Para seu choque, sua mãe não está em parte alguma. Seu castelo desapareceu. O penhasco desapareceu. Ele olha ao seu redor, e vê que ele está em uma praia, e que a praia fica na entrada da Terra dos Druidas. Ele de alguma forma misteriosa, saído da Terra dos Druidas. E agora, ele está completamente sozinho.
Sua mãe havia desaparecido.
Thor olha para o seu pulso, para o seu novo bracelete dourado com o diamante negro no meio, e se sente transformado. Ele sente a presença de sua mãe com ele, sente o amor dela, e se sente capaz de conquistar o mundo. Ele se sente mais forte do que nunca. Ele se sente preparado para encarar uma batalha contra qualquer inimigo, para salvar sua esposa e seu filho.
Ao ouvir um ronronar, Thor olha para o lado e fica feliz ao ver Mycoples sentada não muito longe, levantando lentamente suas grandes asas. Ela ronrona e caminha na direção dele, e Thor sente que Mycoples também está pronta.
Quando ela se aproxima, Thor olha para baixo e fica surpreso ao ver algo na areia da praia, que estava escondido embaixo dela. É algo branco, grande e redondo. Thor olha mais de perto e vê que se trata de um ovo.
O ovo de um dragão.
Mycoples olha para Thor, que também olha para ela, surpreso. Mycoples olha novamente para o ovo com tristeza, como se não quisesse deixá-lo mas sabendo que não tinha escolha. Thor observa o ovo com espanto, e se pergunta que tipo de dragão ela e Ralibar teriam. Ele sente que seria o maior dragão que a humanidade jamais tinha visto.
Thor monta em Mycoples, e os dois olham para a Terra dos Druidas uma última vez, contemplando aquela terra misteriosa que havia recebido Thor, e que então o havia expulso. É um lugar que ainda causa muita admiração em Thor, um lugar que ele jamais entenderia completamente.
Thor então se vira e olha para o grande oceano diante dele.
"É hora de encararmos a guerra, minha amiga," Thor fala com a voz firme, confiante – a voz de um homem, de um guerreiro – de um futuro rei.
Mycoples ruge, erguendo suas grandes asas, e leva Thor para cima sobre o grande oceano, para longe daquele mundo, na direção de Guwayne, Gwendolyn, Romulus e de seus dragões – em direção a batalha da vida de Thor.
CAPÍTULO QUATRO
Romulus está na proa de seu navio, à frente de sua frota com milhares de navios atrás dele, observando o horizonte com uma expressão de satisfação em seu rosto. Acima dele, seu exército de dragões o acompanha, seus rugidos preenchendo o ar enquanto enfrentam Ralibar em uma luta desleal. Romulus assiste a luta, enfiando suas unhas compridas na grade de madeira enquanto observa as bestas atacando Ralibar e empurrando o dragão para dentro do mar repetidas vezes, segurando-o debaixo d´água.
Romulus grita de alegria e aperta a grade com tanta força que a madeira se desfaz entre seus dedos enquanto ele observa os dragões dispararem pelo céu, sem qualquer sinal de Ralibar. Ele ergue as mãos acima de sua cabeça e se inclina para a frente, com uma sensação de poder em suas mãos.
"Vão em frente meus dragões," ele sussurra, com um brilho no olhar. "Vão."
Assim que ele pronuncia essas palavras os dragões se viram na direção das Ilhas Superiores; eles se apressam, rugindo e batendo ainda mais suas asas. Romulus se sente controlando-os,, sentindo-se invencível, capaz de controlar qualquer coisa no universo. Afinal de contas, a sua lua ainda não havia terminado. O seu período de poder logo terminaria, mas por ora, nada no universo poderia detê-lo.
Os olhas de Romulus brilham ao observar seus dragões se aproximarem as Ilhas Superiores, e ver homens, mulheres e crianças correrem gritando enquanto fogem de seu caminho. Ele assiste com satisfação quando as chamas começam a cair e as pessoas começam a ser incendiadas, e a ilha é consumida por uma bola de fogo e destruição. Ele fica extremamente feliz ao ver tudo ser destruído, da mesma forma que ele tinha visto o Anel ser reduzido a cinzas.
Gwendolyn havia conseguido escapar dele – mas desta vez, não havia para onde escapar. Finalmente, o último dos MacGil seria esmagado de uma vez por todas. Finalmente, não havia mais qualquer lugar no universo que ainda não estava sob seu domínio.
Romulus se vira e olha para seus milhares de navios, – observando sua imensa frota que domina o horizonte, respirando fundo e inclinando-se para trás. Ele olha para o céu e ergue os braços para os lados com as palmas viradas para cima, e então dá um horrível grito de vitória.
CAPÍTULO CINCO
Gwendolyn está no porão cavernoso, amontoada com dezenas de seus companheiros, escutando a terra tremer e queimar acima deles. Seu corpo estremece a cada barulho. A terra treme com força suficiente para derrubá-los algumas vezes quando, acima deles, grandes pedaços de rochas caem no chão – como se fossem brinquedos nas mãos dos dragões. O som das pedras rolando ecoa sem parar na mente de Gwendolyn, como se o mundo inteiro estivesse sendo destruído.
O calor se torna cada vez mais intenso no subsolo à medida que os dragões começam a assoprar fogo nas portas de aço acima deles repetidas vezes, como se soubessem que eles estavam escondidos ali embaixo. Embora as chamas sejam barradas pelo aço, a fumaça passa pelas frestas, fazendo com que fique cada vez mais difícil respirar ali embaixo e causando várias crises incontroláveis de tosse.
De repente há um barulho inconfundível de pedra batendo contra o aço, e Gwen assiste horrorizada quando as portas de aço se dobram e chacoalham, praticamente se rompendo. Obviamente, os dragões sabem que eles estão ali, e estão se esforçando ao máximo para conseguirem acesso.
"Quanto tempo as portas resistirão?" Gwen pergunta para Matus, que está parado por perto.
"Eu não sei ao certo," Matus responde. "Meu pai construiu este lugar para resistir a ataques de inimigos – e não dragões. Eu não acredito que vá resistir por muito mais tempo."
Gwen sente a morte se aproximando dela à medida que o quarto se torna cada vez mais quente, sentindo-se como se estivesse em pé sob uma terra em brasa. Fica cada vez mais difícil enxergar por causa da fumaça, e o chão treme quando mais destroços são jogados várias vezes, e pequenos pedaços do teto e poeira caem sobre suas cabeças.
Gwen olha ao seu redor para os rostos aterrorizados das pessoas em torno dela, e não consegue evitar pensar se, ao se esconderem ali, eles haviam se condenado a uma morte lenta e dolorosa. Ela começa a se questionar se talvez, as pessoas que haviam morrido imediatamente lá em cima tinham tido mais sorte.
De repente há um silêncio quando os dragões parecem voar para outro lugar. Gwen se surpreende, e começa a se perguntar para onde eles poderiam ter ido, e então ela ouve um grande barulho de rochas e a terra treme com tanta violência que todos no quarto caem no chão. O barulho tinha sido distante, e a terra treme por duas vezes, como se estivesse havendo um deslizamento de terra.
"O forte de Tirus," Kendrick fala, aproximando-se dela. "Eles devem tê-lo destruído."
Gwen olha para cima e percebe que ele provavelmente estava certo. O que mais teria causado tamanha avalanche de pedras? Claramente, os dragões estavam com muito ódio, e determinados a destruir todas as coisas que existiam naquelas ilhas. Ela sabe que seria apenas uma questão de tempo até que eles conseguissem entrar ali também.
Durante a repentina pausa, Gwen se surpreende ao ouvir o som estridente do choro de um bebê cortando o ar. O som perfura o coração de Gwen como uma faca. Ela não consegue evitar pensar em Guwayne, e à medida que o som se torna mais alto, uma parte de Gwen, ainda perturbada, se convence que realmente se trata dele, chorando por ela em algum lugar lá em cima. Ela sabe que, racionalmente, aquilo seria impossível; seu filho está em algum lugar no meio do oceano, longe dali. E ao mesmo tempo, seu coração torce para que seja ele.