crianças.

— Salvou a vida de meu filho. Devo lhe dar alguma coisa.

— Não me deve nada, Excelência, Ionescu bateu com o punho na mesa.

— Não ficarei lhe devendo coisa alguma! Diga seu preço.

— Não há preço, Excelência. Tenho dois filhos. Sei como deve se sentir.

Ele fechou os olhos por um momento.

— Sabe mesmo? Nikos é meu único filho. Se alguma coisa lhe acontecesse...

Ele parou de falar, incapaz de continuar.

— Subi para visitá-lo. Ele parece estar bem. — Mary levantou-se. — Se não há mais nada, Excelência, tenho um compromisso na embaixada.

Ela fez menção de se retirar.

— Espere! Mary virou-se.

— Não quer aceitar um presente?

— Não. Já expliquei... Ionescu levantou a mão.

— Está bem, está bem. — Ele pensou por um momento. — Se pudesse exprimir um desejo, o que gostaria?

— Não há nada...

— Mas deve! Eu insisto! Um desejo. Qualquer coisa que quiser.

Mary ficou imóvel, estudando o rosto de Ionescu, pensando. E acabou dizendo:

— Eu gostaria que fossem suspensas as restrições à saída dos judeus da Romênia.

Ionescu continuou sentado, os dedos tamborilando sobre a mesa.

— Entendo... — Ele ficou imóvel por um longo tempo, depois levantou os olhos para Mary. — Será feito. Nem todos terão permissão para partir, é claro, mas... tornarei as coisas mais fáceis.

Quando houve o comunicado público, dois dias depois, Mary recebeu um telefonema do próprio presidente Ellison.

— Pensei que estava mandando para a Romênia uma diplomata e arrumei uma fazedora de milagres — disse ele.

— Apenas tive sorte, senhor presidente.

— É o tipo de sorte que eu gostaria que todos os meus diplomatas tivessem. Quero lhe dar os parabéns, Mary, por tudo o que você tem feito aí.

— Obrigada, senhor presidente. Ela desligou na maior felicidade.

— Julho está quase chegando — Harriet Kruger disse a Mary. — No passado o embaixador sempre oferecia uma festa no Quatro de Julho aos americanos que vivem em Bu-careste. Se prefere não...

— Acho a idéia ótima.

— Pode deixar que cuidarei de tudo. Muitas bandeiras, balões, uma orquestra... os fogos de artifício.

— Parece que será uma festa maravilhosa. Obrigada, Harriet.

Seria uma sangria e tanto na verba de representação, mas valeria a pena. A verdade é que sinto saudade dos Estados Unidos, pensou Mary.

Florence e Douglas Schiffer surpreenderam Mary com uma visita.

— Estamos em Roma — gritou Florence pelo telefone. — Podemos ir visitá-la?

Mary ficou emocionada.

— Quando podem chegar aqui?

— Amanhã está bom para você?

Quando os Schiffer chegaram ao Aeroporto Otopeni, no dia seguinte, Mary estava lá para recebê-los, com a limusine da embaixada. Houve uma excitada troca de abraços e beijos.

— Você está ótima! — exclamou Florence. — Ser embaixadora não a mudou nem um pouquinho.

Você ficaria surpresa se soubesse, pensou Mary.

Na viagem para a residência oficial, Mary foi apontando os principais pontos de atração, as mesmas coisas que ela vira pela primeira vez apenas quatro meses antes. Teriam sido mesmo apenas quatro meses? Parecia uma eternidade.

— É aqui que você mora? — perguntou Florence quando a limusine parou diante do portão da residência oficial, guardado por um fuzileiro. — Estou impressionada.

Mary mostrou toda a casa aos Schiffer.

— Mas que coisa! — exclamou Florence. — Uma piscina, um teatro, mil cômodos e o seu próprio parque!

Eles estavam sentados na sala de jantar, almoçando e conversando sobre os vizinhos em Junction City.

— Sente alguma saudade de lá? — indagou Douglas.