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— Tem certeza de que não prefere ir para a residência e descansar? — perguntou o coronel McKinney. — Acaba de passar por uma experiência terrível que...

— Não — insistiu Mary, obstinada. — Quero ir para a embaixada.

Era o único lugar onde podia falar em segurança com Stanton Rogers. Preciso falar com ele o mais depressa possível ou vou desmoronar por completo, pensou Mary.

A tensão de tudo o que estava lhe acontecendo era insuportável. Ela providenciara para que Mike Slade estivesse longe, mas mesmo assim houvera um atentado contra sua vida. O que significava que ele não estava trabalhando sozinho.

Mary desejava desesperadamente que Stanton Rogers telefonasse logo.

Às seis horas Mike Slade entrou na sala de Mary. Estava furioso.

— Levei Corina Socoli para um quarto lá em cima — disse ele, bruscamente. — Gostaria que tivesse me avisado quem era a pessoa que eu ia buscar. Cometeu um grande erro. Temos de devolvê-la. Ela é um tesouro nacional. Não há a menor possibilidade de o governo romeno permitir que ela saia do país. Se...

O coronel McKinney entrou apressado na sala. Estacou abruptamente ao deparar com Mike.

— Temos a identificação do corpo. É mesmo Angel Seu nome verdadeiro é H.R. de Mendoza.

Mike estava aturdido.

— Do que está falando?

— Esqueci — disse o coronel McKinney. — Você estava ausente durante toda a confusão. A embaixadora não lhe contou que alguém tentou matá-la hoje?

Mike virou-se para fitar Mary.

— Não.

— Ela recebeu uma mensagem de morte de Angel. Ele tentou assassiná-la durante a cerimônia esta tarde. Um dos atiradores de elite de Istrase matou-o.

Mike permaneceu cm silêncio, olhando para Mary. O coronel McKinney acrescentou:

— Parece que Angel estava na lista dos mais procurados de todo o mundo.

— Onde está o corpo? — perguntou Mike.

— No necrotério da policia.

O corpo estava estendido numa mesa de pedra, nu. Fora um homem de aparência comum, estatura mediana, feições indistintas, uma tatuagem naval num braço, nariz pequeno e fino, combinando com a boca mínima, pés bem pequenos e cabelos ralos. As roupas e pertences estavam empilhados numa mesa ao lado.

— Importa-se que eu dê uma olhada? O sargento da policia deu de ombros.

— De jeito nenhum. Ele também não vai se importar.

E riu da própria piada. Mike pegou o paletó e examinou a etiqueta. Era de uma loja de Buenos Aires. Os sapatos de couro também tinham uma etiqueta argentina. Havia pilhas de dinheiro ao lado das roupas, alguns lei romenos, uns poucos francos franceses, algumas libras inglesas e pelo menos dez mil dólares em pesos argentinos, uma parte nas notas novas de dez pesos e o restante nas notas desvalorizadas de milhões de pesos. Mike virou-se para o sargento.

— O que sabem sobre ele?

— Ele chegou de Londres pela Tarom Airlines há dois dias. Registrou-se no Intercontinental Hotel sob o nome de Mendoza. O passaporte indica que reside em Buenos Aires. É falsificado. — O policial adiantou-se para dar uma olhada melhor no cadáver. — Não acha que ele não parece um assassino internacional?

— Tem razão — concordou Mike. — Não parece nada.

A duas dúzias de quarteirões dali, Angel estava passando a pé pela residência oficial da embaixadora americana, bastante depressa para não atrair a atenção dos quatro fuzileiros armados que guardavam a entrada e devagar o suficiente para absorver cada detalhe do local. As fotografias que lhe haviam mandado eram excelentes, mas Angel sempre achava que devia verificar pessoalmente cada detalhe. Perto da porta da frente havia um quinto guarda, à paisana, segurando dois dobermans em correias.

Angel sorriu ao pensar na farsa encenada na praça. Fora brincadeira de criança contratar um viciado pelo preço de uma dose de cocaína. Pegue todo mundo de surpresa. Deixe-os sofrer. Mas o grande espetáculo ainda estava para acontecer. Por cinco milhões de dólares eles terão um espetáculo que nunca mais vão esquecer. Como é mesmo que as redes de televisão costumam chamar? Cenas sensacionais, espetaculares. Pois terão isso e muito mais, a cores e ao vivo.

"Haverá uma comemoração do Quatro de Julho na residência oficial," dissera a voz. "Haverá balões, uma banda de fuzileiros, artistas se apresentando." Angel sorriu e pensou: Um espetáculo de cinco milhões de dólares.

Dorothy Stone entrou apressada na sala de Mary.

— Senhora embaixadora, deve ir imediatamente para a Sala Bolha. O senhor Stanton Rogers está chamando de Washington.

— Mary, não consigo entender uma só palavra do que está dizendo. Fale mais devagar. Respire fundo e comece de novo.

Oh, Deus, estou balbuciando como uma criança histérica!, pensou Mary. Ela estava dominada por emoções tão violentas que mal conseguia pronunciar as palavras. Estava apavorada, aliviada e furiosa, tudo ao mesmo tempo, e a voz se manifestava numa sucessão de palavras estranguladas. Respirou fundo, tremendo toda.

— Desculpe, Stan... não recebeu meu telegrama?

— Não. Acabei de voltar. Não encontrei nenhum telegrama seu. O que está acontecendo por aí?

Mary fez um esforço para controlar a histeria. Por onde devo começar? Ela tornou a respirar fundo.

— Mike Slade está tentando me assassinar. Houve um silêncio chocado.

— Mary... você não pode realmente acreditar...

— É verdade. Tenho certeza. Conheci um médico da embaixada francesa... Louis Desforges. Fiquei doente e ele descobriu que eu estava sendo envenenada com arsênico. Mike é que estava me dando.

Desta vez a voz de Stanton Rogers soou mais ríspida:

— O que a faz pensar assim?

— Louis... o doutor Desforges... descobriu tudo. Mike Slade todas as manhãs me servia café com arsênico. Tenho provas de que ele se apoderou de um pesticida que contém arsênico. Ontem à noite Louis foi assassinado, e esta tarde alguém que trabalhava com Slade tentou me matar.

Desta vez o silêncio foi ainda mais prolongado. E quando Stanton Rogers tornou a falar, seu tom era urgente:

— O que vou lhe perguntar é muito importante, Mary. Pense com muito cuidado. Não poderia ser outra pessoa que não Mike Slade?

— Não. Ele vem tentando me despachar da Romênia desde o início.

— Muito bem. Vou informar tudo ao presidente. Pode deixar que cuidaremos de Slade. Enquanto isso, providenciarei uma proteção extra para você.

— Na noite de domingo, Stan, vou oferecer uma festa de Quatro de Julho na residência oficial. Os convites já foram feitos. Acha que devo cancelar?

Houve um momento de silêncio.

— Talvez até a festa seja uma boa idéia. Terá muitas pessoas ao seu redor. Não quero assustá-la mais do que já está, Mary, mas sugiro que não deixe as crianças longe de sua vista. Nem por um minuto. Slade pode tentar atingi-la por intermédio delas.

Mary sentiu um tremor percorrer seu corpo.

— O que há por trás de tudo isso? Por que ele está agindo assim?

— Eu bem que gostaria de saber. Não f az sentido. Mas pode estar certa de que vou descobrir. Enquanto isso, mantenha-se o mais distante possível de Slade.

Mary murmurou, sombriamente:

— Não se preocupe. Ele não chegará perto de mim.

— Ficarei em contato com você.

Quando Mary desligou, era como se um enorme peso tivesse sido removido de seus ombros. Tudo vai acabar bem, disse a si mesma. As crianças e eu não sofreremos nada.

Eddie Maltz atendeu ao primeiro toque da campainha. A conversa durou dez minutos.

— Pode deixar que providenciarei tudo — prometeu Eddie Maltz.

Angel desligou.

Eddie Maltz pensou: Eu gostaria de saber por que Angel precisa de todas essas coisas. Consultou o relógio. Faltam 48 horas.