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As ruas foram tomadas por pessoas. Policiais saíram para tentar organizar o trânsito. Alguns dos policiais entraram em pânico ao receber máscaras contra gás. Telefones ficaram ocupados. Começaram brigas nos cruzamentos, pessoas foram pisoteadas em saídas de metrô e escadas de arranha-céus.

As pontes ficaram engarrafadas.

Foram dadas ordens conflitantes. Levem as pessoas para abrigos antibombas. Não, evacuem a ilha. Dois guardas na mesma esquina gritaram ordens contraditórias para as multidões. A maioria das pessoas simplesmente ficou parada, observando.

Sua atenção logo foi atraída para algo no céu, ao sul. Era pequeno e brilhante.

A artilharia antiaérea começou de forma ineficaz três quilômetros abaixo dele.

Ele continuou se aproximando.

Quando os canhões em Jersey começaram a disparar, o pânico realmente começou.

Eram três da tarde.

– É mesmo muito simples – disse o Dr. Tod.

Ele baixou os olhos para Manhattan, que repousava diante dele como uma arca do tesouro. Virou-se para Filmore e ergueu um comprido aparelho cilíndrico que parecia fruto de uma bomba de cano e um cadeado de combinação.

– Se alguma coisa acontecer a mim, simplesmente enfie este detonador no encaixe dos explosivos – disse, indicando a parte tapada por fita com a abertura no recipiente coberto de inscrições parecidas com sânscrito –, torça até o número quinhentos e depois puxe esta alavanca.

Ele indicou a escotilha do compartimento de bombas.

– Ela cairá pelo próprio peso, e eu estava errado quanto ao visor de bombardeio. Grande precisão não é nosso objetivo.

Ele olhou para Filmore pela grade do capacete de mergulho. Eles vestiam escafandros com tubos levando a um suprimento central de oxigênio.

– Tenha certeza, claro, de que todos estejam de capacete. Seu sangue irá ferver neste ar rarefeito. E estes escafandros só precisam sustentar a pressão durante os poucos segundos em que a porta da bomba estiver aberta.

– Não espero problemas, chefe.

– Nem eu. Depois que bombardearmos Nova York, iremos nos encontrar com o navio, soltar o lastro, pousar e seguir para a Europa. Eles ficarão felizes de nos pagar o dinheiro. Eles não têm como saber que estaremos usando toda a arma biológica. Uns sete milhões de mortos devem convencê-los de que falamos sério.

– Veja aquilo – disse Ed, do assento do copiloto. – Lá embaixo. Fogo antiaéreo!

– Qual a nossa altitude? – perguntou o Dr. Tod.

– Exatamente 17.600 metros – respondeu Fred.

– Alvo?

Ed suspirou, conferiu um mapa.

– Vinte e cinco quilômetros à frente. O senhor certamente conseguiu as correntes de ar certas, Dr. Tod.

Eles o haviam mandado até um campo de pouso na periferia de Washington para esperar. Dessa forma estaria ao alcance da maioria das grandes cidades da Costa Leste.

Ele havia passado parte do dia lendo, parte dormindo, e o restante conversando sobre a guerra com alguns dos outros pilotos. Porém, a maioria era nova demais para ter lutado mais do que nos últimos dias da guerra.

A maioria era de pilotos de jatos, como ele, que fizeram o treinamento em P-59 Aircomets ou P-80 Shooting Stars. Uns poucos na sala de prontidão pertenciam a um esquadrão de P-51 a hélice. Havia um pouco de tensão entre os jóqueis de maçarico e os comedores de pistons.

Mas todos eles eram uma nova geração. Já se falava que Truman transformaria a Força Aérea do Exército em algo separado, apenas Força Aérea, no ano seguinte. Aos 19, Jetboy sentia que o tempo o deixara para trás.

– Eles estão trabalhando em algo que irá superar a barreira do som – disse um dos pilotos. – A Bell está por trás disso.

– Um amigo meu em Muroc diz para esperar até que coloquem a Asa Voadora em operação. Já estão trabalhando em uma versão a jato dela. Um bombardeiro que pode percorrer quatro mil quilômetros a 800 quilômetros por hora, levar uma tripulação de treze, camas para sete, passar um dia e meio no ar! – informou outro.

– Alguém sabe alguma coisa sobre esse alerta? – perguntou um sujeito muito jovem e nervoso com divisas de segundo-tenente. – Os russos estão aprontando alguma?

– Ouvi dizer que vamos para a Grécia – disse alguém. – Para mim, ouzo, galões dele.

– Mais provável vodca tcheca de casca de batatas. Teremos sorte de chegar antes do Natal.

Jetboy se deu conta de que sentia mais falta do papo da sala de prontidão do que pensava.

O interfone zumbiu e uma corneta começou a berrar. Jetboy olhou para o relógio. Eram 14h25.

Ele percebeu que sentia falta de algo além do papo furado da Força Aérea. Era de voar. De repente tudo voltou. Quando ele voou para Washington na noite anterior havia sido apenas uma viagem de rotina.

Agora era diferente. Era como na guerra novamente. Ele tinha uma direção. Tinha um alvo. Tinha uma missão.

Ele também tinha um traje pressurizado experimental T-2 da Marinha. Era o sonho de um fabricante de espartilhos, todo de borracha e cordas, garrafas pressurizadas e um verdadeiro capacete espacial, como que saído de Planet Comics, sobre sua cabeça. Eles o haviam ajustado na noite anterior, quando viram as asas de grande altitude e os tanques descartáveis no avião.

– Melhor apertarmos isso para você – disse o sargento de voo.

– Minha cabine é pressurizada – respondeu Jetboy.

– Bem, então para o caso de precisarem de você e para o caso de algo dar errado.

O traje ainda estava muito apertado e ainda não pressurizado. Os braços eram feitos para um gorila e o peito, para um chimpanzé.

– Você vai gostar do espaço extra, caso essa coisa infle em uma emergência – disse o sargento.

– O senhor é quem manda – respondeu Jetboy.

Eles até mesmo pintaram o tronco de branco e as pernas de vermelho para combinar com seu modelo. O capacete azul e os óculos apareciam através da bolha de plástico transparente.

Enquanto subia com o restante do esquadrão, estava contente por ter a coisa. Sua missão era acompanhar o voo dos P-80 e se envolver apenas se fosse necessário. Ele nunca havia sido exatamente um jogador de equipe.

O céu à frente era azul como a cortina de fundo em Alegoria do triunfo de Vênus, de Bronzino, com uma nuvem dois quintos ao norte. O sol estava sobre seu ombro esquerdo. O esquadrão subiu. Ele acenou com as asas. Eles se espalharam em um quadrado escalonado e prepararam as armas.

Chunder, chunder, chunder, chunder, fizeram seus canhões de 20 mm.

Traçantes fizeram um arco à frente dos seis calibre .50 em cada P-80. Deixaram os aviões a hélice para trás e apontaram os narizes para Manhattan.

Eles pareciam um bando de abelhas raivosas circulando abaixo de um falcão.

O céu estava tomado por jatos e caças a hélice subindo como as paredes de nuvens de um furacão.

Acima, um objeto encrespado que pairava e se deslocava lentamente na direção da cidade. No ponto onde seria o olho do furacão havia uma tempestade de fogo antiaéreo, mais densa do que Jetboy havia visto sobre a Europa ou o Japão.

Estava explodindo baixo demais, apenas ao nível dos caças mais altos.

O Controle de Caças os chamou:

– Comando Clark Gable para todos os esquadrões. Alvo a cinco, cinco, zero... Repetindo, cinco, cinco, zero, anjos. Deslocando leste-nordeste a dois cinco nós. Fogo antiaéreo não consegue alcançar.

– Mande suspender – disse o líder do esquadrão. – Vamos tentar voar alto o bastante para tiro de deflexão. Esquadrão Hodiak, me siga.