Ficha Técnica
Copyright © 1986 by George R. R. Martin
Copyright © 2010 edição estendida by George R. R. Martin and the Wild Cards Trust
Copyright © 2013 Texto Editores Ltda.
“Prólogo”, “O jogo da carapaça” e “Interlúdios” copyright © 1986 by George R. R. Martin.
“Trinta minutos sobre a Broadway!” copyright © 1986 by Howard Waldrop.
“O Dorminhoco” copyright © 1986 by The Amber Corporation.
"Testemunha" copyright © 1986 by Walter Jon Willians.
“Ritos de degradação” copyright © 1986 by Melinda M. Snodgrass.
“Capitão Cátodo e o Ás secreto” copyright © 2010 by Michael Cassutt
“Powers” copyright © 2010 by David D. Levine
“A noite longa e obscura de Fortunato” e “Epílogo: Terceira geração” copyright © 1986 by Lewis Shiner.
“Transfigurações” e “A ciência do vírus carta selvagem: excertos da literatura” copyright © 1986 by Victor Milán.
“Bem fundo” copyright © 1986 by Edward Bryant and Leanne C. Harper.
“Fios” copyright © 1986 Stephen Leigh.
“A Garota Fantasma conquista Manhattan” copyright © 2010 Carrie Vaughn.
“Chega o caçador” copyright © 1986 by John J. Miller.
Todos os direitos reservados.
Diretor editoriaclass="underline" Pascoal Soto
Editora executiva: Tainã Bispo
Curador: Raphael Draccon
Editora assistente: Ana Carolina Gasonato
Assistentes editoriais: Fernanda S. Ohosaku, Renata Alves e Maitê Zickuhr
Copidesque: Fernanda Mello
Revisão: Natalia Klussmann, Lilia Zanetti e Andréa Bruno
Capa: Rico Mansur
Ilustração de capa: Marc Simonetti
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Angélica Ilacqua CRB–8/7057
Martin, George R. R.
Wild Cards: o começo de tudo / George R. R. Martin; tradução de Alexandre Martins, Edmundo Barreiros, Peterso Rissatti. – São Paulo : LeYa, 2013.
480 p. (Wild Cards, 1)
ISBN 9788580447156
Título originaclass="underline" Wild Cards – The Book that started it all
1. Ficção fantástica americana. I. Martin, George R. R., 1948-. II. Martins, Alexandre. III. Barreiros, Edmundo. IV. Rissatti, Peterso. V. Série.
13-0206. CDD: 813
Índices para catálogo sistemático:
1. Ficcão fantástica americana
2013
TEXTO EDITORES LTDA.
Uma editora do Grupo LeYa
Rua Desembargador Paulo Passaláqua, 86
01248-010 – Pacaembu – São Paulo – SP
www.leya.com
Para Ken Keller, que brotou das mesmas
matrizes a quatro cores que eu
Nota do editor
Wild Cards é uma obra de ficção ambientada em um mundo completamente imaginário cuja história corre paralelamente à nossa. Os nomes, personagens, lugares e acontecimentos retratados em Wild Cards são ficcionais ou usados de modo ficcional. Qualquer semelhança com fatos, locais ou pessoas reais, vivas ou mortas, é pura coincidência. Por exemplo, os ensaios, artigos e outros textos incluídos nesta antologia são inteiramente ficcionais, e não há qualquer intenção de retratar autores reais ou insinuar que qualquer pessoa possa realmente ter escrito, publicado ou contribuído com os ensaios, artigos e outros textos ficcionais aqui incluídos.
Prólogo
DE TEMPOS SELVAGENS: UMA HISTÓRIA ORAL DOS ANOS DO PÓS-GUERRA
Studs Terkel (Pantheon, 1979)
Herbert L. Cranston
Anos depois, quando vi Michael Rennie sair daquele disco voador em O dia em que a Terra parou, recostei-me em minha esposa e disse: “É assim que um emissário alienígena deveria parecer”. Sempre suspeitei que foi a chegada de Tachyon que lhes deu a ideia do filme, mas você sabe como Hollywood modifica as coisas. Eu estava lá, então sei como realmente foi. Para começar, ele desceu em White Sands, não em Washington. Ele não tinha um robô, e não atiramos nele. Considerando o que aconteceu, talvez devêssemos, não é?
Sua nave, bem, certamente não era um disco voador e não parecia droga nenhuma com os nossos V-2 capturados ou mesmo com os foguetes lunares na prancheta de Werner. Violava qualquer lei conhecida da aerodinâmica e também a relatividade de Einstein.
Ele veio à noite, a nave toda coberta de luzes, a coisa mais bonita que já vi. Pousou com um baque no meio do campo de testes, sem foguetes, hélices, rotores ou qualquer meio de propulsão visível. A superfície externa parecia coral, ou algum tipo de rocha porosa, coberta com espirais e esporões, como alguma coisa que você poderia encontrar em uma caverna de calcário ou ver durante um mergulho no fundo do mar.
Eu estava no primeiro jipe a alcançá-la. Quando cheguei, Tach já estava do lado de fora. Michael Rennie tinha ficado bem naquele traje espacial azul-prateado, mas Tachyon parecia o cruzamento de um dos três mosqueteiros com um artista de circo. Não me importo de dizer que todos nós estávamos com bastante medo de ir até lá, tanto os garotos dos foguetes e os sabichões quanto os soldados. Lembro-me daquela transmissão do Mercury Theater em 1939, quando Orson Welles fez todo mundo pensar que os marcianos estavam invadindo Nova Jersey, e eu não conseguia deixar de pensar que talvez daquela vez estivesse acontecendo de verdade. Mas assim que os holofotes bateram nele, ali, de pé na frente da nave, nós relaxamos. Ele simplesmente não era assustador.
Era baixo, talvez 1,58, 1,60m, e, para falar a verdade, parecia mais assustado do que nós. Estava vestindo meias-calças verdes com botas embutidas, e uma camisa alaranjada com babados de rendinha afeminados nos pulsos e no colarinho, e uma espécie de colete de brocados prateados, bem apertado. O casaco era uma coisa amarelo-limão, com uma capa verde sacudindo ao vento atrás dele e chegando até o tornozelo. Tinha no alto da cabeça um chapéu de aba larga com uma comprida pluma vermelha se projetando, mas, quando me aproximei, vi que na verdade era alguma estranha pena pontuda. O cabelo caía sobre os ombros; de início, achei que era uma garota. Também era um tipo de cabelo peculiar, vermelho e brilhante, como fios de cobre finos.
Eu não sabia o que pensar, mas me lembro de um de nossos alemães comentando que ele parecia um francês.
Assim que chegamos ele foi caminhando lentamente até o jipe, destemido – caso prefira assim –, se arrastando pela areia com uma grande bolsa enfiada sob o braço. Começou a nos dizer seu nome, e ainda estava dizendo quando outros quatro jipes chegaram. Falava inglês melhor do que a maioria dos nossos alemães, apesar de ter aquele sotaque esquisito, mas no começo foi difícil ter certeza quando passou dez minutos nos dizendo seu nome.
Fui o primeiro ser humano a falar com ele. Por Deus que é verdade, e não me interessa o que qualquer outra pessoa lhe diga, fui eu. Saí do jipe, estendi a mão e disse: “Bem-vindo aos Estados Unidos”. Comecei a me apresentar, mas ele me interrompeu antes que eu conseguisse falar.
– Herb Cranston, de Cape May, Nova Jersey – disse ele. – Cientista de foguetes. Excelente. Também sou um cientista.
Ele não se parecia com nenhum cientista que eu tivesse conhecido, mas fiz uma concessão, já que vinha do espaço sideral. Estava mais preocupado sobre como sabia meu nome. Perguntei.
Ele agitou os babados no ar, impaciente.
– Eu leio sua mente. Isso não é importante. O tempo é curto, Cranston. A nave deles quebrou.
Achei que ele parecia mais do que um pouco estranho quando disse aquilo; triste, sabe?, sofrido, mas também assustado. E cansado, muito cansado. Então começou a falar sobre o tal globo. Era o globo com o vírus carta selvagem, claro, todo mundo sabe disso agora, mas na época eu não tinha ideia de que droga ele estava falando. Disse que isso estava perdido, precisava pegá-lo de volta e esperava, para o bem de todos nós, que estivesse intacto. Ele queria falar com nossos líderes. Deve ter lido seus nomes na minha mente, porque citou Werner, Einstein e o presidente, embora o tenha chamado de “esse seu presidente Harry S. Truman”. Então subiu na traseira do jipe e se sentou.