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Alguém passou voando acima da cabeça de Jetboy pelo buraco no metal, arrastando tubos como os tentáculos de um polvo. Entulho se seguiu pelo ar na descompressão explosiva.

O jato se inclinou.

Jetboy enfiou a mão no lado rasgado da gôndola, encontrou uma escora.

Sentiu o cinto do paraquedas prender no equipamento de radar. O avião se sacudiu. Sentiu o peso.

Arrancou o cinto. As bolsas do paraquedas foram arrancadas dele, rasgando nas costas e na virilha.

Seu avião dobrou ao meio como uma cobra com as costas quebradas, depois caiu, as asas subindo e tocando acima da cabine arrasada como se fosse uma pomba tentando bater as asas. Então se torceu de lado, caindo em pedaços.

Abaixo dele havia o ponto que era o homem que havia caído da gôndola, girando como um esguicho de jardim na direção da cidade brilhante bem abaixo.

Jetboy viu o avião cair sob seus pés. Ficou pendurado no espaço a 19 quilômetros de altura por uma das mãos.

Ele agarrou o pulso direito com a mão esquerda, se ergueu até colocar um pé na lateral, depois entrou.

Ainda havia duas pessoas dentro. Uma estava nos controles, a outra, de pé no centro atrás de uma grande coisa redonda. Enfiava um cilindro em uma reentrância nela. Havia uma torre de metralhadora esmagada de um lado da gôndola.

Jetboy procurou seu .38 de serviço preso sobre o peito. Foi uma agonia esticar a mão, uma agonia tentar correr na direção do sujeito com o detonador.

Eles vestiam escafandros. Os trajes estavam inflados. Pareciam dez ou doze bolas de praia enfiadas em ceroulas compridas. Moviam-se tão lentamente quanto ele.

As mãos de Jetboy se fecharam em garra sobre a coronha do .38. Ele o arrancou do coldre.

A arma voou de sua mão, ricocheteou no teto e saiu pelo buraco pelo qual ele havia entrado.

O sujeito nos controles disparou um tiro contra ele. Pulou na direção do outro homem, aquele com o detonador.

Sua mão agarrou o pulso do escafandro do outro homem enquanto ele empurrava o detonador cilíndrico na lateral do recipiente redondo. Jetboy viu que o equipamento todo estava apoiado em uma escotilha com dobradiça.

O homem tinha apenas metade de um rosto – Jetboy viu metal liso de um lado pelo capacete de mergulho gradeado.

O homem girou o detonador com as duas mãos.

Jetboy viu, pelo teto arrancado da cabine de pilotagem, outro balão começar a esvaziar. Houve uma sensação de queda. Estavam caindo na direção da cidade.

Jetboy agarrou o detonador com as duas mãos. Seus capacetes se chocaram enquanto a nave avançava.

O sujeito nos controles vestia um cinto de paraquedas e ia na direção da abertura na parede.

Outro solavanco derrubou Jetboy e o homem com o detonador. O sujeito esticou a mão para a alavanca da escotilha atrás dele o melhor que pôde com o traje pesado.

Jetboy agarrou suas mãos e o puxou de volta.

Eles caíram juntos sobre o recipiente, as mãos presas nos trajes um do outro e no detonador da bomba.

O homem tentou novamente alcançar a alavanca. Jetboy o afastou. O recipiente rolou como uma bola de praia gigante quando a gôndola se inclinou.

Ele olhou diretamente no olho do homem com roupa de mergulho. O homem usou os pés para empurrar o recipiente de volta para a escotilha de bomba. A mão foi novamente na direção da alavanca.

Jetboy deu meia-volta no detonador no outro sentido.

O homem com roupa de mergulho o pegou por trás. Sacou uma arma .45 automática. Arrancou uma pesada mão enluvada do detonador, controlou o deslize. Jetboy viu o cano se virar na sua direção.

– Morra, Jetboy! Morra! – disse o homem.

Ele apertou o gatilho quatro vezes.

DEPOIMENTO DO PATRULHEIRO FRANCIS V. O’HOOEY, 15 SET. 1946, 18h45 (CONTINUAÇÃO).

Então, quando os pedaços de metal pararam de cair, todos saímos correndo e olhamos para cima.

Vi o ponto branco abaixo do tal balão. Arranquei os binóculos do tenente.

Com certeza era um paraquedas. Esperava que fosse Jetboy que tinha saído quando o avião bateu na coisa.

Eu não sei muito sobre essas coisas, mas sei que você não abre um paraquedas tão alto ou se mete em problemas graves.

Então, enquanto eu assistia, os balões e tudo o mais explodiram, de uma vez. Eles estavam ali, então houve a explosão, e depois era só fumaça e coisas no alto.

As pessoas ao redor começaram a aplaudir. O garoto tinha conseguido – tinha explodido a coisa antes que pudesse jogar a bomba atômica na ilha de Manhattan.

Depois o tenente mandou subir no caminhão, que tentaríamos pegar o garoto.

Nós entramos e tentei descobrir onde ele iria pousar. Por toda parte que passávamos, as pessoas estavam de pé em meio a restos de carros, incêndios, tudo, olhando para o alto e aplaudindo o paraquedas.

Percebi a grande mancha no ar depois da explosão, quando estávamos circulando havia dez minutos. Os outros jatos que tinham estado com Jetboy haviam voltado, voando pelo ar, e também alguns Mustang e Thunderjug. Era como um espetáculo aéreo.

De alguma forma chegamos perto da ponte antes de todo mundo. Foi bom, porque quando fomos para a água vimos o sujeito caído a uns seis metros da praia. Ele despencou como uma pedra. Estava vestindo uma roupa de mergulho e nós nadamos e agarramos parte do paraquedas, e um bombeiro agarrou alguns dos tubos e o puxamos para a praia.

Bem, não era Jetboy, era um que identificamos como Edward “Smooth Eddy” Shiloh, um bandidinho.

E estava em péssima forma. Pegamos um alicate no caminhão de bombeiros, arrancamos seu capacete e ele estava roxo como uma beterraba. Havia levado 27 minutos para chegar ao solo. Desmaiou, claro, por falta de ar, e estava tão queimado de frio que ouvi que teria de arrancar um dos pés e tudo, menos o polegar da mão esquerda.

Mas ele pulou da coisa antes de explodir. Olhamos para cima de novo, esperando ver o paraquedas do Jetboy ou alguma coisa, mas não havia nada, só aquela grande mancha enevoada, com todos os aviões zunindo ao redor.

Levamos Shiloh para o hospital.

Este é meu relatório.

DEPOIMENTO DE EDWARD “SMOOTH EDDY” SHILOH, 16 DE SET., 1946 (FRAGMENTO).

(...) todos os cinco obuses em duas das bolsas de gás. Depois ele jogou o avião diretamente sobre nós. As paredes explodiram. Fred e Filmore foram arremessados sem os paraquedas.

Quando a pressão caiu, eu me senti como se não pudesse me mexer, o traje muito apertado. Tentei pegar meu paraquedas. Vi que o Dr. Tod estava com o detonador e enfiando-o na tal bomba.

Senti o avião cair para a lateral da gôndola. A próxima coisa que vi foi Jetboy de pé bem na frente do buraco aberto pelo avião.

Eu saco minha arma quando vejo que ele está armado. Mas ele perde a arma e vai na direção de Tod.

“Segure ele, segure ele!”, Tod está gritando pelo rádio do traje. Eu dou um tiro, mas erro, então ele está em cima de Tod e da bomba, e eu decido que meu trabalho terminou há cinco minutos e não estou recebendo hora extra.

Então saio e o rádio transmite todo aquele ranger de dentes e gritos, e eles estão lutando. Então Tod berra, saca a .45 e juro que ele colocou quatro tiros em Jetboy mais perto do que eu estou de você. Então eles caem juntos e eu pulo pelo buraco do lado.

Só que fui idiota e puxei a corda cedo demais, meu paraquedas não abre direito, se enrola e eu começo a desmaiar. Pouco antes disso a coisa toda explode acima de mim.

O que me lembro a seguir é de acordar aqui e ter um sapato sobrando, entende o que quero dizer? (...)

(...) o que eles dizem? Bem, a maior parte disso estava distorcido. Vejamos. Tod diz “Segure ele, segure ele”, e eu atiro. Depois eu fui para o buraco. Houve gritos. Eu só consegui ouvir Jetboy quando os capacetes deles se chocaram, pelo rádio do traje de Tod. Eles devem ter se chocado muito, porque ouvi os dois respirando pesado.

Então Tod pegou a arma, atirou quatro vezes e disse “Morra, Jetboy! Morra!”, eu pulei e eles devem ter lutado um segundo, e ouvi Jetboy dizer: