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O público gostou da peça, mas Toby estava obcecado com os caçadores de talentos, sentados ao seu alcance, os homens que tinham o seu futuro nas mãos. Bem, se a Ators West era a isca que os traria até ele, Toby a usaria; mas não tinha a intenção de esperar seis meses, nem mesmo seis semanas.

Na manhã seguinte, Toby foi até o escritório de Alice Tanner.

─ Que foi que achou da peça? ─ perguntou ela.

─ Foi maravilhosa ─ respondeu. ─ Aqueles atores estavam realmente ótimos.

Ele deu um sorriso de desculpas.

─ Compreendi o que estava querendo dizer quando falou que ainda não estava pronto.

─ Eles têm mais experiência do que você, isto é tudo, mas você tem uma personalidade única. Você vai conseguir. É só ter paciência.

Ele suspirou:

─ Não sei. Talvez fosse melhor se eu esquecesse essa história toda e fosse vender seguros ou coisa assim.

Alice olhou para ele, surpresa.

─ Não deve fazer isso.

Toby sacudiu a cabeça.

─ Depois de ver esses profissionais, ontem à noite, eu acho que não tenho jeito.

─ É claro que tem, Toby. Não vou deixar você falar desse jeito.

Na voz dela havia o tom que ele estivera querendo ouvir. Agora não era mais uma professora falando com um aluno, era uma mulher falando com um homem, encorajando-o, importando-se com ele. Toby sentiu um pequeno ímpeto de satisfação.

Encolheu os ombros com uma expressão de impotência.

─ Não sei mais. Estou completamente sozinho nesta cidade. Não tenho ninguém com quem falar.

─ Você sempre pode falar comigo Toby. Gostaria de ser sua amiga.

Podia ouvir a rouquidão lasciva surgindo na voz dela. Os olhos azuis de Toby revelavam todo o encanto do mundo enquanto olhava para ela. Ela ainda o observava quando ele foi até a porta do escritório e a trancou. Voltou para junto dela, ajoelhou-se, enterrou a cabeça no seu colo e, enquanto seus dedos lhe tocavam o cabelo, começou a levantar-lhe a saia lentamente retirou o suporte, beijando com ternura as marcas vermelhas deixadas pelas talas de aço. Desabotoou lentamente a cinta-liga, sempre falando a Alice do seu amor e da sua necessidade dela, e a cobriu de beijos descendo até os lábios úmidos. Ele a carregou até o grande sofá de couro e a possuiu.

Naquela noite, Toby mudou-se para a casa de Alice.

Na cama, naquela noite, Toby descobriu que Alice Tanner era uma mulher solitária, digna de pena, desesperada e ansiosa para ter alguém com quem falar, alguém a quem amar.

Tinha nascido em Boston, seu pai era um industrial rico que lhe havia dado uma grande mesada e nenhuma atenção. Alice adorava o teatro e tinha estudado para ser atriz, mas na universidade contraíra poliomielite e aquilo pusera fim ao seu sonho. Ela contou a Toby como aquilo havia afetado sua vida. O rapaz de quem estava noiva a abandonara quando soubera da notícia. Alice tinha saído de casa, casando-se com um psiquiatra, que se suicidara seis meses depois. Era como se todas as emoções e sentimentos tivessem sido engarrafados sob pressão no seu íntimo.

Agora tinham jorrado para fora numa explosão que a deixara exausta, em paz e maravilhosamente satisfeita.

Toby possuiu Alice repetidamente, até que ela quase desmaiou de prazer, penetrando-a com seu enorme pênis e fazendo movimentos circulares bem lentos com os quadris, até parecer estar tocando todas as partes do seu corpo. Ela gemia:

─ Oh, querido, eu o amo tanto. Oh, Deus, como eu adoro isso!

Mas no que dizia respeito à escola, Toby descobriu que não tinha nenhuma influência sobre Alice. Pediu a ela que o pusesse na próxima peça do Mostruário, que o apresentasse aos diretores que distribuíam papéis, que falasse a respeito dele com as pessoas de influência nos estúdios, mas ela permaneceu firme.

─ Você vai se prejudicar se for rápido demais, querido. Regra número 1: a primeira impressão é a mais importante. Se não gostarem de você da primeira vez, nunca voltarão a vê-lo uma segunda. Você tem que estar pronto.

No instante em que as palavras foram ditas, ela se tornou o Inimigo. Estava contra ele. Toby engoliu a sua fúria e se obrigou a sorrir.

─ É claro. É só que estou impaciente. Quero fazê-lo tanto por você quanto por mim.

─ Quer mesmo? Oh, Toby, eu o amo tanto!

─ Eu também a amo, Alice.

E sorriu para os olhos que o adoravam. Sabia que tinha que dar um jeito naquela cadela que estava entre ele e o que ele queria. Toby a odiava e a punia.

Quando iam para a cama, obrigava-a a fazer coisas que ela nunca tinha feito, coisas que nunca pedira a uma prostituta que fizesse, usando a boca de Alice, seus dedos e sua língua. Fazia com que ela fosse cada vez mais longe, levando-a à força a uma série de humilhações. E cada vez que a obrigava a fazer algo mais degradante, a elogiava, da mesma maneira que se elogia um cachorro por ter aprendido mais um truque, e ela ficava feliz por ter-lhe agradado. E quanto mais a degradava, mais degradado se sentia. Estava punindo a si mesmo, e não sabia por quê.

Toby tinha um plano em mente, e sua oportunidade de pô-lo em prática surgiu mais cedo do que previra. Alice Tanner anunciou que o Grupo Oficina ia dar um espetáculo fechado para as turmas adiantadas e seus convidados, na sexta-feira seguinte. Toby preparou um monólogo e o ensaiou exaustivamente.

Na manhã do dia do espetáculo, Toby esperou até que as aulas terminassem e foi procurar Karen, a atriz gorda que tinha se sentado junto dele durante a peça.

─ Você me faria um favor? ─ perguntou num tom casual.

─ Claro, Toby ─ a voz dela revelava surpresa e ansiedade.

Toby recuou para fugir do hálito de Karen.

─ Quero pregar uma peça num velho amigo meu. Quero que você telefone para a secretária de Clifton Lawrence fingindo ser a secretária de Sam Goldwyn, e diga-lhe que ele gostaria que o Sr. Lawrence viesse ao espetáculo, hoje à noite, para ver um novo cômico brilhante. Haverá uma entrada esperando por ele na bilheteira.

Karen olhou para ele.

─ Jesus, a velha Tanner me arrancaria a cabeça! Você sabe que ela nunca permitiu que gente de fora assistisse aos espetáculos da Oficina.

─ Confie em mim, não haverá nenhum problema ─ Toby segurou o braço dela e o apertou. ─ Vai estar ocupada esta tarde?

Ela engoliu em seco, com a respiração um pouco acelerada.

─ Não, não se você quiser fazer alguma coisa.

─ Eu gostaria de fazer alguma coisa.

Três horas depois, uma Karen em êxtase fez o telefonema.

O auditório estava cheio de atores das várias turmas e seus convidados, mas a única pessoa para quem Toby tinha olhos era o homem sentado numa poltrona lateral, na terceira fila. Toby estivera em pânico, com medo que o seu ardil falhasse. Sem dúvida um homem esperto como Clifton Lawrence perceberia a artimanha. Mas não tinha percebido. Estava ali.

Naquele momento, um rapaz e uma moça estavam no palco, encenando um trecho de The Sea Gull. Toby esperava que eles não fizessem com que Clifton Lawrence saísse do teatro. Finalmente o número acabou, e os atores agradeceram e saíram do palco.

Era a vez de Toby. Alice apareceu de repente, ao seu lado, nos bastidores, murmurando: ─ Boa sorte, querido, ─ sem saber que a sorte dele estava sentada na plateia.

─ Obrigado, Alice.

Toby fez uma prece muda, endireitou os ombros, irrompeu palco adentro e deu o seu sorriso inocente para a plateia.

─ Alô, amigos. Sou Toby Temple. Ei, vocês alguma vez pararam para pensar a respeito de nomes, e como os nossos pai os escolhem? É uma loucura. Perguntei à minha mãe por que ela tinha me chamado Toby. Ela disse que deu uma olhada para a minha careta1 e que não viu outra coisa.