Mycoples olha para a frente, e Thor segue a direção de seu olhar e vê a frota de Romulus se espalhando até o horizonte.
Thor assente com uma expressão séria no rosto. Ele sabe o que Mycoples quer fazer. Ela deseja encontrar sua morte em uma última batalha.
Thor, ferido gravemente, respirando com dificuldade e sentindo como se ele próprio talvez não fosse sair vivo daquele confronto, deseja morrer daquela maneira também. Ele se pergunta se as profecias de sua mãe seriam mesmo verdade. Ela havia dito que ele poderia alterar seu próprio destino. Ele teria feito isso? Thor se pergunta. Ele morreria ali, agora?
"Então vamos nessa, amiga," Thorgrin diz.
Mycoples dá um grito com raiva e, juntos, os dois mergulham em direção à frota de Romulus.
Thor sente o vento e as nuvens passando por seus cabelos e pelo seu rosto e também solta um grande grito de batalha. Mycoples ruge para se igualar à sua raiva e eles mergulham ainda mais; ela abre suas grande mandíbulas e assopra fogo sobre a frota de Romulus.
Logo, uma parede de fogo se esparrama pelo oceano, incendiando um navio após o outro. Dezenas de milhares de navios estão diante deles, mas Mycoples não desanima, abrindo sua mandíbula e assoprando fogo sem desistir. As chamas se espalham como se fossem uma parede contínua, e os gritos dos homens preenchem o ar.
O fogo de Mycoples começa a enfraquecer e, logo nenhum fogo sai quando ela assopra. Thor sabe que ela está morrendo diante de seus olhos. Ela voa cada vez mais baixo, fraca demais para cuspir fogo. Mas ela ainda não está fraca demais para usar seu corpo como uma arma, e em vez de assoprar fogo, ela abaixa até os níveis dos navios mirando suas escamas enrijecidas para cima deles, como um meteoro caindo do céu.
Thor se prepara para o impacto e se segura com toda a sua força enquanto ela mergulha direto para cima dos navios, e o som de madeira se partindo preenche o ar. Ela atravessa diversos navios, um depois do outro, indo e voltando enquanto destrói vários navios, Thor se segura ao mesmo tempo em que pedaços de madeira voam ao seu redor vindos de todas as direções.
Finalmente, Mycoples não consegue mais seguir em frente. Ela para no meio da frota, flutuando na água, depois de ter destruído muitos navios, mas ainda cercada por milhares deles. Thor continua montado nela enquanto ela flutua, respirando suavemente,
Os navios que ainda restam se voltam na direção deles. Logo o céu se escurece, e Thor ouve um zumbido. Ele olha para cima e vê uma chuva de flechas se aproximando deles. De repente, ele é invadido por uma dor alucinante ao ser perfurado por dezenas de flechas sem ter onde se esconder. Mycoples também é ferida pelas flechas, e ambos começas a afundar nas ondas, dois grandes heróis que acabavam de lutar a maior batalha de suas vidas. Eles havia destruído os dragões e grande parte da frota do Império. Eles tinham feito mais do que um exército inteiro tinha sido capaz de fazer.
Mas agora não lhes restava qualquer alternativa, eles poderiam morrer. Enquanto Thor é ferido por flecha após flecha, afundando cada vez mais, ele sabe que não lhe resta mais nada a fazer a não ser se preparar para morrer.
CAPÍTULO SETE
Alistair se vê em pé sob uma passarela suspensa e, ao olhar baixo, ela vê ondas arrebentando violentamente contra grandes rochas pontiagudas, o som preenchendo os seus ouvidos. Uma forte rajada de vento a desequilibra e, ao olhar Alistair para cima, como em tantos outros sonhos em sua vida, ela vê um castelo construído em cima de um penhasco, protegido por uma enorme e brilhante porta de ouro. Diante dela está uma única figura solitária, uma silhueta, com as mãos estendidas como se para abraçá-la – embora Alistair não possa ver seu rosto.
"Minha filha," a mulher diz.
Ela tenta dar um passo na direção dela, mas suas pernas estão presas, e ela olha para baixo e percebe que ela está algemada ao chão. Por mais que ela tente, Alistair não consegue se mover.
Ela estica os braços para tentar alcançar sua mãe e chora desesperadamente: "Mamãe, salve-me!
De repente, Alistair sente o mundo passar diante de seus olhos, sente seu corpo despencando, e vê que a passarela está desmoronando sob seus pés. Ela cai com as algemas penduradas atrás dela, e despenca em direção ao oceano levando uma seção inteira da passarela junto com ela.
Alistair se sente entorpecida quando seu corpo afunda nas águas gélidas dos oceano, ainda algemada. Ela se sente afundando, e ao olhar para cima vê a luz do sol ficando cada vez mais distante.
Alistair abre os olhos e se vê sentada em uma pequena cela de pedra, em um lugar que ela não reconhece. Diante dela está sentada uma única figura, e ela o reconhece vagamente: O pai de Erec. O rosto dele se contorce ao olhar para ela.
"Você matou meu filho," ele diz. "Por que?"
"Eu não o matei!" ela protesta.
Ele faz uma careta;
"Você será sentenciada à morte," continua ele.
"Eu já disse que não matei Erec!" Protesta Alistair. Ela fica em pé e tenta partir para cima dele, mas mais uma vez se vê algemada, desta vez à parede.
Uma dúzia de guardas aparece atrás do pai de Erec, vestindo armaduras negras e elmos formidáveis – e o som de suas esporas preenche a cela. Eles se aproximam e agarram Alistair com violência, arrancando-a da parede. Mas seus pés ainda estão presos, e eles esticam seu corpo cada vez mais.
""Não!" Alistair ela grita, sendo praticamente partida ao meio.
Alistair acorda, coberta de suor, e olha a sua volta, tentando descobrir onde está. Ela está desorientada; ela não reconhece a cela pequena e mal iluminada onde se encontra, as antigas paredes de pedra ou as barras de metal nas janelas. Ela se vira, tentando andar, ouve um barulho familiar e olha para baixo e vê que seus calcanhares estão algemados à parede. Ela tenta se soltar, mas não consegue; as algemas de ferro estão apertadas, e cortam sua pele sensível.
Alistair olha ao seu redor e percebe que está em uma pequena cela quase no subsolo, a única luz natural vindo de uma pequena janela cortada na pedra e bloqueada pelas barras de ferro. Ela ouve aplausos e gritos distantes e, curiosa, se aproxima o máximo que pode da janela, inclinando-se para ver um pouco da luz do dia e descobrir onde está.
Alistair vê um grande grupo reunido não muito longe dali – e diante dele está Bowyer, todo pomposo e triunfante.
"Aquela Rainha feiticeira tentou assassinar seu noivo!" Bowyer grita para o grupo. "Ela me procurou com seu plano para matar Erec e se casar comigo em vez de se casar com ele. Mas seus planos fracassaram!"
Um grito indignado se ergue no meio da multidão, e Bowyer espera que eles se acalmem. Ele ergue seus braços e volta a falar.
"Vocês podem ficar calmos, e tenham certeza que eu não permitirei que as Ilhas do Sul sejam regidas por Alistair, ou qualquer outra pessoa que não eu. Agora que Erec está prestes a morrer, serei eu, Bowyer, que irei protegê-los, o segundo colocado na competição das ilhas."
Outro grito de aprovação irrompe entre a multidão, que começa a gritar:
"Rei Bowyer, Rei Bowyer!"
Alistair assiste à cena completamente horrorizada. As coisas estão acontecendo rápido demais, e ela mal consegue processar tudo aquilo. Aquele monstro, Bowyer – vê-lo simplesmente lhe enche de raiva. Aquele mesmo homem que havia tentado matar seu amado Erec estava bem ali, diante de seus olhos, alegando ser completamente inocente, e tentando culpá-la. E pior de tudo, ele seria nomeado Rei, Não haveria justiça?
O que havia acontecido com ela não a incomoda tanto quanto a ideia de Erec estar sofrendo e morrendo aos poucos deitado em alguma cama, ainda precisando de seus cuidados. Ela sabe que se ela não completasse sua cura logo, em breve ele morreria. Ela não se importa se tivesse que ficar ali naquela masmorra para sempre por um crime que não havia cometido – ela apenas quer se certificar que Erec seja curado.
A porta de sua cela subitamente se abre, e Alistair se vira e vê um grande grupo de homens avançar para dentro dela. No centro do grupo está Dauphine, acompanhada pelo irmão de Erec – Strom, e pela mãe deles. Atrás do grupo ela vê diversos guardas reais.