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Ela engoliu em seco.

— Tentarei.

Ele segurou-lhe a mão.

— Quando começou a se sentir assim?

— No dia seguinte ao nosso fim de semana nas montanhas.

A voz era quase inaudível.

— Lembra-se de ter comido ou bebido alguma coisa que a fez sentir-se mal depois?

Mary sacudiu a cabeça.

— E continuou a se sentir pior a cada dia? Ela assentiu.

— Toma o café da manhã aqui com as crianças?

— Quase sempre.

— E as crianças estão passando bem? Ela assentiu.

— E costuma almoçar no mesmo lugar todos os dias?

— Não. As vezes almoço na embaixada, em outros dias tenho encontros em restaurantes.

— Existe algum lugar em que sempre costuma jantar ou come regularmente qualquer coisa?

Mary sentia-se cansada demais para continuar a conversa. Gostaria que ele fosse embora. E fechou os olhos. Louis sacudiu-a, gentilmente.

— Precisa ficar acordada, Mary. Preste atenção. — Havia um tom de urgência em sua voz. — Existe alguma pessoa com quem você come constantemente?

Ela piscou, sonolenta.

— Não. — Por que ele está Jazendo todas essas perguntas? — É um vírus, não é?

Ele respirou fundo.

— Não. Alguma coisa a está envenenando.

Mary teve a impressão de que uma corrente elétrica lhe percorria o corpo. Arregalou os olhos.

— O quê? Não posso acreditar! Louis estava com o rosto franzido.

— Eu diria que foi envenenamento por arsênico, só que não se encontra arsênico à venda na Romênia.

Mary experimentou um súbito tremor de medo.

— Quem... quem tentaria me envenenar? Ele apertou-lhe a mão.

— Precisa pensar direito, querida. Tem certeza de que não existe nenhuma rotina, algum lugar em que alguém lhe dê alguma coisa para comer ou beber todos os dias?

— Claro que não — protestou Mary, debilmente. — Já lhe disse, eu...

O café. Mike Slade. Meu café especial.

— Oh, não!

— O que é?

Ela limpou a garganta e conseguiu balbuciar:

— Mike Slade me serve café todas as manhãs. Está sempre à minha espera.

— Não... não pode ser Mike Slade. Que motivo ele teria para tentar matá-la?

— Ele... ele quer se livrar de mim.

— Falaremos sobre isso depois, querida. A primeira coisa que temos de fazer agora é tratar de você. Eu gostaria de levá-la para um hospital daqui, mas sua embaixada não permitiria. Vou buscar uma coisa para você. Voltarei dentro de poucos minutos.

Mary continuou deitada, tentando absorver o significado do que Louis lhe dissera. Arsênico. Alguém está me dando arsênico. O que você precisa é de outra xícara de café. Fará com que se sinta melhor. Vou preparar.

Ela resvalou para a inconsciência e foi despertada pela voz de Louis:

— Mary!

Fez um grande esforço para abrir os olhos. Ele estava ao lado da cama, tirando uma seringa de uma maleta.

— Olá, Louis — murmurou Mary. — Estou contente por você ter vindo.

Ele procurou uma veia no braço e mergulhou a agulha.

— Estou lhe aplicando uma injeção de BAL. É um antídoto para arsênico. E vou alternar com penicilina. Aplicarei outra dose pela manhã. Mary?

Ela estava dormindo.

Na manhã seguinte o doutor Louis Desforges aplicou outra injeção em Mary e mais outra à tarde. Os efeitos dos medicamentos foram milagrosos. Um a um, os sintomas começaram a desaparecer. No dia seguinte, a temperatura e as funções vitais de Mary estavam quase que completamente normais.

Louis estava no quarto de Mary, guardando a seringa num saco de papel, onde não seria vista por algum empregado curioso. Ela sentia-se esgotada e fraca, como se tivesse atravessado uma longa doença, mas toda dor e desconforto haviam desaparecido.

— Esta é a segunda vez que me salva a vida. Louis fitou-a com expressão solene.

— Acho que é melhor descobrirmos quem está tentando tirá-la.

— Mas como podemos fazer isso?

— Estive verificando em várias embaixadas. Nenhuma delas tem arsênico. Nada pude descobrir na embaixada americana. Gostaria que fizesse uma coisa para mim. Acha que se sentirá bastante bem para ir trabalhar amanhã?

— Acho que sim,

— Quero que vá à farmácia de sua embaixada. Diga que precisa de um pesticida. Explique que está com problemas de insetos em seu jardim. Peça Antrol. É uma droga com muito arsênico.

Mary estava aturdida.

— Para que tudo isso?

— Meu palpite é de que o arsênico veio de avião para Bucareste. Se existe em algum lugar, só pode ser na farmácia da embaixada. Qualquer pessoa que retira um veneno deve assinar um recibo. Quando assinar pelo Antrol, verifique os nomes na lista...

Gunny escoltou Mary pela porta da embaixada. Atravessou o corredor comprido até a farmácia, onde a enfermeira trabalhava, por trás de um guichê. Ela virou-se ao ouvir os passos de Mary.

— Bom dia, senhora embaixadora. Está se sentindo melhor?

— Estou, sim, obrigada.

— Posso ajudá-la em alguma coisa? Mary respirou fundo, bastante nervosa.

— Meu... meu jardineiro disse que está tendo problemas com insetos no jardim. Gostaria de saber se tem alguma coisa que possa ajudar... como Antrol?

— Claro. Temos até Antrol. — A enfermeira inclinou-se para uma prateleira atrás e pegou uma lata com um rótulo de veneno. — Uma infestação de formigas é muito comum nesta época do ano. — Ela pôs a lata na frente de Mary. — Terá de assinar um recibo, se não se incomoda, já que isso contém arsênico.

Mary olhava fixamente para a ficha que a enfermeira pusera no balcão. Havia apenas um nome ali.

Mike Slade.

26

Mary telefonou para Louis Desforges, a fim de informar o que descobrira, mas a linha estava ocupada. Ele estava falando com Mike Slade. O primeiro impulso do doutor Desforges fora denunciar a tentativa de homicídio, só que não podia acreditar que Slade fosse o responsável. E, por isso, Louis resolvera falar pessoalmente com ele.

— Acabei de deixar sua embaixadora — disse Louis Desforges pelo telefone. — Ela vai viver.

— Isso é uma ótima notícia, doutor. Mas por que ela não haveria de viver?

O tom de Louis era cauteloso.

— Alguém tentou envenená-la.

— Mas que história é essa?

— Pensei que você entenderia.

— Ei, espere um pouco! Está querendo dizer que acha que eu sou o responsável? Está redondamente enganado. E nós dois precisamos ter uma conversinha particular em algum lugar onde ninguém possa nos ouvir. Pode se encontrar comigo esta noite?

— A que horas?

— Estarei ocupado até nove horas. Por que não se encontra comigo alguns minutos depois na Floresta Baneăsa? Estarei à sua espera no chafariz e explicarei tudo então.

Louis Desforges hesitou.

— Está bem. Eu o verei no chafariz.

Ele desligou e pensou: Mike Slade não pode estar por trás disso.

Mary ligou de novo para Louis, mas ele já saíra. E ninguém sabia onde podia ser encontrado.

Mary e as crianças estavam jantando na residência.

— Você parece muito melhor, mamãe — comentou Beth. — Ficamos preocupados.

— Eu me sinto muito bem — assegurou Mary. E era verdade. Graças a Deus por Louis!

Ela não conseguia deixar de pensar em Mike Slade. Podia ouvir sua voz dizendo: "Aqui está seu café. Eu o fiz pessoalmente." Matando-a devagar. Estremeceu.

— Está com frio? — perguntou Tim.

— Não, querido.

Ela não devia envolver as crianças em seus pesadelos. Não seria melhor mandá-las de volta para casa por algum tempo?, pensou Mary. Ficariam com Florence e Doug. E um momento depois ela pensou: Eu poderia ir também. Mas isso seria covardia, uma vitória para Mike Slade e quem quer que estivesse trabalhando com ele. Só havia uma pessoa que poderia ajudá-la agora. Stanton Rogers. Ele saberia o que fazer com Mike.